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Editorial
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – recentemente publicou uma atualização do perfil demográfico do país. Já somos 182 milhões de indivíduos, quase o dobro da população existente em 1970, que era de 93 milhões de pessoas. Sem dúvida, um crescimento notável. Mas, o que realmente chama a atenção é o envelhecimento da população brasileira, reflexo de um fenômeno mundial. Em nosso país os maiores de 60 anos hoje totalizam cerca de 15,4 milhões de indivíduos, representando quase 9% da população. No Brasil e em praticamente todos os países do mundo, assiste-se, neste final de milênio, a um acontecimento inédito em toda a história da humanidade: a explosão numérica dos idosos.
Um complexo conjunto de fatores constitui os determinantes do envelhecimento populacional. Inegavelmente, os avanços obtidos no combate às moléstias infecciosas e nos tratamentos das doenças degenerativas, típicas da velhice, têm contribuído decisivamente para a elevação da média de vida do ser humano. Em 1940, nossa expectativa de vida média situava-se nos 45,5 anos de idade. Em 2000, a esperança de vida do brasileiro ao nascer passou para 70,4 anos. As projeções nos informam que em 2050, viveremos em média 81,3 anos.
Quedas expressivas nas taxas de natalidade, relativa melhoria das condições gerais de saneamento básico, além de movimentos migratórios de jovens e idosos em certas regiões do país, completam o quadro das determinações de tão exuberantes efeitos demográficos.
O sério impacto econômico e social dessa mudança em nossa estrutura etária vem exigindo medidas urgentes para se buscar uma vida digna aos nossos velhos. A maioria dos idosos brasileiros vive em precárias condições de vida, quer do ponto de vista social, quer do ponto de vista financeiro. Enormes são as carências nas áreas de saúde, previdência, educação, cultura e lazer, entre outras.
Coerente com seu compromisso pelo bem estar dos trabalhadores do comércio, inclusive os aposentados, e da comunidade em geral, o SESC de São Paulo, em 1963, há 41 anos portanto, iniciou o programa Trabalho Social com Idosos. Iniciativa pioneira em nosso país, atualmente atende a aproximadamente 55 mil idosos em 50 cidades do Estado de São Paulo.
Uma permanente preocupação do SESC é fomentar o debate e a troca de experiências. Por isso, em novembro próximo estaremos promovendo em parceria com a Universidade de Barcelona, o Encontro Internacional de Gerontologia Social. Especialistas europeus e da América Latina que atuam nas áreas da pesquisa social sobre o envelhecimento, do atendimento à Terceira Idade e da formulação de políticas públicas e privadas para o setor, estarão reunidos em São Paulo para discutir os rumos da gerontologia. Em junho de 2003, nossa instituição se fez representar na primeira versão desse evento relatando as políticas brasileiras para o setor e, sobretudo, a história e a metodologia que desenvolvemos no atendimento à Terceira Idade.
Estamos certos que essa troca de experiências entre países latino-americanos e europeus do mediterrâneo contribuirápara a construção de um modelo de atendimento mais digno e eficaz para a Terceira Idade em nosso país, principalmente se considerarmos os laços históricos, étnicos e de afeto que unem esses povos.
Danilo Santos de Miranda - Diretor Regional do Sesc São Paulo