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O Preço do Suor

Os 9,84 segundos que tornaram o canadense Donovan Bailey o ser humano mais rápido do mundo têm, por trás da marca assombrosa, muito treinamento e, principalmente, muito dinheiro envolvidos. Percorrer cem metros a uma velocidade média de 33 quilômetros por hora demanda dedicação exclusiva, anatomia irrepreensível e alguns milhares de dólares para custear o atleta.

A preparação do esportista de ponta, aquele preparado para quebrar recordes, implica um ônus que extravasa o valor financeiro. O atleta profissional, para alcançar os resultados desejados, despreza várias bonomias da vida em troca de um cotidiano recatado que dispensa exageros. Depois, as competições exaustivas acarretam inúmeras lesões que restringem a vida útil do competidor.

Mas todos os óbices enumerados expõem a outra face gloriosa. A carreira sacrificante pode levar o bem-sucedido aos píncaros do Olimpo. Dessa forma, após trespassar o calvário, o candidato a Deus é entronizado pela mídia e pelo público. Passa a fruir de vida abastada e de reconhecimento. O investimento inicial é revertido em prol do esportista, acrescido, ainda, de juros e benfeitorias.

Este, entretanto, é o relato da trajetória profissional da nata dos atletas. No caso específico do futebol no Brasil, menos de 1% dos jogadores alcança o topo do sucesso. Mas como ficam os outros 99%? E a população comum, interessada na prática esportiva como instrumento de obtenção de saúde e de prazer? Esta, em alguns casos, despende igualmente quantia considerável para atingir o bem-estar. Além disso, são inúmeras as atividades que proporcionam satisfação física e mental por meio de exercícios físicos. Do golfe à caminhada, passando pelos esportes coletivos e pela musculação, colocar o corpo para funcionar tem preços, condições e filosofias diversas, mas a atividade física, por mais insignificante que possa parecer, torna-se condição imprescindível para um dia-a-dia apropriado.

Mesa, Bolinha e Raquete

Criado a partir de uma subversão do tênis tradicional, o tênis de mesa normalmente é associado ao Oriente. No Brasil, os principais jogadores são descendentes dos países do leste asiático. Popularizado sob o nome de pingue-pongue, pratica-se o onomatopaico esporte em praticamente todos os clubes e associações. Embora todos nós conheçamos um ás da raquetinha, imbatível nos jogos a 21, quando o tênis de mesa é jogado sob as regras oficiais e por atletas dedicados, o campeão da escola não vê a cor da bolinha.

Quem atesta a dificuldade de recepcionar um saque proferido por um verdadeiro mesatenista é o ex-hepta-campeão paulista Marcos Yamada. Atualmente instrutor da modalidade, ele explica as dificuldades de um esforçado aspirante transformar-se em um atleta de nível olímpico. Para atingir o estágio máximo, Yamada desencoraja os interessados. "Quem nunca jogou a sério, chega ao clube cheio de vícios e, se não há um trabalho iniciado na infância, fica muito difícil consertar."

Por outro lado, o cioso treinador tem preparada uma lista que enumera alguns dos benefícios inerentes ao quicar frenético da bolinha. Abrindo a missiva, a frase lapidar enuncia o espírito do esporte: "O futebol é o esporte mais popular, porém o tênis de mesa é mais gostoso de se praticar".

Ao enaltecimento nada modesto seguem-se os tópicos persuasivos. Dentre eles, a melhora da circulação sangüínea, desenvolvimento da velocidade de raciocínio e coordenação motora, melhora da visão e queima acelerada de calorias. Para concluir, segundo Yamada, o tênis de mesa é considerado um dos esportes que mais utiliza o cérebro.

Saudável, sem dúvida, a prática da modalidade demanda alguns custos ao aficionado. Com intento apenas lúdico, os equipamentos necessários não agridem o bolso do jogador. Uma partida disputada na mesa de uma escola sai em torno de R$15,00 divididos entre várias pessoas, já que os equipamentos podem ser utilizados bem mais de uma vez Já para a prática de alto nível, os preços vão às alturas. Uma raquete chega a custar perto de R$ 200,00, uma mesa R$ 350,00 e a bolinha R$ 5,00. Agora, imagine em um treinamento ao estilo oriental em que são utilizadas algo em torno de 500 bolinhas.

Malhando no Happy Hour

O interesse pela modalidade vem crescendo bastante. Por isso, várias clínicas estão sendo ministradas para familiarizar o público com o esporte. O Sesc Pompéia promoveu duas delas no mês de outubro e, devido à grande procura, a unidade tem planos para a realização de outras.

