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Lira Paulistana: 30 Anos. E depois?
Trinta anos após o encerramento das atividades do teatro Lira Paulistana - templo da música e da cultura de São Paulo entre 1979 e 1986 e ponto de encontro da Vanguarda Paulista - o Sesc Ipiranga traz, a partir de 8 de janeiro, o projeto Lira Paulistana: 30 Anos. E depois?
As marcas deixadas pelo movimento são inegáveis e percebidas até hoje, principalmente na produção cultural de artistas da capital paulista. Por isso, não se trata de uma programação meramente saudosista. A ideia do projeto é reunir diversas personalidades que fizeram a história daquele cenário, e também novos nomes da música, que buscam inspiração nos artistas que passaram pelo Lira.
O Lira Paulistana foi um espaço de efervescência cultural na década de 1980, que marcou época e serviu como base de lançamentos para toda uma geração de artistas. Passaram pelo porão da Praça Benedito Calixto, no bairro de Pinheiros, nomes como Itamar Assumpção, Premê, Tetê Espíndola, Ná Ozzetti, Luiz Tatit, Rumo, Titãs, Kid Vinil, Ratos de Porão, entre outros. Juntos, eles criaram todo um movimento artístico, sobretudo musical, que seria conhecido como Vanguarda Paulista.
Grupo Rumo e Ná Ozzetti
Além da evidente importância no cenário e na história musical da cidade de São Paulo, o Lira Paulistana abraçou outras linguagens artísticas. O cinema talvez tenha sido, dentre elas, a mais presente na programação da casa. Filmes como Deu pra ti anos 70, O homem que virou suco, Lira do delírio, Kuarup, O bandido da luz vermelha e Sargento Getúlio estiveram em cartaz. Os cartunistas Glauco, Luiz Gê e Paulo Caruso também trabalharam com o Lira, que manteve uma gravadora e uma editora que, em um ano de existência, publicou o semanal de cultura “Jornal Lira Paulistana”.
Poucas coisas são tão paulistanas quanto o Lira e a Vanguarda Paulista. Rememorar este movimento e sua casa é valorizar a memória cultural da cidade. É apresentar, a quem não viveu este período, o que significou, e ainda significa, este grupo de artistas para a cultura brasileira, apresentando seu legado e uma chave de entendimento da produção artística contemporânea paulista e brasileira, o que para muitos, ainda é algo a ser descoberto.
Na programação do projeto, exibições de filmes e bate-papos. Dentre os participantes, os fundadores e sócios do Lira Paulistana: Wilson Souto, Chico Pardal e Riba de Castro. Juntos, eles fazem um bate-papo sobre os bastidores do funcionamento do teatro (dia 23/1.) No dia 30/1, Arrigo Barnabé e Alexandre Mathias falam sobre a vanguarda ontem e hoje e seus respectivos espaços. Arrigo Barnabé também conduz uma aula-show onde aborda seu processo de composição, no dia 27/1.
A programação conta ainda com apresentações de Luiz Tatit, Arrigo Barnabé, Cida Moreira, Língua de Trapo, Bocato, Danilo Moraes, Iara Rennó, Inocentes, entre outros.