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Diálogo com o público





Encontro internacional reúne palestrantes de oito países para discutir práticas culturais e consumo dos espectadores




Entre os dias 12 e 14 de novembro, o Sesc promoveu debate entre pesquisadores, professores universitários, gestores e representantes de instituições culturais no Encontro Internacional Públicos da Cultura, realizado no Sesc Vila Mariana. Segundo o grupo de trabalho responsável pela atividade, o objetivo foi proporcionar um espaço de reflexão e diálogo a respeito do consumo e das práticas culturais na sociedade contemporânea, entendendo-se públicos como uma instituição social específica, relacionada aos domínios da recepção, e que pode ser compreendida por meio de análises sociais com base em dados quantitativos e qualitativos.



O programa do encontro foi constituído pelo histórico de estudos e pesquisas sobre as práticas culturais disponíveis na última década, realizados por estudiosos e instituições que possuem uma tradição nesse tipo de investigação. Participaram  11 pesquisadores estrangeiros, oriundos da Alemanha, do Canadá, do Chile, dos Estados Unidos, da França, do México e de Portugal, e sete estudiosos brasileiros. A pesquisadora, gestora cultural e consultora do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo (CPF) Isaura Botelho acredita que o encontro preenche uma importante lacuna no cenário cultural brasileiro. “Trata-se de uma prática fundamental, na medida em que faz com que as instituições saiam de si próprias e de sua autossatisfação com a excelência de sua oferta, para assumir uma postura de ‘conversa’ com seus frequentadores – o que pode, de fato, contribuir para o desenvolvimento do repertório cultural de seus principais parceiros, que são os públicos”, explica.



A discussão do consumo e das práticas culturais tem grande relevância para a sociedade à medida que explicita os direitos dos diversos públicos que compõem as atividades contemporâneas na área, garantindo-lhes o acesso, a fruição e o exercício da cultura. Para o grupo de trabalho do CPF, um dos conceitos que embasam o debate sobre o campo cultural na atualidade diz respeito à constatação de que falamos sobre “os públicos”, e não “o público”. Essa é uma significação nova que busca dar conta do fenômeno do consumo cultural na sua diversidade, já que se realiza por meio de grupos culturais com diferentes características sociais, étnicas, econômicas etc. Os contextos em que se inserem também são heterogêneos e, por isso, necessitam de abordagens que abarquem essa complexidade.



Nos três dias do Encontro, foram discutidos temas como políticas públicas de cultura, recepção televisiva, comunicação e acesso a museus, internet e cibercultura, moda, gastronomia e produção latino-americana. Em sua apresentação no dia 14, Isaura Botelho ressaltou a necessidade de articular oferta e demanda, considerando a diversidade de linguagens, registros culturais e a pluralidade de públicos. “Creio ser esta a maneira mais adequada de superar a angústia dos gestores de equipamentos culturais diante da consciência da boa qualidade de suas ofertas e a baixa frequência de público. Assim como o ‘desejo’ por cultura não é natural, ser público também não é. Tal ‘desejo’ é fruto da formação e conhecimento, da mesma maneira que os públicos devem ser formados”, esclarece.



“Assim como o ‘desejo’ por cultura não é natural, ser público também não é”

Isaura Botelho, pesquisadora, gestora cultural e consultora do Centro de Pesquisa e Formação (Sesc).



Imersão na Floresta
A exposição Amazônia Mundi, em cartaz de 30 de novembro de 2013 a 10 de maio de 2015, no Sesc Itaquera, proporciona ao visitante a oportunidade de entrar na realidade da floresta. Reunindo instalações, murais, fotos, vídeos, vitrines e ambientes com história, lendas e mitos sobre a região, a mostra pretende sensibilizar o público para aspectos ainda pouco conhecidos da região, dona de um patrimônio humano, cultural, social e biológico incalculável. Os mais de 1.200m² de ambiente expositivo estão baseados na criação de um espaço amplo, sem compartimentos, permitindo que o visitante experimente a sensação sonora e espacial de amplitude que se tem nos ambientes naturais amazônicos.

“O disco [Alta Fidelidade, trabalho mais recente] é ensolarado, tem muito a cara do Rio de Janeiro”
O músico e compositor Wilson Simoninha à Rádio Globo. O filho de Wilson Simonal, e irmão de Max de Castro, apresentou o álbum no Sesc Santos, no dia 7 de novembro.

“Almejo tudo! Estou viva! Quero sempre ser feliz de verdade! Busco saúde, sucesso na vida, mesa farta e poder caminhar de cabeça erguida”
A cantora Elza Soares ao Jornal Copacabana (jornalcopacabana.com.br). Do alto de seus 76 anos, a intérprete fez show ao lado do DJ Muralha no Sesc Ipiranga, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro.

Corpo em evidência
No espetáculo de dança Anseio, apresentado no Sesc Santo Amaro em 2 de novembro, a investigação e o desenvolvimento do processo corporal deram-se por meio de práticas que colaborassem para uma “tradução” do corpo com a proposta que nomeia o trabalho: o anseio pelo ar, pelo último suspiro. A atividade fez parte do projeto Mód. 3 – Cias, Grupos e Núcleos, uma programação que, de 29 de outubro a 10 de novembro, reuniu apresentações, encontros e workshops. O objetivo foi pesquisar as múltiplas maneiras de trabalhar com a linguagem da dança e movimento.

Brincar de filosofia
Platão, Sócrates, Aristóteles. Já pensou em ter a chance de fazer perguntas a esses grandes filósofos? As intervenções artísticas de Filosofando deram uma boa ideia de como seria. Durante o mês de novembro, alguns desses mestres “passearam” pela unidade Osasco, convidando o público a embarcar numa viagem no tempo. A atividade aconteceu dentro do projeto Por Quê? Porque... Os porquês..., cuja programação segue até 1º de dezembro e tem como objetivo introduzir a filosofia para o público infantil.

Livro aberto
O seminário E Aí, Biblioteca Pra Quê?, realizado nos dias 8 e 9 de novembro na unidade Interlagos, discutiu a relação entre leitura e comunidade, dialogando sobre as diferentes perspectivas existentes entre os envolvidos no cenário literário em São Paulo, expondo o panorama da leitura e refletindo sobre as necessidades de bibliotecas comunitárias e demais iniciativas de incentivo ao hábito de ler. A mesa de abertura teve presença do diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda.

Corpo e mente
Com direção de Camille Boitel, o espetáculo francês L’Immediat, montagem da companhia homônima, foi destaque na programação do Sesc Pinheiros de 1º a 3 de novembro. Num palco repleto de escombros, entre torres e pilhas de lixo, armadilhas são transpostas por seis artistas acrobatas. Com incrível agilidade de ação e pensamento, os artistas esgueiram-se por entre os obstáculos numa enorme, e por vezes engraçada, bagunça. Em cena, misturam-se técnicas de circo, do teatro físico e da performance.

Mostra no interior
Em ação conjunta com a organização da Mostra Internacional de Cinema, o Sesc São Paulo realizou, pelo terceiro ano consecutivo, a Itinerância da Mostra. Durante todo o mês de novembro, títulos selecionados entre os principais filmes da edição 2013 do evento foram levados a todas as unidades do interior do estado e à unidade de Santos, no litoral.

Festival Índigo
De 2 a 30 de novembro, o Sesc Belenzinho apresentou uma programação especial na área da literatura voltada para crianças e jovens, tendo como tema obras da autora infantojuvenil Índigo. Cada atividade foi inspirada num livro da escritora paulista nascida em Campinas. O título O Aniversário do Dinossauro (Dedo de Prosa, 2012), por exemplo, apareceu entre as Histórias da Índigo, contadas pela atriz Kiara Terra (com sessões todos os sábados do mês); já O Casal Verde (Caramelo, 2013) serviu de mote a uma oficina de plantio de árvores ministrada por Juliana Valentini, no dia 16. Na ocasião, também houve o lançamento do livro e um bate-papo com a autora.

Protagonismo social
O Sesc Bom Retiro apresentou, no dia 31 de outubro, o espetáculo A Ponte, uma mostra de resultados do trabalho desenvolvido com o grupo do Trabalho Social com Idosos da unidade durante o ano de 2013. A apresentação reuniu diversas linguagens artísticas, criações dos 52 participantes, na área da poesia, fotografia, música, teatro, artes visuais, vivências e experiências.

Em coro
A unidade Carmo apresentou, no dia 7 de novembro, espetáculo com o coro da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Referência na música vocal, o grupo aborda diferentes períodos musicais, tendo à frente a regente Naomi Munakata. Criado em 1994, com o nome de Coro Sinfônico do Estado de São Paulo, passou a se chamar Coro da Osesp em 2001. Em 2009, gravou seu primeiro CD, Canções do Brasil.

A Mostra no CineSesc
Realizada em diferentes salas da cidade, a Mostra Internacional de Cinema realizou sua 37ª edição entre 18 e 31 de outubro. O CineSesc novamente apareceu entre os espaços de exibição dos 350 títulos que reuniu este ano. A unidade organizou em novembro uma sessão especial da produção francesa Os Náufragos da Louca Esperança, de Ariane Mnouchkine, no dia 2, e a Repescagem 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (entre os dias 1º e 7), na qual foram exibidos os títulos mais votados.


Sobre os crimes de Jean
Em cartaz de 31 de outubro a 29 de novembro, o espetáculo Genet: O Poeta Ladrão, apresentado no Sesc Consolação, problematiza o papel do escritor – e da própria escrita –, tendo como “cenário” os labirintos emocionais percorridos pelo personagem-título, uma livre expressão do escritor, poeta e dramaturgo francês Jean Genet (1910-1986), homossexual assumido, que chegou a morar nas ruas, foi presidiário e atou como militante político. Com texto de Zen Salles e direção de Sérgio Ferrara, a peça tem apresentações extras nos dias 5 e 6 de dezembro.

Realidade cruel
A Cia. Senhas apresentou, de 2 a 30 de novembro, o espetáculo Circo Negro, atividade do Sesc Ipiranga. Com texto de Daniel Veronese e direção de Sueli Araújo, a montagem traz “criaturas/personagens” conduzindo a narrativa, figuras que se alternam entre seres reais e imateriais, criando atmosferas cênicas em que a realidade se mostra ao mesmo tempo intangível, porém palpável em sua crueldade. A peça se estende pelos dias 1, 7 e 8 de dezembro.

30 anos de Videobrasil
O Sesc Pompeia abriga até 2 de fevereiro de 2014 as atividades do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil. Inaugurada no dia 6 de novembro, a instalação Eixo Histórico: 30 Anos comemora as três décadas de vida do evento. Formada por 234 telas, a obra propõe uma imersão tanto nas mudanças do festival quanto no próprio cenário das artes visuais. Já o eixo Panorama Sul, realizado no segundo andar do Conjunto Esportivo da unidade, dá visibilidade à produção artística recente do chamado sul geopolítico – compreendido pela América Latina, Caribe, África, Oriente Médio, Europa do Leste, Sul e Sudeste Asiático, e Oceania. A visitação é gratuita.

A arte da crueldade
O espetáculo solo Monga iniciou temporada no Sesc Santo André no dia 6 de novembro. Baseado na vida da mexicana Julia Pastrana (1834-1860) – apontada como possível inspiração para o número de parque de diversões que dá nome à montagem –, o monólogo traça um paralelo entre a história da personagem e a relação com a imagem na sociedade contemporânea. Julia Pastrana tinha hipertricose, doença que cobre o corpo de pelos, e por isso foi transformada em atração num freakshow por seu próprio marido, e depois “empresário”, Theodor Lent. A peça fica na unidade até 11 de dezembro.

Criação de histórias
Na oficina Histórias de Fadas em Caixinhas, realizada na unidade São Caetano, no dia 30 de novembro, a companhia Prana Teatro de Animação ensinou as crianças a criarem e montarem seus próprios teatros de papel em miniatura, com cenários e personagens, que os pequenos puderam levar para casa. A atividade fez parte do projeto Contos de Papel.

Cheio de dedos
O Sesc Vila Mariana apresentou, de 1º a 30 de novembro, o monólogo A Arte e a Maneira de Abordar seu Chefe para Pedir um Aumento, com direção de Guel Arraes e interpretação de Marco Nanini. Como o título adianta, o ator apresenta uma série de possibilidades para o desfecho de uma conversa de natureza tão “delicada”. O texto é do dramaturgo francês Georges Perec (1936-1982) e foi traduzido para o português por José Almino.