Mas não é só o tênis de mesa que cativa a atenção dos usuários da entidade. Graças à excelente infra-estrutura, muitos esportes podem ser praticados nas dependências do Sesc. O público eclético costuma corresponder aos apelos da saúde e lota as salas de aulas em busca de instrutores preparados e de preços acessíveis. Os horários do fim da tarde são, sem dúvida, os mais concorridos. Um exemplo importante ocorre nas aulas de ginástica voluntária do Sesc Carmo. As classes lotadas obrigaram a abertura de novas turmas que não param de crescer.

No curso fica flagrante a multiplicidade de estilos, idades e interesses. Homens e mulheres dividem o mesmo espaço despejando muita energia sob a batuta da instrutora Maria de Fátima Soares. "As pessoas que procuram as aulas buscam não só a estética. Elas querem algo mais. Aqui, os alunos trabalham uma gama de trabalhos corporais. Fazemos um pouco de tudo. Na verdade, procuramos dar autonomia para que eles possam repetir os exercícios em casa."

Walter Troccoli, 63 anos, é assíduo nas aulas da professora Fátima. Aficionado por exercícios corporais, ele comparece religiosamente às aulas do Sesc Carmo desde 1991. Funcionário no departamento de recursos humanos em uma empresa no Centro, Walter aproveita a hora do rush para fazer um happy hour. Só que em vez de sentar em uma mesa de bar, queima as calorias na aula de ginástica. "Aqui termina minha tensão diária. Como meu trabalho é muito sedentário, procuro me movimentar para manter a linha." O aluno dedicado garante que pretende continuar na ginástica até o físico permitir. "Espero que ainda dure bastante", suspira.

Após o horário da ginástica voluntária, entra a turma do tai chi chuan, uma das inúmeras artes marciais que privilegiam a auto-defesa e propiciam o relaxamento físico e mental. O esporte é indicado por médicos e fisioterapeutas às pessoas que sofrem de problemas posturais ou mesmo para aliviar o estresse da cidade. Os movimentos lentos e calculados emitem uma grande sensação de bem-estar. De acordo com a filosofia da luta, a harmonia surge como fator essencial da conduta.

Foi justamente esse fato que motivou Ana Lúcia Pinheiro a procurar o tai chi há dois anos. "Tinha um problema na tireóide e o médico sugeriu uma atividade física. Resolvi entrar no curso de tai chi e realmente obtive melhoras significativas no quadro geral de saúde. Estou mais equilibrada e mais calma."

Por trás dos benefícios naturais gerados pela atividade física, as pessoas procuram o Sesc por outro motivo de igual relevância: o financeiro. As aulas e cursos ministrados pela instituição apresentam preço até 70% abaixo do mercado. Porém, mesmo cobrando valores acessíveis, a qualidade não decai. Ao contrário. Os professores e instrutores responsáveis pelos cursos esportivos detêm acurado preparo teórico e responsabilidade para lidar com grupos tão divergentes de pessoas. Mais do que apenas transmitir os conhecimentos, os técnicos ajudam na construção dos hábitos dos alunos, demonstrando a importância de certos comportamentos que extravasam a simples boa forma física.

As Emoções da Quadra

De fato, o curso de ginástica voluntária sai por R$ 10,00 para os comerciários e por R$ 21,00 para usuários matriculados. Os preços abrangem duas sessões semanais. Já o tai chi chuan fica por R$ 16,00 e R$ 33,00, respectivamente. Há, na verdade, muitas opções para quem quer manter a saúde em dia. Os esportes coletivos são muito procurados pelas pessoas que querem se iniciar no basquete, vôlei ou futsal. E é justamente para estimular aqueles que não possuem técnica avançada que o Sesc privilegia a prática esportiva como meio de sociabilização e aprendizado corporal. Assim, relega-se a competitividade a um segundo plano, em detrimento do ensino dos rudimentos do esporte.

Nos horários da tarde, as crianças dominam as quadras. No Sesc Consolação, por exemplo, onde as aulas são gratuitas, inclusive para crianças não matriculadas, o divertimento é uma constante. Nas aulas de iniciação de basquete o instrutor Ricardo de Oliveira Silva lista os benefícios da prática esportiva. "O basquete melhora a capacidade aeróbica e dá mais equilíbrio, além disso, por ser um jogo coletivo, exercita a sociabilização e a cooperação. Mas, aqui no Sesc, não visamos o elemento de competitividade. Este é secundário para nosso padrão."

