Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

Corpo

Corpo em atividade

Edição 2010 do Sesc Verão explora a teoria da corporeidade, pela qual o indivíduo é tomado como ser integral, em comunicação com o mundo por meio do movimento físico

Criado pelo Sesc São Paulo em 1996, o Sesc Verão vem desde então propondo a atividade física como instrumento de difusão de conceitos relacionados ao bem-estar, à qualidade de vida e à cidadania. A partir da sua sexta edição, em 2001, foram inseridas programações específicas e campanhas para a difundir um tema, sob o qual são desenvolvidas as atividades. Naquele ano, o slogan foi Corpo Legal, e, nos seguintes, Corpo Feliz; Escolha Seu Corpo; Corpo Ambiente; Jogos, Brincadeiras e Movimento; Tempo, Movimento e Qualidade de Vida; Esporte: Na Prática Todo Mundo Pode; Esporte e Comunidade; e Exercite Suas Inteligências e Faça Um Verão Diferente, no ano passado.

Em comum, todas as temáticas refletem os princípios do programa. “Independentemente do tema que trabalhe o Sesc Verão, tem alguns valores que fundamentam as atividades fisicoesportivas no Sesc”, explica a assistente da Gerência de Desenvolvimento Físico Esportivo do Sesc Regiane Cristina Galante. “Primeiro é sensibilizar as pessoas para a importância da prática da atividade fisicoesportiva, para os benefícios que essa prática traz à qualidade de vida, ao desenvolvimento das atividades da vida diária.” A partir dessa consciência individual, o Sesc propõe que as pessoas, ao se movimentarem, trabalhem como polos difusores. “A ideia é que todos transmitam isso para as suas famílias, para os indivíduos mais próximos, para os amigos, ou seja, envolvam a comunidade que os cerca”, afirma Regiane.
 
Ser comunicativo
Em 2010, o Sesc Verão dá mais um passo no estudo da cultura corporal e do movimento como possibilidade de desenvolvimento integral do indivíduo, com o tema Corporeidade. “De maneira simplificada, a teoria da corporeidade diz que o indivíduo é um ser integral e que por meio do movimento ele se comunica com o mundo, por isso ele se desenvolve”, informa a assistente da GDFE, referindo-se ao conceito criado pelo filósofo francês Maurice Merleau-Ponty. “A teoria vem em contraposição ao pensamento cartesiano [do filósofo, físico e matemático francês René Descartes, 1596-1650], que dividia o homem em corpo e intelecto, uma visão dualista, contraposta pela teoria da corporeidade, que diz que não existe corpo sem mente, nem o contrário.”

O professor de educação física da Universidade Federal do Pará (UFPA) e doutor em educação Wagner Wey Moreira, consultor da equipe da GDFE para o assunto, complementa esclarecendo que “o ‘conceito’ de corporeidade foi cunhado por Merleau-Ponty para dar ideia mais adequada do que significa corpo-sujeito e para demonstrar a relação dialógica entre corpo e mundo, pois um sem o outro é inconcebível”. Segundo o especialista, corporeidade seria então a própria consciência. “Só que não como atributo da mente”, ressalta Moreira. “Mas, sim, como um estado de alerta corporal que o indivíduo vai desenvolvendo em relação a si mesmo, aos outros, ao mundo e às coisas.”


Os princípios do conceito
O professor explica ainda que, na prática, uma “atitude” de corporeidade se dá por meio da vivência de seis princípios contidos na proposta. São eles: a percepção, a sensibilidade, a participação e inclusão, a cooperação, a criatividade e a superação. “É por meio deles que a teoria se fundamenta e o indivíduo se desenvolve”, retoma Regiane.

O primeiro deles, o da percepção, diz respeito à pessoa manter a consciência sobre si mesma e sobre o outro durante a prática fisicoesportiva. Em seguida, vem o princípio da sensibilidade, ou seja, estar sensível, também na prática esportiva, às suas necessidades, às suas limitações, sensível à presença do outro. O terceiro, o da participação e a inclusão, busca garantir a presença não somente dos menos habilidosos nessa ou naquela modalidade, mas também daqueles com limitações físicas – e que nem por isso precisam ficar de fora das práticas. O seguinte, o da cooperação, baseia-se no sentido de o indivíduo perceber que precisa do outro para chegar a algum resultado no jogo, na atividade. Já o princípio da criatividade diz respeito a incorporar diversos valores e, com isso, poder realizar novas propostas, novas ações, saídas para situações adversas. Por fim, há o da superação, que, como o próprio nome sugere, está ligada à exploração da capacidade humana de sempre alcançar melhores resultados.


Diversidade
A parte prática de toda essa teoria se traduz na própria programação que as unidades prepararam para esta 15ª edição do Sesc Verão. “Quando a gente fala de uma grade fundamentada nos princípios da corporeidade, falamos de possibilitar que cada frequentador, cada pessoa que participe das nossas atividades, entenda a sua motricidade, as suas possibilidades de movimento, como forma de aprendizagem permanente e de superação – seja de conhecimento, de desenvolvimento e principalmente no seu contato com as outras pessoas”, esclarece Regiane.

De acordo com a assistente, o programa é diversificado, incluindo além das modalidades esportivas e práticas físicas, outras formas de expressão. “Envolve as diversas linguagens presentes na programação do Sesc”, afirma Regiane. “É um princípio do Sesc Verão envolver as diversas linguagens e fortalecer o papel do Sesc como difusor de cultura.”

A assistente da GDFE ressalta que não podemos esquecer da corporeidade do próprio povo brasileiro. “A corporeidade é um conceito individual, mas, como brasileiros, a gente também desenvolve determinadas características comuns”, informa. “A capoeira, por exemplo, é uma das expressões mais características dessa corporeidade brasileira. O samba no pé também. Claro, um samba de um jeito, outro samba diferente, e assim por diante, mas isso porque cada corpo, cada indivíduo, tem a sua corporeidade. E também o futebol. Nenhum outro povo faz o que o brasileiro faz com a bola no pé.”

