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Imagine um evento de lazer que reúna esporte e cultura. Agora imagine que esse evento acontece nos meses mais quentes do ano e tem como tema o verão. O resultado? Oitenta e quatro dias de jogos, brincadeiras e muita diversão

Todos os anos, quando o sol parece mais quente, os dias são mais longos e a gravata passa incomodar mais é sinal de que chegou a estação preferida de nove entre dez brasileiros. É época de tomar gelado, banho de mangueira, ficar até tarde na rua e depois dormir de janela aberta. O verão também combina com férias, com Natal sem neve, Reveillon na praia, Carnaval... e, há quatro anos, com Sesc, mais especificamente com o Projeto Sesc Verão. "Já se cria uma expectativa entre o nosso público quando se aproxima o verão", começa a explicar Maria Luiza Sousa Dias, gerente de desenvolvimento físico-esportivo do Sesc (GEDF). "E o que é mais importante a ser ressaltado sobre o projeto é que no decorrer de suas atividades nós temos a satisfação de não só atender essa expectativa, mas também superá-la".

O Sesc Verão, que vai até o dia 28 deste mês, tem como objetivo valorizar a sociabilização entre os participantes, alertando para a importância do lazer, difundindo esportes diferenciados e oferecendo alternativas saudáveis de entretenimento para crianças e jovens durante as férias. Tudo acompanhado por muita informação sobre cuidados com a saúde do corpo e da mente. O Sesc Verão é um dos eventos do Sesc que mais reforça a noção de parceria entre suas diversas unidades, tanto da capital quanto do interior.

Para o sucesso de mais esse projeto, o Sesc não mediu esforços: interagiu com toda a cidade. "A tônica do projeto é, e sempre foi, a realização de atividades físicas", retoma Maria Luiza. "Jogos, brincadeiras, enfim, atividades de lazer". De acordo com a filosofia do projeto e a experiência adquirida nesses quatro anos de Sesc Verão, os meses de dezembro a fevereiro é muito propício para que se induza o indivíduo à pratica de atividades físicas. "As pessoas estão voltadas para isso, para atividades ao ar livre, para o lazer. Muitas pessoas também estão de férias, com a cabeça desimpedida. Há um intuito de procurar atividades prazerosas", argumenta Maria Luiza.

 

Sempre alertas

No entanto, o verão também atrai os chamados atletas de ocasião: sedentários que passam o ano todo espiando o sol pela janela do escritório e cuja única atividade física é caminhar até a garrafa de café. No tempo livre, essas pessoas insistem em achar que um mês, uma semana ou até mesmo um sábado e um domingo são suficientes para colocar o condicionamento físico em dia. "Algumas pessoas nos procuram querendo saber se há cursos que durem somente o mês de janeiro, pois em fevereiro ela já não poderá mais comparecer", lembra José Roberto Ramos, assistente da GEDF. "E isso nos preocupa", completa Maria Luiza. "Daí a ênfase que nós damos à orientação das práticas físico-esportivas", salienta. Avaliações físicas e conversas sobre saúde – "que não podem ser chamadas de palestras porque o que as pessoas querem agora é conversar mesmo", brinca Maria Luiza –, aparecem freqüentemente entre as atividades englobadas no projeto. Outro exemplo importante foi a distribuição de um panfleto com dicas de verão e cuidados na praia, piscina e campo entregues nas recepções das unidades e demais eventos do projeto. Panfleto, aliás, que não só prova a preocupação da entidade com a informação por trás do evento como também acentua o caráter de intercâmbio entre as unidades uma vez que a produção do material ficou a cargo de uma comissão formada por técnicos da capital, interior e litoral (algumas informações do box Verão Numa Boa foram tiradas desse folheto).

 

A abertura

Dia 6 de dezembro de 1998, o Sesc Itaquera recebeu cerca de seis mil pessoas para a abertura oficial do Sesc Verão 99. A chuva atrapalhou um pouco no início, mas no decorrer do dia o saldo foi positivo. Cerca de 20 atividades preencheram a programação numa espécie de vitrine do que a entidade preparou para esta edição do evento. "Geralmente, no lançamento, procuramos oferecer uma mostra do que vai acontecer no decorrer do projeto", explica José Roberto. "E o Sesc Itaquera, embora não seja a única, é uma unidade que permite devido ao seu espaço privilegiado".

Uma das grandes atrações do Sesc Itaquera é, sem dúvida, seu enorme parque aquático. Porém, este ano, as piscinas, toboáguas, cascatas e borbulhas tiveram de dividir atenção com a programação realizada "a seco", ou seja, fora das piscinas. Escaladas, skate, bike, patins, canoagem, balão cativo (preso ao chão), atividades corporais e artísticas ocuparam todos os espaços da unidade e o cantor, sinônimo de festa, Jorge Ben Jor levou sua mistura de samba e funk a um público eufórico.

 

Verão para todos
os gostos

Os amantes do esporte mais popular do mundo não ficaram desamparados no verão do Sesc. A unidade campestre de Interlagos preparou uma programação especial para o Sesc Verão 99. Entre 10 de janeiro e 16 de fevereiro, a unidade realiza o Projeto Rio & São Paulo – Futebol e Música. São partidas de futebol e apresentações musicais com representantes dos dois Estados. Os que pensam que esse evento pode acirrar a rivalidade entre as duas capitais, enganaram-se, pois o objetivo é envolver todos no espírito de comemoração do aniversário das cidades: os 434 anos do Rio de Janeiro completados no dia 20 e São Paulo, completados cinco dias depois, que assoprou 445 velinhas.

O projeto reserva, ainda, finais de semana agitadíssimos com shows do Língua de Trapo (no dia de abertura), Eduardo Dusek, Gabriel o Pensador e ainda lendas do samba como Neguinho da Beija-Flor, Royce do Cavaco, Demônios da Garoa e Dona Ivone Lara, além de uma exposição de fotos. Um verão cheio de atividades que incluiu também avaliações físicas, aulas de hidroginástica, dança de rua e muita recreação no parque aquático da unidade.

Ainda na capital, o Sesc Pompéia, a exemplo das demais unidades, aproveitou todos os espaços de suas dependências. A temática da unidade foi Água e Saúde – Estação Verão, mas a área da piscina não foi o único palco. Aulas abertas, cursos especiais, shows musicais e minitorneios agradaram a todos os gostos. Foram dezenas de atividades voltadas para crianças, jovens, adultos e terceira idade. Shows musicais no deck, como o da Orquestra Paulista de Soul; um espaço lúdico com aulas de bumerangue, arco e flecha, patins e frisbee para crianças e danças de salão para os mais velhos.

No Sesc, o público de terceira não ficou parado nesse verão. As aulas de danças gaúchas no Pompéia foram de 12 a 22 de janeiro e a cada dia o número de alunos aumentava. "Começamos com 22", explica Nórton do Carmo, bailarino e professor de dança. "No dia seguinte, contávamos com 42 e no outro 45!", espanta-se. Nórton conta que sua experiência com a terceira idade fez com que percebesse que se trata do público mais animado e assíduo. "Eles quase não faltam e não se cansam nunca", confessa.

Dona Lázara, de 62 anos, durante a aula, olhou para a amiga e, diante da dificuldade em pegar o passo, soltou um sonoro DE-SIS-TO. Mas o ritmo fala mais alto e segundos depois lá estava ela fazendo de seu verão um salão de baile.

 

Verão sem piscina?
Tudo bem!

A ausência de uma piscina nunca foi e nem será impedimento à diversão em algumas das unidades do Sesc Pinheiros, por exemplo, recheou seus espaços com oficinas e pequenas palestras que deixaram as férias e as tardes livres cheias de bons momentos. "Água é importante no verão, mas obviamente não é tudo", define Maria Luiza. "O fato de uma pessoa ir a uma unidade, fazer uma aula de dança, ginástica ou participar de uma oficina faz com que ela saia bem de lá. Com a mesma sensação prazerosa de quem acabou de sair de uma piscina."

As crianças da oficina de brinquedos, uma das quase 20 programadas para o projeto, pareciam não se importar com bóias, sol ou mergulhos naquele momento. Superentusiasmados por estarem confeccionando seus próprios carrinhos e bonecas, os pequenos, de oito a 12 anos, mal sabiam o que escolher para concretizar seus projetos, tamanha era a variedade dos materiais. Papel, espuma, folhas de poliuretano, colas e cores. As irmãs Paola e Paloma, de 7 e 8 anos, tinham idéias diferentes, mas a euforia era a mesma. "Eu estou fazendo um EuroDisney igual ao que eu vi na França", entusiasma-se Paloma. "Uma vez eu fui à casa de uma amiga minha e o quarto dela era cheio de brinquedos. Daí ela me contou que tinha feito a maioria, foi quando eu pensei em fazer também", conta. Já Eduardo, 11 anos, tentava fazer um caminhãozinho. Um dos mais "velhos" da turma, Eduardo analisou a importância de lugares destinados ao lazer nas férias: "Eu não posso viajar porque meu pai trabalha de domingo a domingo, mas não importo porque eu faço coisas legais aqui no Sesc Pinheiros, no Pompéia, Interlagos".

As unidades do interior não deixaram por menos e preparam uma gama de atividades para esquentar ainda mais o clima. O Sesc Rio Preto, por exemplo, desenvolve um programa de vivências práticas, aulas teóricas e abordagens sobre a saúde e a qualidade de vida no verão. A unidade oferece ainda o grande Baile Sesc Verão 99, com diversas bandas ao vivo. Além dessa atividade, a unidade garante a diversão com as aulas de dança de salão; clínicas de rafting, perfeitas para lugares com rios navegáveis, aulas de nado sincronizado, pesca, escalada, speed jump (uma variação do já famoso bung jump) e muito mais para todos os gostos e idades.

BOX-1

Domingo no parque

Como parte da programação do Sesc Verão 99, e com grande destaque, o evento Jogos nos Parques agitou a capital no domingo dia 10 de janeiro, levando diversas modalidades esportivas a todos os parques da cidade. O mesmo aconteceu no dia 17 nos parques do interior do Estado.

