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Ponto e cantos: melodias caiçaras em bordados
Melodias embalam a tarde e preenchem os corações de lembranças. No tecido, memórias vão tomando forma, se materializam sob mãos cuidadosas.
Na delicadeza do gesto, elas bordam casas, barcos, bananeiras, o rio, a canoa, peixes e pássaros.
Entre uma história e outra, risadas abraçam o ambiente, aproximando quem passa, convidando para ouvir um causo.
Ao som da viola e da rabeca, instrumentos típicos do Fandango Caiçara, surgem muitos personagens. O real e o imaginário constroem a mesma cena. A vida na ribeira, o plantio da banana, a transformação da paisagem, os bailes, as músicas, as lendas da região. Elas relembram as histórias da infância e juventude vividas na Vila Nova em Registro, uma começa e a outra acrescenta, e aos poucos vai se desenhando o passado da cidade.
Na fala do arte-educador Rodolfo Vidal, a vida do caiçara e a tradição do fandango criam o terreno fértil para a colheita de boas recordações. As modas de fandango animam o encontro:
“A vida de casado é bom,
A de solteiro melhor é
Solteiro vai aonde quer
Casado tem que levar a mulher”
Rodolfo toca a viola, anunciando mais uma modinha de amor:
“Aprendi a namorar,
Debaixo do pé da mata
E cada folha que caia
Era um susto que eu levava
Cada flor que florescia
Era um suspiro que eu dava”
Elas se divertem com a rima, achando graça de como era namorar naqueles tempos.
A artesã têxtil , Bianca Lanu, do Jaci Ateliê Nascer e Florir, idealizadora do encontro, prepara a linha, ensina os pontos, e estimula: "Do que mais a senhora lembra? Vamos fazer um desenho então?".
Inspiradas, as senhoras colocam os sentimentos no papel, e se alegram ao ver os próprios desenhos marcando o tecido para se transformar em bordado.
Assim a tarde ganha ares de poesia e não se vê o passar das horas. Guardam os bordados e despedem-se, ansiosas pelo próximo encontro.
A oficina Pontos e Cantos: Melodias Caiçaras em Bordados, aconteceu no Sesc Registro nos dias 18 e 25 de novembro e 02 de dezembro. A atividade faz parte da programação voltada para a terceira idade e tem como objetivo a valorização do trabalho artesanal, a memória e preservação da cultura caiçara.
