Postado em
Preconceitos e estereótipos dirigidos ao idoso
DANILO MIRANDA
A sociedade contemporânea, a despeito dos avanços do chamado Estado de Direito, tanto nas nações desenvolvidas, quanto nas em desenvolvimento, abriga ainda uma ampla e variada gama de preconceitos e discriminações de diferentes naturezas: étnica, religiosa, de gênero, de idade, entre outras. Na base dessas atitudes negativas se encontram o individualismo e a intolerância em relação a diferenças físicas, psicológicas e culturais. Se o etnocentrismo acompanha a humanidade em sua história de rejeição dos diferentes, a discriminação entre nós é reforçada pelos valores dominantes do capitalismo que mercantilizam as relações sociais, incentivam a competição e o consumismo, enaltecem o descartável e desprezam ações que promovam a solidariedade. Sua raiz está no desconhecimento do outro e na falta de familiaridade com suas preocupações e estilo de vida.
O termo preconceito ou prejudice, em inglês, deriva do latim praejudicium, de prae, anterior e judicium, julgamento. Portanto, preconceito é um julgamento prévio e, frequentemente, apressado e equivocado. Como consequência da precipitação e, por isso, do desconhecimento do outro, há, sobre ele, uma percepção generalizante. Relativamente à pessoa idosa, por exemplo, comumente ouvimos dizer “Velho é assim mesmo” ou seja, ultrapassado, lento, inútil, desagradável e tantos outros atributos negativos a ele impingidos. O preconceito ao idoso, portanto, ainda é bem pronunciado. Ele está fundado em estereótipos de incapacidade ou incompetência para o trabalho, para as relações sociais e até para uma vida sexual saudável e prazerosa. O preconceito sexual, aliás, atinge o idoso de diferentes opções. Nesta edição, publicamos o trabalho de Júlio Simões: “Homens Gays, Corpo e Envelhecimento”. Nele, o autor nos mostra que os idosos homossexuais demonstram um maior cuidado de si, uma maior desenvoltura nas relações interpessoais. Mas, nem por isso, deixam de ser alvo de discriminação no próprio meio homossexual. Em suma, há um longo caminho a ser percorrido.
Publicamos também os seguintes artigos: “Quedas em idosos: fatores de risco, consequências e medidas preventivas” de Roberta Bolzani de Miranda Dias, Marilene Rodrigues Portella e Hugo Tourinho Filho; “A política e os conselhos de idosos: uma questão de cidadania ” de Maria Aparecida Ribeiro; “A finitude na perspectiva do idoso do gênero masculino” de Sandra Carolina Farias de Oliveira; e “Avaliação da capacidade funcional de indivíduos institucionalizados com acidente vascular encefálico” de Cristiano Andrade Quintão Coelho Rocha.
Como entrevistado, temos o farmacêutico Paulo Queiroz Marques, 90 anos, da cidade de São Paulo. Exemplo de vigor, dinamismo e combatividade, ele continua ativo à frente de sua farmácia de manipulação e acalentando vários sonhos de projetos profissionais.