Fabrício Prates dos Santos, 14 anos, parece não se importar muito com locubrações teóricas. Desde março no curso, ele admite que não tinha a mínima noção do jogo quando fez a primeira aula. "Não sabia nem arremessar", lembra. Com apenas alguns meses de prática, no entanto, já foi indicado para as aulas de aperfeiçoamento, sob o comando do ex-jogador Rosa Branca. Modesto, ele explica que as aulas do Sesc não influenciam a sua performance na escola. "Jogo meu basquete", despista, com linguajar próprio do boleiro. E, nem a pouca altura, característica física que costuma depor contra o jogador, assusta o garoto. "Posso jogar como armador, que não precisa ser muito alto." Comprovando sua teoria, cita alguns "baixinhos" , astros da liga profissional norte-americana, a NBA.

Companheira de Fabrício, Renata Romão, 12 anos, também não se destaca pela altura, mas, segundo o professor, foi uma das alunas que mais evoluiu durante as aulas. Renata afirma que não perde uma aula e não se importa em jogar no meio de tantos meninos. Um pouco envergonhada, diz que se tiver chance pretende jogar em algum clube, mas certifica que não é essa sua prioridade. "O importante é a confiança que eu tenho, ganhar o respeito dos meninos e tal. Eu quero continuar a jogar e a fazer exercícios."

Esportes Radicais

Os esportes coletivos têm maior destaque no Pompéia e no Consolação. No Ipiranga ocorre o maior afluxo de jovens e seus esqueites e patins in line, além disso, alguns esportes não-convencionais encontram amplo espaço na unidade. Normalmente, esses esportes, denominados radicais, podem ser praticados em locais públicos como ruas e praças, mas os equipamentos utilizados pesam em qualquer orçamento.

No surfe, ao preço das pranchas soma-se o valor inexorável da viagem ao litoral. Afinal sem as ondas...

Luiz Fernando Magalhães, presidente da Associação Universitária Paulista de Surfe, viaja quase todos os fins de semanas para Ubatuba, onde costuma exibir seus dons. Tuí, como tornou-se mundialmente famoso, contabiliza os gastos com o esporte. "Uma boa prancha custa em torno de R$ 300,00. As roupas especiais de neoprene, R$ 120,00. Os acessórios mais R$ 50,00. Para chegar até Ubatuba (distante cerca de 180 quilômetros da capital), gasto em média um tanque e meio de combustível e, como tenho casa lá, não despendo nada com alojamento. Mas uma pousada razoável sai por cerca de R$ 40,00 por fim de semana fora de temporada."

Como se pode inferir, a partir dos gastos do surfista, flutuar em uma prancha sobre as ondas depende de uma boa disponibilidade financeira. Por outro lado, Tuí assegura que não troca o pior fim de semana na praia pelo melhor feriado em São Paulo. "É uma verdadeira terapia. Apenas o fato de sair da loucura de São Paulo já compensa todos os custos. Depois, qualquer programa que você faz na cidade acaba gastando mais ou menos o mesmo."

É verdade. O exercício físico aliado à presença da natureza estimula o espírito e filtra o ar poluído dos pulmões. Outras atividades físicas também podem contar com a agradável presença da natureza. As caminhadas nos parques da cidade, além de prazerosas, normalmente não requerem investimentos volumosos. Normalmente um tênis confortável, um shorts e uma camiseta bastam.

Em contrapartida, há outras atividades que necessitam de equipamentos caros. É o caso do golfe, considerado um dos esportes mais elitistas do mundo. Estigmatizado como jogo de milionários, o esporte tem pouca penetração no Brasil. Seus praticantes precisam estar, obrigatoriamente, vinculados a algum clube filiado à Federação Paulista de Golfe. E, segundo Felipe Almeida, um dos mais jovens entusiastas do esporte, o alto preço das jóias dos clubes desmotiva novos interessados. "O equipamento custa em torno de US$ 600,00 para alguém que esteja iniciando. Mas é muito duradouro". Compõem a parafernália ideal 14 tacos, sacola própria, bolas, sapato com travas, o apoio para as bolas e as luvas. Quando o jogador atinge um nível mais graduado, gasta-se perto de US$ 3500,00.

No Brasil, calcula-se que existam cerca de 6000 praticantes e a Confederação Brasileira pressente um incremento gradativo nesse número. Felipe, de apenas 15 anos, aspira ao profissionalismo e, por isso, está com passagem marcada para os Estados Unidos, onde além de terminar os estudos, vai treinar golfe. Indagado sobre a pecha de "jogo chato" que paira sobre o esporte, o prodígio retruca: "Pratico seis dias por semana, de três a seis horas diárias. Faço isso desde os dez anos. Cada vez que vou ao clube, perto da represa de Guarapiranga, deixo para trás a agitação da cidade. A cada partida eu ando sete quilômetros, portanto me exercito bastante, além da higiene mental. Você acha que eu iria perder meu tempo tentando fazer entrar uma bola no gol?".

Como na Idade Média

Não tão elitista quanto o golfe, porém também identificado com o dinheiro, o tênis vive um boom de popularidade graças à recente conquista de Guga Kuerten no Aberto da França. O primeiro obstáculo aos participantes está no preço do aluguel da quadra. Depois, as raquetes também têm preço elevado. E pior. O tênis é um esporte que requer técnica para executar os golpes adequados, portanto é imprescindível o auxílio de um instrutor.

Segundo o técnico do Tenisesc, José Luís Ferreira, o custo de uma raquete e uma lata de bolinhas sai em torno de R$ 160,00. Em clubes e academias a hora/aula pode custar até R$ 35,00. No Sesc, além do curso custar três vezes menos, o material é cedido gratuitamente. Raquetes e bolinhas são emprestadas aos alunos que as devolvem no fim da aula. "Essa política motiva muitas pessoas a freqüentarem as aulas", afirma o professor.

Cláudia Bolara acaba de completar o curso para iniciantes e, se houver vagas disponíveis, está ansiosa para se inscrever no curso adiantado. "Comecei a praticar tênis porque meu namorado joga e não queria ficar para trás. Além disso, aqui é perto de casa e os preços são muito bons."

Tênis e golfe situam-se em um extremo: o dos esportes mais improváveis e mais expensiosos. Nesse mesmo rol encontra-se a esgrima, que simula uma luta com espadas. De uma beleza plástica louvável, os dueladores atracam-se com três tipos de armas brancas: a espada, o sabre e o florete. Cada uma delas tem uma característica peculiar que remonta à origem do esporte na Idade Média. Apesar de pouco difundida no Brasil, a Federação Paulista conta com alguns filiados que treinam com afinco visando a disputa de torneios importantes, dentre eles os Jogos Olímpicos.

Para defender o esporte diante do público leigo, levanta a voz um dos integrantes da equipe brasileira, Marco Antônio Travizani Martins: "As pessoas têm uma visão da esgrima como sendo um esporte muito caro. Na verdade, se compararmos a outros, existem alguns muito mais elitizados. A compra do material completo, que permite você colocar seu filho praticando esgrima, não sai por mais de US$ 500,00. E é um material que pode durar de 3 a 4 anos."

Do ponto de vista histórico, a esgrima carrega mais tradição que o futebol, pois ela acompanha há cem anos os Jogos Olímpicos. Em âmbito nacional, o futebol, é claro, tem muito mais relevância, principalmente o futsal, a modalidade com o maior número de praticantes do país.

Mesmo sem dispor da popularidade do primo rico, o futebol de campo, o esporte da bola pesada vem se desenvolvendo bastante, principalmente a partir do último campeonato mundial realizado na Espanha. Alexandre Oliveira atua pelo Ribeirão Pires, equipe que disputou o último campeonato estadual. Não obstante a imensa popularidade, o jogador afirma que são poucas pessoas que conseguem sobreviver apenas com o salário dos clubes. Aos 24 anos, ele assume grande carga de responsabilidade ao treinar três equipes universitárias masculinas e uma feminina, simultaneamente. (Aliás, as mulheres representam uma grande parcela dos praticantes de futebol e começam, inclusive, a rivalizar com os homens no número de jogadores).

Somando-se todos os estipêndios, Alexandre amealha uma renda mensal de R$ 2300,00, mas que não lhe abre muitas perspectivas para o futuro. "Adoro treinar as equipes, principalmente as universitárias em que os jogadores jogam por absoluto amor à camisa e aos colegas. É uma satisfação imensa acompanhar a evolução dos times e, quando vencemos, a alegria é muito grande".

Os conhecimentos aplicados nas equipes, o jovem treinador apreende das aulas do último ano de educação física. Para os engajados no esporte, o futebol (como as outras modalidades) universitário é uma alternativa excelente para praticar um exercício. As faculdades geralmente custeiam a infra-estrutura e pagam a inscrição nos campeonatos. Assim, os alunos participam de treinos organizados e adquirem vivência de competição, que normalmente são bastante acirradas.

