Legados modernistas
Coletânea organizada pelo jornalista e editor Alvaro Machado traz artigos sobre a influência da Semana de Arte Moderna em artes cênicas, música e cinema do Brasil no século XX
Patrícia Galvão, Flávio de Carvalho, Heitor Villa-Lobos, Oswald de Andrade e Mário de Andrade, figuras de proa do modernismo brasileiro, continuam célebres após mais de 100 anos da realização da Semana de Arte Moderna de 22. Marco na história da arte do país não somente pelas rupturas e inovações estéticas propostas à época e seu impacto na história, mas pela ressonância desse impacto e pela potência dessas ideias, o movimento seguiu influenciando diferentes campos da arte produzida no Brasil ao longo do século 20.
Artes cênicas, música, cinema
Ideias e formas virais: o modernismo de 1922 em artes cênicas, música e cinema dedica a maior parte de seus artigos ao teatro, que ficou em segundo plano na programação da Semana de 22. O livro ilumina essa falta abordando a teatralidade nas ações de vanguarda do grupo modernista e em seus desdobramentos. Os ensaios de Sérgio de Carvalho (“Mário de Andrade e o teatro”), Luiz Fernando Ramos (“A crítica teatral modernista de Alcântara Machado”), José Celso Martinez Corrêa com Alvaro Machado (“Circo, chanchada e deboche no petardo do devasso”), Veronica Stigger (“Flávio de Carvalho e o teatro”), Gutemberg Medeiros (“Patrícia Galvão e seus olhos livres”) e Maria Lívia Nobre Goes (“O mais é a viagem: teatro, política e vanguarda na trajetória de Patrícia Galvão”) apresentam aos leitores ecos e desdobramentos da estética modernista nas artes cênicas ao longo das décadas subsequentes.
Renato Borgui na nova versão de O rei da vela, pelo Teatro Oficina, em 2017. Foto: CPA/Sesc - Alexandre Nunis.
A música é abordada no texto “Três noites do barulho”, no qual Irineu Franco Perpetuo relembra o encontro dos paulistas com o carioca Heitor Villa-Lobos nos eventos musicais da Semana de Arte Moderna e analisa o legado do maestro: “reivindicado por populares e eruditos, nacionalistas e antinacionalistas, Villa-Lobos preserva, cem anos após a semana, seu status de inspirador de músicos e galvanizador de artistas brasileiros de outras áreas”.
Partitura de Heitor Villa-Lobos
O cinema, ainda incipiente no Brasil do começo do século passado e também inexplorado na programação da Semana de 22, é tema do último artigo do livro, “O modernismo no cinema brasileiro”, de Luis Nazario, em que o autor discorre sobre a relação de Oswald de Andrade e Mário de Andrade com a então jovem arte cinematográfica, além de analisar filmes da iconografia brasileira à luz da vanguarda modernista – do modernismo nacionalista de Humberto Mauro ao modernismo anárquico de Glauber Rocha, passando por algumas obras da Vera Cruz, produtora brasileira em funcionamento de 1949 a 1954.
Olga Breno (nome artístico de Alzira Alves) em imagem de Limite (1933), de Mário Peixoto
Cada capítulo começa com um texto-síntese, seguido de transcrições e análises entremeadas por uma rica seleção de imagens que documentam os temas em discussão.
Leia um trecho do livro: