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SescTV entrevista Ingrid Leão
Como surgiu o convite para gravar o curta?
Surgiu através de um outro curta que estávamos fazendo, em que o Maike (diretor de Ingrid) fazia o Making of. Nos conhecemos assim, e durante os ensaios descobrimos que morávamos na mesma cidade e ele me chamou para conversar e me fez a proposta se queria participar de um trabalho dele. Sem piscar eu aceitei.
E como foi para você gravar o curta?
Super tranquilo e natural. Ficamos em um apartamento vago um dia inteiro, eu e mais umas 4 ou 5 pessoas da equipe. Estava nervosa pelo fato que nunca tinha ficado nua para um monte de gente ao mesmo tempo, mas os meninos me deixaram tão a vontade que por aquele dia eu comecei a ver meu corpo não com auto crítica, mas sim com olhar de gratidão. Gratidão por eu ser exatamente quem sou, da maneira como sou. Aquele dia me senti livre, me senti eu.
Agora, depois do filme, como está sua vida? Mudou?
Mudou no sentido de amor próprio, de ter mais orgulho de quem realmente sou. E hoje no meio artístico do qual faço parte, sou mais respeitada profissionalmente. Antes algumas pessoas tinham um ar de deboche ao dizer que eu era atriz, depois do Ingrid as pessoas me enaltecem, dizendo que fui indicada ao Quiquito em Gramado, que o filme é um sucesso dentro e fora do Brasil.
Qual a sua relação com o diretor do curta, Maick Hannder?
Como havia dito, nos conhecemos durante o processo de gravação de um outro curta. Nunca tinha visto e nem ouvido falar do Maike, mas digo que ele e o Jackson foram um dos maiores presentes que a vida me deu. Serei sempre grata a eles por tudo que o filme me proporcionou e tem me proporcionado. Uma das coisas que mudou foi que eu fiquei 28 anos da minha vida so recebendo não como respostas e julgamento, e hoje lógico que os não continuam, mas são menos numerosos que os sim. Isso devo a ele, por ter colocado de uma maneira tão sensivel e poética um pedaço do meu eu, da minha historia.
Você milita pela causa trans?
Sempre. Meu corpo já é minha militância. Mato um leão por dia quando abro o portão de casa e me deparo com olhares, piadas sem graça, assédios, palavras de baixo calão, e isso tudo sem eu dizer uma única palavra, só de estar passando em uma calçada ou por simplesmente estar em uma fila de um hospital. O Brasil é o pais que mais mata travestis e transexuais no mundo! Quando uma travesti ou um transexual morrem, acredito que cada uma morre um pouco. Nenhuma travesti morre com uma facada, mas sim vinte, nenhuma morre com um tiro mais com vários. Recentemente tivemos o caso da Dandara, covardemente e cruelmente assassinada no Ceará. No video fica nítido o crime de ódio denominado transfobia.¿Eu não luto para que sejamos aceitos, ninguém é obrigado a aceitar, eu luto pelo respeito e direitos que nos são negados. Luto para que assassinos e criminosos, por sua ignorância e intolerância, paguem por seus atos brutais. Luto para que não sejamos marginalizadas pela sociedade.
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Prêmio Aquisição SescTV, na categoria Melhor Filme, na Goiânia Mostra Curtas 2016
Ingrid
Direção: Maick Hannder
Duração: 6’45”
Ano: 2016
Exibição
Estreia: 20/4, quinta, a partir das 21h
Reapresentações: 22/4, sábado, a partir das 20h; 23/4, domingo, a partir das 6h30; 24/4, segunda, a partir das 22h; e 26/4, quarta, a partir das 6h30.
Classificação indicativa: 14 anos
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