Aos que não dispõem dessa regalia, o aluguel de uma quadra de futebol soçaite (um pouco maior que a quadra de futsal), na média, custa R$ 120,00 por hora e tornou-se uma febre na cidade. A cidade, de fato, está bem servida de espaços privados para jogar uma bola ou fazer cooper. Fora do âmbito particular, a alternativa de se fazer um esporte ou atividade física em locais públicos escasseia em São Paulo. Um ou outro parque suprem a carência. No entanto, a prática orientada por profissionais capacitados fica restrita a escolas e instituições. O poder público, que deveria fomentar a boa saúde da população, oferece poucos espaços para o exercício saudável. As prioridades oficiais, infelizmente, apenas tangenciam a necessidade comprovada da atividade física.

Esporte Consciente

A boa saúde não depende diretamente da prática esportiva e das atividades físicas, como as exercidas nas aulas de Educação Física, propriamente dita. Um estilo de vida ativo imprimido durante as atividades diárias gera um benefício muito grande. O programa Agita São Paulo, desenvolvido pelo médico Victor Matsuda, vem pregando esse tipo de comportamento entre as pessoas. Um dos coordenadores do Agita exemplifica as situações em que uma vida menos sedentária melhoram a qualidade de vida. "O ideal seria se o indivíduo tem a possibilidade de usar a escada em vez do elevador ou mesmo deixar o carro na garagem e comprar pão a pé. As atividades diárias leves ou moderadas, de forma constante, contribuem de forma significativa na qualidade de vida e na saúde das pessoas, sendo as atividades ideais para contenção dos fatores de risco."

Segundo Douglas, existem estudos mostrando que pessoas que têm um estilo de vida mais ativo demonstram hábitos corriqueiros mais saudáveis. "Assim, esses indivíduos comem mais frutas e legumes, utilizam com mais freqüência o cinto de segurança, melhoram o humor e apresentam menores índices de hipertensão e diabetes, por exemplo." É interessante frisar que os benefícios citados decorrem tão somente de um estilo de vida mais ativo e não, necessariamente, da prática de atividades físicas.

Deve-se diferenciar a atividade física do esporte. "O esporte é uma espécie de atividade física que tem como característica a competição. E pode trazer vários benefícios aos praticantes. A recomendação é que a pessoa pratique esporte durante o decorrer de toda a vida, ou seja, todo dia ela deve preencher a agenda com atividades físicas, e a isso se inclui lavar o carro ou fazer jardinagem. Mas o fato que mais observamos são as crianças e adolescentes se dedicarem a apenas uma atividade específica e, o mais grave, com caráter de competição."

A experiência aponta que em um processo de desenvolvimento contínuo, torna-se natural a criança abandonar aquela prática por absoluto fastio. O correto seria apresentar-se às crianças uma multiplicidade de alternativas para que ela se decida em um momento mais propício. O Sesc, ciente da importância da atividade física para o bem-estar do cidadão, compartilha do pensamento vigente e oferece aos filiados muitas possibilidades para as crianças se iniciarem nos esportes. "Cada unidade do Sesc tem uma característica diferente. Em virtude das peculiaridades, inclusive arquitetônicas, define-se uma programação voltada ao público", explica o assistente da gerência de apoio operacional I Rui Martins de Godoy. "E o objetivo central da atividade física e esportiva visa educar socialmente as pessoas através dessa atividade. Assim, o esporte para nós se caracteriza como um processo de trabalho para que o público adquira a educação social.

Dessa forma, o Sesc não se preocupa com a formação do atleta. "O atleta, para nós, é o atleta social", ratifica Rui. A preocupação da entidade está em doar à pessoa o conhecimento a par que ela possa manter a prática esportiva com autonomia. O estágio ideal é atingido quando o usuário incorpora a filosofia esportiva e passa a se beneficiar dela mesmo longe do Sesc. "É isso que nos difere muito dos clubes, que visam precipuamente forjar atletas para competição."

Além disso, atende-se a várias categorias de públicos. Desde a primeira infância, quando são ensinados os rudimentos dos esportes, até a Terceira Idade, que se exercita por meio das atividades físicas como a caminhada, ginástica voluntária e os esportes adaptados. Todos os recursos disponíveis são aplicados para proporcionar, através da prática saudável, a qualidade de vida.