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São Paulo como notícia


Fabíola Cidral. Foto: Leila Fugii.
 

Sair do ensolarado litoral santista rumo à multicultural metrópole paulistana foi uma mudança decisiva para a carreira da recém-formada em Jornalismo Fabíola Cidral. Hoje, quase duas décadas depois, ela celebra longevidade nas ondas do rádio, veículo onde já trabalhou como redatora, repórter, produtora, apuradora e âncora. Há oito anos, a jornalista assumiu o comando como apresentadora do programa CBN São Paulo, transmitido de segunda a sábado, pelas manhãs. Com carisma, ela consegue se aproximar dos ouvintes – uma média de 100 mil por minuto –, seja com notícias de grande impacto social, seja com comentários otimistas, característica que a define no estúdio, entre os colegas, assim como o bom humor.
 

SE A GENTE É CAPAZ DE SE TRANSFORMAR, TAMBÉM É CAPAZ  DE TRANSFORMAR A CIDADE ONDE VIVE, E ESSE É MEU PROÓSITO NO DIA A DIA DO JORNALISMO
 

Contar e ouvir histórias

Trabalho na CBN há 18 anos, sou mãe e acho que é muito importante dizer isso hoje, porque ser mãe muda muito nossa visão de vida e nosso modo de agir e pensar, o que tem me conectado de outra maneira com o jornalismo, com a cidade de São Paulo e com o Brasil. Sou apaixonada por jornalismo. Acho que me tornei jornalista quando comecei a falar. Eu ficava com minha avó, pelas tardes, e ela me contava histórias. Adorava ouvi-las e as de que eu mais gostava eram as reais. Principalmente as histórias de transformações de vida. Para mim o jornalismo é simplesmente isso: contar e ouvir histórias. É isso que mais me apaixona em minha profissão e é o que faço no meu trabalho. No rádio, temos essa possibilidade e também a proximidade com as pessoas, uma conversa diária, e isso é muito gostoso.
 


Fabíola Cidral. Foto: Leila Fugii.

Festa no busão

Teve um episódio com um ouvinte que só comprova que as pessoas sonham e fazem São Paulo ser melhor a cada dia. O título do e-mail que recebi era: “Festa no busão”. Até fiquei com medo de abrir a mensagem. Nela, o ouvinte conta que pega uma determinada linha de ônibus todo dia e aquele era o dia do aniversário do cobrador. Os passageiros resolveram, então, fazer uma festa surpresa. Levaram bolo, salgadinho, bexigas e me mandaram foto dessa festa dentro do ônibus. Outro ouvinte fez um parque na Zona Leste porque ali não tinha árvores. A prefeitura foi lá e destruiu, ele foi lá e fez de novo. Então, acho que [na cidade] tem tanta coisa encantadora... A gente tem que se apegar a isso. Porque, se a gente é capaz de se transformar, também é capaz de transformar a cidade onde vive, e esse é meu propósito no dia a dia do jornalismo.
 

Assista aos vídeos deste Encontro:


 

Relação com o ouvinte

Acaba sendo uma relação íntima. Parece que as pessoas acompanham sua vida. E também acho que é da postura que levo para o rádio. Encaro o rádio como se fosse minha casa. Porque eu realmente fico tão à vontade no estúdio que parece que estou conversando com minha família, meus amigos. Aí o feedback que recebo também é esse. Gosto muito de sair do estúdio e fazer programas com plateia, que é quando eu também tenho esse encontro com o ouvinte, esse retorno olho no olho. É muito bom porque acabamos nos conhecendo. Tem quem ache que é minha amiga íntima. O que os ouvintes mais me falam é que desejam uma cidade mais acessível, uma mobilidade melhor, uma cidade mais limpa, mais verde, mais acolhedora em seus espaços de lazer e convivência, sem falar de educação e saúde, pontos que sempre aparecem quando falamos de sonhar a cidade.
 

O futuro em ondas

O rádio é uma força incrível por mais que digam que vai acabar. Ele se renova. Tanto que a grande novidade desses últimos tempos é o podcast, que é o rádio de antigamente. Aquela conversa mais íntima, mais direta. Parece até que aquilo foi feito para você. A molecada hoje em dia é fã de podcast. A gente vai se renovando e esse é o trabalho: aprender o que há de novo. As emissoras de rádio já chegaram a ter uma audiência absurda, mas diminuiu. A CBN tem, em média, 100 mil ouvintes por minuto. Temos uma audiência bem abrangente no estado de São Paulo porque as pessoas querem saber a notícia do dia e esse é o motor. Acho que ainda estamos discutindo de maneira muito frágil o futuro do rádio. Eu, pessoalmente, tenho muita vontade de ter mais programas com plateia. Acho que essa pode ser uma saída. Porque o futuro do rádio é voltar às raízes, às conversas, estar presente. E a redução do público tem que ser aceita. Vai ser cada vez mais um nicho, um grupo.

 

Fabíola Cidral esteve presente na reunião do Conselho Editorial da Revista E no dia 14 de março de 2019.

 

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