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Carta ao leitor
São Paulo comemora seu aniversário de 450 anos e, de fato, há muito o que festejar: a pequena vila fundada por jesuítas transformou-se na maior e mais rica cidade do país. A metrópole de hoje, porém, apresenta muitos problemas de difícil solução, como a precariedade de condições de vida da enorme massa de habitantes da periferia, que, a duras penas, lutam para sobreviver com dignidade. Embora a mobilização popular tenha conseguido promover algumas mudanças na relação do poder público com os mais pobres, o abismo que se formou ao longo dos séculos ainda impede o acesso da população carente a direitos básicos como saúde, moradia, cultura e lazer.
A reportagem de capa desta edição procura mostrar um pouco da realidade atual da capital paulista, onde vêm sendo desenvolvidos vários projetos voltados para a melhoria da qualidade de vida. Ao mesmo tempo que nas áreas periféricas as pessoas se organizam em mutirões de construção da casa própria ou para conseguir atendimento decente de saúde, o programa de revitalização do centro da cidade busca não só recuperar prédios que integram o patrimônio histórico mas também criar condições para que essa região volte a atrair moradores, depois do êxodo que sofreu nas últimas décadas. Também os sem-teto – contingente que não pára de crescer – são alvo de preocupação. Tanto a prefeitura quanto entidades da sociedade civil têm se empenhado na tarefa de proporcionar abrigo e oportunidades de conseguir renda própria àqueles que perderam tudo, até a esperança.
Falamos ainda de um pedaço da metrópole que já foi famoso, mas atualmente sofre com o abandono: a Boca do Lixo. Reduto de marginais de todo tipo e apelidada de Quadrilátero do Pecado por ser também zona de prostituição, a Boca, nas décadas de 1960 e 70, era o centro da produção cinematográfica nacional. Nomes famosos ajudaram a criar a aura de glamour do lugar que anos mais tarde ficaria conhecido como Cracolândia, devido ao comércio e consumo de drogas.
Outro destaque deste número é a entrevista exclusiva com o economista Celso Furtado, lembrado para o Prêmio Nobel pela importante contribuição de seu trabalho tanto no Brasil quanto em organismos internacionais.