 


Labirinto do Corpo – Sesc Consolação
 
De 11 de janeiro a 27 de fevereiro, a unidade Consolação realizará o projeto Labirinto do Corpo, composto de instalações interativas, exposição e uma grade de atividades complementares voltadas a frequentadores de todas as idades. A primeira instalação, Corpos Em Movimento, estará na área de convivência e vai incluir aulas abertas, shows de música, espetáculos de dança, peças de teatro e palestras com temas diversos. Fará parte do módulo também uma exposição fotográfica com imagens de fragmentos de corpos.

Já a instalação Eu-Corpo, Seu-Corpo, Outro-Corpo, no Ginásio Vermelho, no segundo andar, vai abordar as diversas possibilidades de relação que o título sugere. A proposta é que cada pessoa pense sobre seu próprio corpo, a fim de entendê-lo melhor, mas que também reflita acerca de que forma o outro nos vê – para que, num terceiro momento, a coletividade entre em cena e os movimentos coletivos, aqueles que promovem a interação na comunidade, sejam explorados por meio de brincadeiras e situações de cooperação nas quais um depende do outro. Nesse espaço haverá a reprodução em escala gigante de um corpo alegórico, onde os visitantes poderão interagir com os núcleos expositivos. Por fim, na sala de leitura, no terceiro andar, haverá videogames, jogos de tabuleiros, caça-palavras e oficinas também tendo o corpo como tema central.

 

 


Um Corpo no Espaço – Sesc Pompeia
 
No Pompeia, o Sesc Verão virá com a proposta Um Corpo no Espaço (ilustrações). De 9 de janeiro a 7 de fevereiro, no Galpão, e de 9 de janeiro a 21 de fevereiro, no Ginásio Primavera, instalações interativas e demais atividades irão explorar as relações entre a astronomia e a corporeidade: a origem do homem, sua concepção e seu vínculo com o universo.

Para isso, a exposição se utiliza de duas situações bastante peculiares e emblemáticas para o homem: o embrião no útero, envolvido pelo líquido amniótico, protegido do meio externo, dentro de sua “nave-mãe”, ligado a ela pelo cordão umbilical.

Por outro lado o astronauta, solto no espaço, mas ligado à nave por um cabo, seu “cordão umbilical”, que lhe provê oxigênio e a comunicação. O feto, o astronauta, seja no útero ou no espaço, cada qual, à sua maneira, se conecta ao seu universo.

Nesse contexto, partindo da origem da vida, no útero, e a analogia com o astronauta, no ápice do desenvolvimento tecnológico, a instalação procura mostrar como se dá a corporeidade, a percepção da vida nas diferentes esferas, a sensibilidade para o sentido do coletivo, da cooperação nas relações humanas, na busca da superação não só individual, mas sobretudo coletiva, buscando um aprimoramento da humanidade.

A exposição aproveita a comemoração estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) do ano de 2009 como o Ano Internacional da Astronomia.

 


Sesc Thermas Presidente Prudente
 


Da vasta programação que a unidade Thermas Presidente Prudente preparou para o Sesc Verão 2010, algumas atividades surgem como destaques que devem atrair muitos interessados. Entre elas, estão dois espetáculos da companhia ParaladosanjoS, de Campinas.

O primeiro, ParaladiBom, com apresentações no dia 9 – na área de convivência, às 15h, e no gramado ao lado da piscina, às 17h – é um espetáculo aero-acrobático que promete fazer a plateia segurar o fôlego. Já o segundo, Tchu Tchu Tchu (foto), voltado mais ao público infantil e que será apresentado em 10 de janeiro, na área de convivência da unidade, conta a história de um casal de banhistas surpreendidos por um tubarão bem na hora de seu mergulho. Para se proteger da ameaça, o casal recorre a tecidos utilizados para aero-acrobacias com o auxílio dos quais realizarão diversas proezas suspensos no ar.

Na área fisicoesportiva, a unidade destaca a aula aberta de futebol americano programada para 23 e 24 de janeiro, no Parque do Povo.


 


Caminhada Histórica
Enduro a pé realizado pela unidade Carmo alia cultura a atividade física pelas ruas do centro de São Paulo
 
O Sesc Carmo vai realizar, no dia 25 de janeiro, dentro das atividades do Sesc Verão 2010, o Enduro – Centro Histórico, uma caminhada em grupo que solicitará dos participantes, de acordo com o técnico da unidade Humberto Peron Jr., as seguintes competências: trabalho em equipe, integração e planejamento. “O percurso será feito pelas ruas do centro da cidade, explorando diferentes pontos de interesse cultural e esportivo e que fizeram parte da história de São Paulo”, informa Peron. Os locais não podem ser divulgados porque descobri-los faz parte da prova. “Teremos três roteiros distintos, com até sete pontos de passagem”, esclarece.

A prova, com duração de duas a três horas, será realizada por grupos de três a seis pessoas e terá início às 9h, em frente à unidade. A cada ponto de passagem ao longo do trajeto, as equipes terão de realizar uma tarefa, que pode ser uma atividade física ou responder a perguntas de caráter cultural ou histórico sobre o local ou monumento onde estiverem. A cada acerto, será fornecido um carimbo aos participantes. Vence quem tiver o maior número de carimbos e também realizar a prova no tempo estipulado. O 1º, 2º e 3º lugares ganharão troféus e medalhas.

As inscrições vão de 5 a 20 de janeiro e são gratuitas. A equipe técnica da unidade espera reunir até 30 equipes. Mais informações com a unidade.