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Projetos esportivos e culturais

Contrário à idéia de que a educação de um indivíduo começa e termina dentro dos limites das salas de aula, o Sesc vem desenvolvendo junto a algumas delegacias de ensino da capital e do interior de São Paulo projetos que integram uma programação educativa informal, com o objetivo de complementar o que é realizado pelas escolas. "Quando nós trabalhamos com o conceito de educação informal e as escolas com o de educação formal, há uma integração perfeita porque a entidade, a partir de suas unidades, possui instalações, profissionais capacitados e um perfil dinâmico para proporcionar atividades que as escolas dificilmente teriam condições de realizar sozinhas", explica Maria Lúcia Freire de Paula, coordenadora de programação do Sesc Itaquera.

Na unidade de Itaquera, a parceria entre o Sesc, as delegacias de ensino e as instituições sociais da região se consolidou, primeiramente, pela necessidade de abrir espaço para que as escolas da Zona Leste tivessem acesso aos bens culturais e a facilidades instrumentais carentes na comunidade. Segundo Maria Lúcia, "está sendo bastante satisfatório atender a todas essas pessoas de forma criativa e interessante e, principalmente, associar-nos a esse trabalho educacional que elas desenvolvem".

Dentro dessa filosofia, os Campeonatos Escolares, realizados durante todo o ano, envolvem três delegacias de ensino municipais e duas estaduais a partir de atividades esportivas e culturais, atendendo, por ano, cerca de 30 mil alunos. A programação, além de proporcionar jogos e desafios para os escolares, dá assistência aos professores através de workshops sobre educação ambiental e cursos de arbitragem para que eles estejam atualizados em relação às regras de diversos esportes e, com isso, possam promover competições internas nas suas escolas.

A quebra do espaço virtual

Outro projeto realizado na unidade de Itaquera, durante os dias 3, 4 e 5 de setembro, o Desafio Escolar, nasceu de uma parceria entre o Sesc e o jornal O Estado de S. Paulo por intermédio do programa Estadão na Escola. A partir de um diálogo direto com as escolas públicas e particulares utilizando o computador como ferramenta, o jornal transforma suas matérias em pautas para que sejam trabalhadas pelos estudantes.

O Desafio Escolar, que já acontece há três anos, serve para que as cerca de 60 escolas que participam do programa do Estadão quebrem a barreira imposta pela comunicação virtual e se encontrem fisicamente através de atividades esportivas e culturais. "Uma das características importantes desse projeto é que as competições não têm apenas o valor competitivo, mas também um aspecto de cooperação e intercâmbio entre as escolas e os participantes. Sob esse aspecto, nós tomamos muito cuidado porque o Sesc não pode abrir mão da sua tarefa educacional, mesmo que ela seja realizada de maneira informal", enfatiza Maria Lúcia de Paula.

Assim, antes do início do programa, houve uma reunião conceitual com todos os professores envolvidos.

Durante os três dias, cerca de 5 mil pessoas se distribuíram entre jogos esportivos, circuitos aquáticos, espaço de arte, grafitagem, redação de jornal e caça ao tesouro da informação. Camila da Cunha, 15 anos, estudante da Instituição Dinâmica de Ensino, de Lençóis Paulista, participou do núcleo jornalístico que tinha como objetivo a produção de um jornal, através do colhimento de informações relacionadas ao Desafio Escolar. "O meu grupo tentou retratar temas universais, como a questão do lixo, do meio ambiente, da expressão do jovem através da arte e da globalização. A Internet também foi tema, porque o Desafio quebra a barreira imposta pelo computador. O título da manchete do nosso jornal é Plugados ou Não?", conta.

A democratização dos bens culturais

Na unidade do Paraíso, iniciou-se a partir do dia 2 de setembro o projeto Passeio Cultural - Caminho das Artes, idealizado para atender à rede de escolas do interior, a partir do convênio entre o Sesc, a Secretaria de Estado da Cultura e as Prefeituras Municipais. "A atividade consiste em visitas a museus de São Paulo com o objetivo de dispor ao público do interior o equipamento cultural que a cidade possui", explica Marcos Antônio Scaranci, animador sociocultural do Sesc Paraíso. Além dessa preocupação, o projeto firma-se sobre a ação educativa, tendo o turismo social como pano de fundo para o desenvolvimento da cidadania, a melhoria da qualidade de vida, a democratização da cultura e a integração entre as populações do Estado.

Passeio Cultural - Caminho das Artes teve a solenidade de abertura realizada no Palácio dos Bandeirantes, com a participação de cerca de 1200 crianças, e destaca o Memorial da América Latina como ponto de encontro das escolas. A visita ao Museu do Ipiranga, ao centro velho da cidade, a parada para almoço no Sesc Carmo e, no período da tarde, a possibilidade de escolha entre o Museu de Arte Sacra, a Pinacoteca do Estado, o Museu da Imigração e o Museu de Arte Moderna faz parte da programação.

"As crianças se envolvem com esse tipo de projeto porque quando elas estudam a Independência do Brasil, por exemplo, só têm o contato com o que aconteceu através das ilustrações dos livros. Com a visita ao Museu do Ipiranga, podem ter a dimensão concreta desse fato histórico", afirma Marcos Scaranci.

Diferentemente do Desafio Escolar, que envolvia alunos da 8a série ao 3o colegial, o Sesc Pompéia abriu as portas do Projeto Curumim, desenvolvido há 10 anos na unidade e destinado a crianças de 7 a 12 anos, para as escolas da rede pública de São Paulo. A partir do dia 5 de setembro, todas as sextas- feiras serão reservadas à visita de escolares em dois períodos: das 9h às 12h e das 14h às 17h.

No primeiro dia de atividades, cerca de 60 crianças da Creche Primavera, localizada no Jardim Educandário, dividiram-se entre duas oficinas, uma artística e outra corporal, uma pequena apresentação de teatro e um passeio monitorado pela unidade com o objetivo de contar um pouco a história do Sesc Pompéia. "Como o tema do mês de setembro foi Tecnologia, na oficina artística as crianças montaram um robô de sucata e na oficina corporal criaram sons e movimentos através do que chamamos máquina humana. O espetáculo Em Algum Lugar do Passado, do grupo Caixa de Imagens, também tratou do tema, utilizando os recursos de um fotógrafo lambe-lambe", conta Doris Sathler Larizzatti, responsável pelo Curumim.

Bruno Carvalho, de 7 anos, passa o dia inteiro na creche onde desenha, brinca com os colegas, almoça e recebe as primeiras noções de alfabetização. Como as outras crianças, era a primeira vez que visitava a unidade e, na ocasião, entretia-se na Ludoteca, com brinquedos de encaixe, enquanto esperava o teatro infantil começar. Para todas as crianças da Creche Primavera, o passeio e a oportunidade de participar das oficinas e das atividades desenvolvidas pela equipe do Curumim eram uma novidade que despertou euforia. Para Lilia Barra, coordenadora dos públicos especiais do Sesc Pompéia, "o conceito desse trabalho está ligado à educação informal e nós encontramos com essas visitas uma forma de mostrar o Curumim a essas escolas para que elas desenvolvam esse tipo de atividade e assim possa existir um intercâmbio de experiências."