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Territórios da criação
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UM PANORAMA ATUAL DAS PRODUÇÕES
DE ARTE NA BAIXADA SANTISTA
As cidades da Baixada Santista, no litoral sul paulista, têm algo em comum além da localização geográfica. A região é, hoje, um terreno fértil para artistas com trabalhos em diferentes linguagens, técnicas e suportes. Até 20 de novembro, parte dessas criações pode ser apreciada na exposição inédita PORTOS – Processos Orientados via Território e Ocupações Santistas, idealizada pela equipe técnica da programação do Sesc Santos, em parceria com a curadora Ilana Goldstein, antropóloga e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Um dos principais propósitos da mostra é dar visibilidade não somente aos criadores que nasceram nos municípios de Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe e Cubatão – e seus territórios indígenas –, mas também aos que trabalham nessas localidades, tenham vivido nelas ou cujas obras dialogam com elas”, explica Ilana Goldstein. “O recorte da curadoria teve alguns eixos, e um deles foi a conexão entre o artista e o território da Baixada Santista.” (Leia mais no boxe Embarque imediato)
Assim, a mostra também apresenta ao público a ampla produção artística local, que ainda possui poucas alternativas de salas expositivas. “Normalmente os espaços de arte são muito mais numerosos nas capitais, e as exposições, mesmo aquelas que passam por Santos, muitas vezes são planejadas em outros lugares”, avalia a docente. “Em tempos de pandemia, é um bom caminho para os equipamentos culturais, para os coletivos, buscar essa atuação mais próxima.”
FORMA E CONTEÚDO
A partir desse olhar, foi possível selecionar uma gama heterogênea de trabalhos, que passeiam pela arte contemporânea, autodidata e indígena, por exemplo, e primam pela representatividade. Dos 61 artistas presentes na exposição – em meio a um levantamento inicial com mais de 300 nomes –, seis são indígenas. Para realizar esta seleção, a curadoria contou com a colaboração de Cristine Takuá, professora e artesã do povo Maxakali, e Carlos Papá, realizador audiovisual Guarani Mbya, curadores convidados da Aldeia das Terras Indígenas do Rio Silveira, localizada na divisa entre Bertioga e São Sebastião.
“A ideia é apresentar linguagens e técnicas artísticas variadas, de forma horizontalizada, sem hierarquizações – com obras que vão do site specific e abstracionismo a trabalhos com escamas de peixe e barcos de madeira”, pontua Aline Stivaletti Barbosa, técnica de programação cultural do Sesc Santos. Outro recorte fundamental tem a ver com o conteúdo das obras. “Do ponto de vista social, os temas dos trabalhos trazem questionamentos caros à arte contemporânea, como a questão da pandemia da Covid-19, a precariedade de moradia, a diversidade de corpos e o impacto da ação humana no meio ambiente.”
Maurício Ianês. Fronteiras, s/d. Vinil adesivo, dimensões variadas. Núcleo Terra | Crédito: Rodiney Assunção
EMBARQUE IMEDIATO
EXPOSIÇÃO OFERECE UM PASSEIO POÉTICO
POR SÍMBOLOS DA REGIÃO
Trabalhos em xilogravura, cestaria tradicional, fotografia, videoarte, desenho, escultura e grafite, entre outros, fazem parte da mostra PORTOS, que é dividida em quatro núcleos. O primeiro, intitulado Mar, é voltado para a navegação e o porto, profundamente ligados à história e ao cotidiano das cidades da Baixada Santista; o segundo e o terceiro núcleos, que se interligam, estão focados nas formas de habitar a Terra e a Cidade, com suas paisagens natural e urbana; o quarto e último, Retratos, alude à diversidade étnica e social, aos diferentes sujeitos que habitam o território e a suas relações.
“Na primeira sala da exposição, há uma sugestão de visita. Pensando nas embarcações, rotas e sinalizações, o público poderá percorrer o espaço olhando para as semelhanças ou diferenças encontradas entre as obras, traçando possíveis diálogos”, destaca Flávia Paiva, curadora educativa da exposição, que também conta com uma rádio online.
A proposta dessa rádio é trazer entrevistas mensais com artistas presentes na exposição. O público também é convidado a compartilhar uma história ou memória enviando um áudio gravado, que será agregado a um conjunto de depoimentos que ecoa pela mostra.
Para agendar sua visitação, acesse: sescsp.org.br/santos ou baixe o APP Credencial Sesc SP no Google Play ou na App Store.
Para fazer um passeio em realidade virtual pela exposição PORTOS, acesse: bit.ly/conteudodigitalPORTOS
Para ouvir a programação da rádio PORTOS, acesse: https://linktr.ee/educativoportos
Marcos Piffer. Pintura das linhas do campo | Vila Belmiro, Santos, SP, 2018. Impressão com pigmentos minerais sobre papel Performance. Núcleo Retratos | Crédito: Bruna Quevedo
Fred Casagrande. Sem título, 2011. Pigmento mineral sobre papel. Núcleo Cidade | Crédito: Bruna Quevedo
Jhoni Morgado. Intervenção urbana em manutenção: O Juízo Final, 2021. Pintura mural. Núcleo Cidade
Laércio Alves. O bonde do amor e da liberdade, 2021. Escultura em arame. Núcleo Cidade | Crédito: Bruna Quevedo
Foto 1: Wilson Santos. Dique da Vila Gilda - Palafitas, 2021. MDF e madeiras reutilizáveis. Núcleo Cidade
Foto 2: Elizeu Werá Tukumbo da Silva e Thiago Verá Benites da Silva (Aldeia Rio Silveira – Bertioga | Etnia Guarani) Bichinhos, 2021. Madeira caxeta. Núcleo Terra
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Coletivo (a)gente. Fotografia de Maurice Pirotte. Invasões poéticas, 2020, pigmento mineral sobre papel. Núcleo Cidade
Elisabeth Ruivo. Sem título, 2021. Cerâmica. Núcleo Mar | Crédito: Bruna Quevedo
Tubarão dulixo. Punk my carroça, 2016. Madeira, papel e sucata. Núcleo Retratos
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Marcus Cabaleiro. Pescador de ilusões, 2016. Pigmento mineral sobre papel. Núcleo Mar
Ildefonso Torres Filho. Sem título, 2010. Acrílica sobre papel, 32,5 x 48 cm. Núcleo Mar
Gilda Figueiredo. Barcos entre guinchos I e II, 2000. Acrílica sobre tela. Núcleo Mar | Crédito: Bruna Quevedo
Ildefonso Torres. Alfândega I, 2005. Acrílica sobre tela. Núcleo Mar
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Marcus Cabaleiro. Gratidão, 2019. Pigmento mineral sobre papel. Núcleo Retratos
Fred Casagrande. Sem título, 2015. Pigmento mineral sobre papel. Núcleo Retratos | Crédito: Bruna Quevedo
Fulvia Rodrigues. A serenata Sr. Perereca Araponga (Hypsiboas albomarginatus), 2017.
Pigmento mineral sobre papel. Núcleo Terra
Foto 1: Fulvia Rodrigues. Surpresa da tarde Cobra Cipó (Chironius fuscus), 2020. Pigmento mineral sobre papel.
Foto 2: Fulvia Rodrigues. Tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus) (filhote), 2018. Pigmento mineral sobre papel. Ambas do Núcleo Terra