Em São Paulo, o Parque da Independência, o Chico Mendes (na região de São Caetano), o da Água Branca, o da Aclimação, o Parque do Carmo e o Horto Florestal foram divididos entre as unidades da regional de São Paulo do Sesc que levaram técnicos, animadores e infra-estrutura para uma leitura moderna e saudável de um verdadeiro domingo no parque.

O Sesc Ipiranga, que tem como hábito ocupar o belo espaço do Parque da Independência, próximo à unidade, promoveu, entre outras atividades, um Grand-Prix de carrinhos de rolimã e futebol na rua e ainda apresentou às crianças jogos bem conhecidos dos adultos de hoje, como bolinha de gude, pião e amarelinha. O pessoal da unidade de São Caetano ocupou o Parque Chico Mendes com jogos de futebol, vôlei e frisbee, enquanto o Sesc Pompéia preenchia cada espaço do Parque da Água Branca com aulas de ginástica, partidas de taco e queimada.

O Horto Florestal recebeu os técnicos do Sesc Consolação e agitou o pessoal da zona norte. As unidades Pinheiros, Santo Amaro e Interlagos "acamparam" no Parque do Ibirapuera e nas quadras de tênis, além do esporte original, foram ensinados também frisbee, frescobol, fut-tênis e até peteca. "A chuva nos atrasou um pouco pela manhã,", conta Cláudia, técnica do Sesc Santo Amaro, "mas nós conseguimos realizar todas as modalidades propostas e talvez seja preciso até esticar um pouco o horário para depois das 13 horas". Esticaram.

O tênis parecia ser a grande atração daquele domingo no Ibirapuera. Afinal, não é sempre que se encontra rede, raquete e bolinha dando sopa e orientadores prontos para desvendar os mistérios dessa prática tida como inacessível devido ao alto custo do esporte. O pewee, tênis para crianças, deu ao dia uma das cenas mais engraçadas e cativantes. "Toquinhos de gente" com cerca de dois ou três anos se viam às voltas com raquetes que praticamente tinham seu o tamanho e adultos dispostos a fazê-los se sentir verdadeiros campeões. Alessandra Marques da Silva, de 4 anos, nunca tinha visto uma bola de tênis antes. Seu pai jura também que ela nunca tinha mostrado predileção pelo esporte, mas o fato era que a menininha não parecia querer sair dali tão cedo. Já Fábio, que se orgulha de seus "quatro anos e meio", não se fazia de rogado entre os "gigantes" com os quais brincava de basquete. Sob os olhos orgulhosos do pai e os atentos dos técnicos do Sesc, o garotinho mal se importou se apareceria ou não na revista. Ao responder seu nome e sua idade, fez questão de dizer que "adora" basquete.

O frisbee também ganhou uma atenção especial com a presença de Fernando Miguel, campeão francês e 5º lugar no ranking mundial, que salientou a importância de iniciativas como a do Sesc. "Falaram-me pouco do trabalho do Sesc", confessa o campeão, "mas pelo que estou vendo aqui hoje é um trabalho muito bonito. É importante para divulgar todos os esportes. No meu país se faz isso. Eu gosto muito". Quem tirou o brilho do atleta foi uma figura inusitada que afanava, sorrateiro, os discos de frisbee no ar, roubando as atenções. Tratava-se de Brutus, um labrador de dois anos, calorento e babão, que ao passar por ali com seu dono, resolveu "jogar" uma partidinha. O único problema é que a cada vez que Brutus tinha sucesso na pegada, saía correndo, driblava todo mundo num surto de Garrincha e nunca mais devolvia o disco ao jogo.

BOX-2

Verão numa boa

Verão é bom, claro! É época de piscina, praia, banho de rio. Mas tudo tem de ser feito com cuidado. Caso contrário, o verão vai embora e os problemas ficam.

Exposição ao Sol

Até às 10 horas e após às 16 horas

 

Alimentação

Um dos pontos que merecem mais atenção nesse verão. Os especialistas recomendam a alimentação em pequenas quantidades e várias vezes ao dia. Frutas e legumes são riquíssimas fontes de vitaminas. Cuidado também ao conservar ou congelar alimentos.

 

Água de piscina, praia ou rio

Toda a atenção é bem-vinda em qualquer um desses ambientes. Levar em conta a limitação de cada um e nunca bancar o sabe-tudo. Na piscina ou na praia procure sempre o salva-vidas. Ele é quem melhor conhece a região e pode dar as melhores orientações. Especialmente na praia, evite costeiras e pedras, bóias e demais materiais flutuantes. Na piscina, procure lugares e profundidades que sejam compatíveis com sua altura, não corra e evite saltar perto da borda da piscina. Se tiver preferência pela natureza e água doce, procure se informar sobre a profundidade e correnteza dos rios, assim como se no local existem pedras ou embarcações. Não entre em áreas reservadas para atividades de barcos a motor como jet sky, lanchas ou balsas.

 

Hidratação

No verão, a transpiração aumenta. Para evitar a desidratação procure ingerir, no mínimo, dois litros de água ou suco por dia.

 

Informações retiradas do folheto "Sesc Verão, um verão de lazer no Sesc", distribuído em todas as unidades da instituição.