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Manish Jain


Foto: Leila Fugii.

Formado em Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT), o educador indiano Manish Jain promove a desmistificação de questões acerca de educação e aprendizagem, principalmente depois da experiência como aluno dessas tradicionais universidades e depois de atuar em agências internacionais, como a Unesco, e instituições como o Banco Mundial, bagagem que lhe rendeu outra perspectiva sobre o tema. Com um pé na terra natal e outro nos demais continentes, Manish leva a diversos países ocidentais e orientais

uma troca de experiências. Todas elas sobre como repensar formas de ensinar a partir da imaginação e da criatividade, baseando-se em suas experiências nas organizações indianas Shikshantar e Swaraj University. “Na Universidade Swaraj, aceitamos como alunos pessoas que tenham vontade de transformar seu cotidiano e o mundo. Em vez de estudantes, os chamamos de Khoji, ou seja, exploradores”, explica. Esta e outras vivências foram compartilhadas pelo educador durante sua passagem por São Paulo, em novembro do ano passado, no Sesc Bom Retiro.
 

A revolução

Desaprender é praticar a desconstrução de conceitos. Uma ideia é pensar prosperidade e riqueza. Não vem do dinheiro, mas das relações, da natureza, da interação com a comunidade e com o meio. E o conhecimento? É o que encontramos na universidade e nos livros? É importante ter consciência das armadilhas que criamos para nós mesmos e, dessa forma, desaprender estereótipos e preconceitos. A Índia é uma grande experiência para o “desaprender”, porque é um verdadeiro caos. E, nessa situação, encontramos maneiras de dançar com o caos e passamos a sentir que a criatividade nos move para a autorrevolução.

O sistema não vai mudar, então, o que proponho em meus encontros é que cada um de nós se questione: Quem sou eu? Qual meu propósito? Como eu me conecto com meus desejos e sentimentos?

 

NOVOS MODELOS DE EDUCAÇÃO

QUE BUSQUEM DIFERENTES TIPOS DE

INTELIGÊNCIA SÃO BEM-VINDOS

 

Índia e Brasil

Uma mentira que nos contam é quando se referem aos nossos países como “em desenvolvimento”. Qualificando-nos como violentos e dependentes de modelos externos. Na Universidade Swaraj [centro educacional indiano voltado para culturas, economias e naturezas regionais], nós aceitamos como estudantes pessoas que tenham vontade de transformar o cotidiano e o mundo. Não é obrigatório ser alfabetizado. Não há processos seletivos nem diplomas. Em vez de alunos, os chamamos de Khoji, ou seja, exploradores. No último levantamento, contabilizamos mais de mil Khojis e 900 empresas que aceitaram contratar quem vivenciou a experiência não tradicional em nossa universidade. Temos que aprender a revalorizar experiências,

livrar-nos da competição. Buscamos apoiar pessoas para que sejam mestres de suas vidas e não escravas de um modelo econômico e de aprendizagem.
 

Assista ao vídeo com Manish Jain:


(Re)Imaginar

Sinto que há uma grande crise no planeta, e a maneira como a gente tenta enfrentá-la, usando política e planejamento estratégico, não é a solução. Precisamos de maneiras diferentes de pensar e sentir. Um novo mindset que altere nossa concepção de inteligência para lidarmos não apenas com o racional, mas com o corpo, com a natureza, com as relações. Outra mudança é ouvir a natureza. Novos modelos de educação que busquem diferentes tipos de inteligência são bem-vindos. A vida está acontecendo ao nosso redor. Precisamos estar abertos e atentos ao seu movimento.

 

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