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Trabalho e envelhecimento

Foto: Cristiano Mascaro
Foto: Cristiano Mascaro

Editorial

As consequências da aposentadoria e a centralidade que o trabalho ocupa nas etapas da vida de um indivíduo merecem ser consideradas não só pela sua relevância, mas, também, pelos estereótipos e preconceitos que acarretam em relação à velhice.

Em um contexto social contemporâneo pautado pelo valor produtivo, o trabalho contrapõe-se à aposentadoria. Identificamos,no senso comum, uma associação direta entre velhice e aposentadoria,que remete, e ao mesmo tempo reforça, o estereótipo do velho desocupado, inútil e, consequentemente, marginalizado. A pesquisa “Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade”, realizada pelo Sesc em 2007, mostrou que há uma percepção negativa e preconceituosa dos jovens que veem os velhos como incapazes e ultrapassados.

Sabemos que a ideia do envelhecimento se liga às imagens e às demandas efetivas desenvolvidas na vida adulta. No entanto, vale lembrar que se ainda existe a rejeição contra os idosos, existe uma ideia, também prejudicial, de um paraíso na aposentadoria que deverá compensar todos os sacrifícios feitos em vida. Assim, esta mesma contemporaneidade nos coloca diante do desafio de encontrar elementos e propor ações que tornem a vida fora do trabalho também dotada de sentido e a aposentadoria como um tempo de descobertas e/ou redescobertas. Temos mais tempo pela frente. Por que não fazer dele um tempo de construções, de relevância pessoal e social?

O Sesc São Paulo, com o programa Trabalho Social com Idosos,coloca o idoso no centro de sua proposta, promovendo reflexões sobre a longevidade e o envelhecimento. Suas diretrizes apontam para a diminuição do preconceito e promoção da cultura do envelhecimento. Nas mais variadas frentes de ação, o idoso deve permanecer interagindo com outras pessoas, tendo em vista seus interesses, e não sua idade. 

Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional