Sesc SP

André está apaixonado, quer expressar todo seu amor em uma carta com poesias. Sem pensar duas vezes ele liga o computador e começa a digitar. Parece que alguma parte da história poderia ser um pouquinho diferente. Com a tecnologia, cada vez mais, nos esquecemos do papel e da caneta e automatizamos nossa escrita para a digitação, mas a escrita manual pode transmitir sentimentos e desenvolver funções do cérebro. Melhor ainda é despertar essas habilidades desenhando letras e criando composições. Isso você pode aprender com a oficina Ilustra Aqui! Caligrafia e Lettering, que acontecerá no Sesc Campo Limpo.

Nesse sentido, a designer Juliana Moore, que ministrará as oficinas, considera a tecnologia uma vilã, mas também percebe um aumento no interesse por esse tipo de trabalho. “A habilidade da escrita vai se perdendo, junto com algumas funções neurológicas que são diretamente ligadas ao ato de escrever. Ao mesmo tempo, devido ao mesmo motivo estamos presenciando um retorno do apreço ao trabalho manual, às inconstâncias e nuances da escrita à mão, para fugir um pouco do tecnológico”, comenta a designer.

Mas afinal, o que é caligrafia e lettering?

Certamente, em sua infância, você usou um caderninho de caligrafia para melhorar sua letra ou, popularmente dizendo, parar de fazer garranchos. Isso é a caligrafia, um tipo de escrita que é bem trabalhada e segue um padrão, que tem o uso mais comum em textos longos. “É a bela escrita, o ato de escrever com um fim em si mesmo, reproduzindo modelos caligráficos com instrumentos específicos”, completa Juliana. Esse é o trabalho dos profissionais que criam a tipografia que usamos digitalmente, tudo começa no papel e depois eles digitalizam para criar os tipos de fontes.

“Já o lettering é o desenho de formas compostas, no qual vamos traçando, desenhando as letras, e podemos obter, com um lápis ou outro instrumento, qualquer forma que desejarmos, e manipular até encontrar o desenho que buscamos”, explica. Você já deve ter ido até um bar e visto uma mensagem escrita em uma lousa, ou em um cartaz, que inicialmente te chamou a atenção mais pela forma do que pelo texto, esse é um dos objetivos deste tipo de escrita.

Mas não é só isso que o lettering e a caligrafia pretendem despertar, para Juliana eles “dispensam a exatidão tecnológica para revelar o ser humano que está por trás daquela mensagem, estabelecendo uma conexão direta com o leitor. Quando expressamos algo com nossa letra, ou que foi desenhado a próprio punho, resgatamos sentimentos de acolhimento e contato humano.”.

Hobby X Profissão

Não é necessário ser um designer para experimentar estas técnicas, qualquer pessoa que quiser deixar o teclado um pouco de lado e testar seus traços com papel e caneta pode participar da oficina. Desde a faculdade de design gráfico a forma das letras sempre chamou a atenção de Juliana. Inicialmente não havia mercado para isso, mas ela não deixou seu desejo de lado, se especializou cada vez mais, e atualmente já encontra mais espaço para a arte na qual se profissionalizou. “A partir do momento em que mergulhei de cabeça na tipografia, comecei a ler mais sobre o assunto, participar de eventos, conhecer pessoas que trabalhavam no ramo, descobri vários segmentos em que eu poderia trabalhar e fui atrás de cursos que me capacitassem para tal. Existe o mercado da caligrafia para convites, da caligrafia artística, sinalização e fachadas com lettering, ilustrações para publicidade e editoriais, design de tipografias para varejo e customizadas etc”, conclui.

É muito amplo o campo em que a designer atua, mesmo com toda sua experiência e conhecimento, comenta que o maior desafio é estudar mais, praticar muito e aprender os diversos estilos de letras. Talvez você não tenha interesse em se especializar tanto, mas a experiência de expressar o que sente e o que pensa com composições pode ser reveladora, tanto para quem escreve, quanto para quem recebe a mensagem e todo o sentimento que ela carrega.