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Retrato de Diego Rivera por Amedeo Modigliani, no MASP

O retrato

Parte do acervo do Museu de Arte de São Paulo (Masp), o óleo sobre papel Retrato de Diego Rivera foi pintado em 1916, quando Rivera já estava havia nove anos estudando em Paris e tinha, em seu círculo de amigos, o italiano Modigliani – que, por sua vez, escolhera a capital francesa para viver e criar havia uma década. Diferentemente do que se costuma ver no estilo do pintor – formas alongadas e simples –, o trabalho é marcado por uma grande quantidade de texturas no rosto do retratado. A julgar pelo sorriso no rosto bonachão de Rivera, não é difícil imaginar o clima descontraído em que o trabalho foi criado.

O retratista

O artista plástico italiano Amedeo Modigliani (1884-1920) viveu e criou na capital da efervescência artística da época, Paris – para onde se transferiu em 1906 e onde executou algumas de suas obras mais importantes, como a pintura O Violoncelista, que expôs no celebrado Salão dos Independentes, em 1909. Os três anos que separam sua chegada à Cidade Luz e o primeiro grande êxito como artista, no entanto, são marcados pelo que a capital francesa melhor sabia oferecer (além de gênios artísticos): boemia. Ao lado do amigo Maurice Utrillo, inicia-se na bebida e nas drogas, o que lhe arruinaria a já frágil saúde.

O retratado

O mexicano Diego Rivera (1886-1957) começou a estudar pintura na adolescência. No entanto, foi uma estadia na Europa, de 1907 a 1921 – com Rivera já na casa dos 20 anos – a responsável pelo apuro técnico que o transformou em um expoente do muralismo de seu país. Além disso, o contato com representantes de peso da arte europeia, como os pintores espanhóis Pablo Picasso (1881-1973) e Joan Miró (1893-1983), o catalão Salvador Dalí (1904-1989), e o arquiteto, também catalão, Antoni Gaudí (1852-1926), permitiu que a obra de Rivera se desenvolvesse. A vida pessoal do mexicano é marcada pela convivência com a pintora Frida Kahlo, com quem teve um casamento turbulento.

A “moldura”

Por mais que tenha se tornado um lugar comum, é irresistível descrever a cidade de Paris, durante as primeiras décadas do século 20, sem citar o famoso livro do norte-americano Ernest Hemingway (1899-1961) Paris é uma Festa (a editora Bertrand Brasil tem uma edição de 2006). E mesmo tendo sido pintado quatro anos antes da chegada dos anos 1920 – quando a Cidade Luz “explodiu” em cultura e boemia –, o Retrato de Diego Rivera, obra de Amedeo Modigliani, é fruto dessa efervescência que marcou para sempre as artes e a intelectualidade ocidentais. Hemingway escrevia, Pablo Picasso pintava, Josephine Baker (1906-1975) cantava – chocando a todos com seu visual ousado e selvagem –, a estilista Coco Chanel (1883-1971) mudava para sempre o conceito de moda feminina. Enfim, Paris era mesmo uma festa.