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Deslizar pela cidade

Modalidade esportiva, meio de transporte e de diversão, o skate interage com a metrópole e se consolida um elemento onipresente nos espaços urbanos

Foto: Zé Carlos Barreta


Criado nos anos 1960, na Califórnia (Estados Unidos), o skate ganhou o mundo. No Brasil, o esporte se popularizou e já soma 8,5 milhões de praticantes, segundo a Confederação Brasileira de Skate (CBSk). Tamanho alcance resultou em sua inclusão nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Porém os significados e atribuições dessa prancha, originalmente, sobre quatro rodinhas, transcendem a competição para dialogar com outras esferas do espaço público. O skate ocupa e ressignifica a metrópole não só como meio de locomoção, mas também como forma particular de flanar pela cidade e interagir com ela.

Skatista profissional desde 2012, e autor do projeto e documentário Flanantes (disponível no YouTube), Murilo Romão aposta na interação do skate com a arquitetura das cidades. “Tem gente que prefere andar apenas nas pistas, mas, no meu caso, desde que comecei a praticar, aos 11 anos, nunca mais consegui ver a cidade da mesma forma, e sempre tive essa vontade de descobrir novos lugares para andar”, conta. Dessa maneira, o skatista desenvolveu uma intimidade com o lugar onde vive e por onde transita todos os dias. “Penso que, em cima de um skate, você pratica a cidade, e talvez consiga perceber melhor algumas coisas que de dentro de um transporte motorizado não perceba. É como um passeio sem filtro e bem intenso”, complementa.

Foto: Zé Carlos Barreta

Cair e levantar
Em São Paulo, são muitos os espaços públicos ocupados pelos amantes, e curiosos, do skate. Desde a marquise do Parque Ibirapuera, a Praça Roosevelt, o Parque da Juventude, a Avenida Paulista... E a lista não para por aí. Em janeiro, foi inaugurada uma pista da modalidade street no 21º andar do Farol Santander, novo espaço cultural no Centro da capital paulista. O projeto foi assinado pelo skatista Bob Burnquist, presidente da CBSk e um dos principais profissionais brasileiros dessa modalidade.

Nas unidades do Sesc São Paulo, o skate também marca presença. Seja em atividades monitoradas em pistas fixas ou temporárias ou mesmo em oficinas para confeccionar seu próprio skate (confira o boxe Entre um flip e outro). No caso da unidade do Sesc Itaquera, um público assíduo de todas as idades – a partir de seis anos – frequenta a pista, resultado do projeto Espaço Skate, que compôs a programação da campanha Move Brasil 2016. “Como na região não havia nenhum equipamento de qualidade, e fixo, a pista foi construída em novembro de 2016 e se tornou muito importante para a comunidade local. A gente oferta, além do espaço, a monitoria dos instrutores da unidade e faz o empréstimo do material [skate e capacete] – o que promove a prática de crianças, pais e jovens”, conta o monitor de esportes do Sesc Itaquera Anderson Tadeu.

Além de instrumento para conhecer a cidade, chegar ao trabalho ou mesmo suar a camisa, o skate é capaz de promover educação e cidadania, como explica o diretor executivo do Instituto Barrichello, William Boudakian. A entidade sem fins lucrativos trabalha a atividade física e o brincar como ferramentas para o desenvolvimento humano. Em março, o instituto promoverá a vivência Muito Além do Skate, no Sesc 24 de Maio.

“O skate traz uma possibilidade para esta geração [crianças e jovens] de expressar e testar seus limites. Uma pista de skate é o palco ideal, pois eles trabalham a perseverança, formam laços de amizade, aprendem a cair e a se levantar e podem experimentar um papel social saudável, que dialoga com o espaço urbano e, assim, se apropriam melhor da cidade, dos parques e ambientes comunitários”, destaca.

Entre um flip e outro

Documentário, pistas para prática, curso e oficinas convidam
diferentes idades a se aventurar nesta prancha sobre quatro rodas

 

Construção de Skate Cruisier com LAB 74
Sesc Parque Dom Pedro II
Tendo como base o desenho tradicional, sem curvatura e com madeira rígida, a oficina proporciona aos participantes acima de 18 anos conhece e experimenta todos os processos de fabricação de um skate cruisier, entre os dias 3 e 4 de março. Eles aprenderão desde a escolha do material, cortes, borda, lixa, tratamento, instalação de trucks e rodinhas, até ajustes e testes. Ao final da atividade, cada pessoa leva o shape produzido para casa. As aulas serão ministradas pela equipe LAB74, escola de design que já formou mais de quatro mil alunos. Inscrições podem ser feitas no site sescsp.org.br/festa.


Muito Além do Skate
Sesc 24 de Maio
Nesta vivência ministrada por educadores do Instituto Barrichello, a experimentação do skate vale para todas as idades. As aulas serão entre os dias 2, 3 e 4 de março e o público irá além do aprender ou desenvolver as habilidades do skate. “Nosso foco é desenvolver vivências com brincadeiras e atividades específicas que estimulem as habilidades básicas para a prática do skate. A ideia é gerar uma experiência positiva e divertida para as crianças que terão o primeiro contato. Para aqueles que apresentarem certo conhecimento serão desenvolvidas dinâmicas mais desafiadoras”, explica o educador do Instituto Barrichello Assef Ribeiro. Não é necessário trazer skate, e as aulas serão gratuitas.


Oficina de Customização de Skate
Sesc Sorocaba
O público frequentador do Sesc Sorocaba tem a oportunidade de usar a criatividade nesta oficina, que será realizada no Espaço de Tecnologias e Artes da unidade, no dia 11 deste mês, às 15h. Sob orientação da equipe do Ratones Arts, os participantes poderão criar a arte de seu shape, usando materiais diversos, como canetas e tintas.
É necessário fazer a inscrição prévia e
as vagas são limitadas.


Skate Park
Sesc Campo Limpo
Interessados de todas as idades (a partir de seis anos) têm a oportunidade de conhecer e de praticar uma das mais novas modalidades olímpicas.
Essa atividade vai até dia 31 de março e é gratuita, com empréstimo de skates e capacetes, bem como orientações de um profissional da modalidade e dos instrutores da unidade.

Série HiperReal
Sesc TV
No episódio A Invenção da Roda, que será exibido pelo Sesc TV nos dias 8, 10, 13, 14 e 15 de março (canal 128 da Oi TV ou pelo site www.sesctv.org.br/aovivo), o diretor Kiko Goifman entrevista skatistas brasileiros sobre o universo que abrange essa prática. Em questão, como é a vida de quem anda de skate e interage com a cidade. O episódio compõe a série HiperReal, um caleidoscópio de histórias de jovens e seus ideais na metrópole contemporânea.

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