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Cidades criativas

Ao redor do mundo, é cada vez mais comum que fábricas migrem das grandes metrópoles para lugares onde é mais barato produzir. Por isso diversos municípios, que durante décadas tiveram suas receitas predominantemente vindas da indústria, veem a necessidade de mudar o foco de suas atividades para o setor de serviços e comércio.

Um dos caminhos que se tem mostrado promissor é o desenvolvimento baseado na cultura. Centros urbanos que abrigam grandes festivais, como o Rock in Rio, ou que se tornam referência por meio de seus equipamentos culturais, caso de Bilbao, na Espanha, com o Museu Guggenheim, têm tido ganhos culturais, econômicos, sociais e turísticos. Praticam a chamada economia criativa.

Justamente para refletir sobre o tema, o Sesc Belenzinho realizou, nos dias 22 e 23 de novembro, o Seminário Internacional de Cultura e Transformação Urbana.  Com curadoria da economista e doutora em urbanismo Ana Carla Fonseca, o evento tratou da inserção dos festivais e dos equipamentos culturais nas cidades onde operam e de como essas ações podem propiciar uma transformação urbana.

“Envolver a comunidade é fundamental para gerar engajamento e apropriação da iniciativa”, afirma a curadora. “Sem isso, o projeto pode ser ótimo em termos culturais, mas não dialoga com o espaço urbano.” Para o congresso, Ana Carla selecionou oito casos que são referências no mundo para abordar quatro tópicos. Assim, cada mesa de debate foi composta por dois conferencistas e, pelo menos, um mediador.

Novo Uso do Patrimônio e Diálogo com o Entorno, Redes de Equipamentos Culturais, Ícones Culturais de Transformação Urbana e Festivais Internacionais com Essência Local foram os temas propostos aos convidados.  Na conferência sobre Redes de Equipamentos Culturais, o secretário municipal de Cultura de São Paulo, Carlos Augusto Calil, mediou o encontro entre o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, e o colombiano Jorge Melguizo, ex-secretário de Desenvolvimento Social de Medellín. Miranda refletiu sobre as transformações urbanas geradas pelo Sesc Pompeia, instalado em uma antiga fábrica de tambores, e pelo Sesc Belenzinho, que ocupou a antiga fábrica de tecidos Moinho Santista.

Já Melguizo falou a respeito da rede de bibliotecas de Medellín, presente na cidade de mesmo nome e em Bogotá, na Colômbia. “Um equipamento cultural, sozinho, não impacta no entorno – vide a Sala São Paulo, que é magnífica como equipamento cultural, mas não se insere no espaço em que se situa. Caso oposto, por exemplo, ao do Museu da Língua Portuguesa ou ao das unidades do Sesc”, analisa Ana Carla. O seminário também apresentou as experiências do Museu

Guggenheim, de Bilbao (Espanha); do centro de arte contemporânea Le Lieu Unique, de Nantes (França); do museu de arte Tate Modern, de Londres (Inglaterra); do centro de formação em circo TOHU, de Montreal (Canadá); dos Festivais de Edimburgo, na cidade de mesmo nome (Escócia); e, finalmente, da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), realizada no município homônimo do litoral fluminense.

“O principal é repensarmos o viver na cidade, e isso é uma condição que historicamente o Sesc sempre plantou, com que sempre se envolveu, trazendo discussões e debates em torno da qualidade de vida”, fala Andréa de Araújo Nogueira, gerente adjunta da Gerência de Estudos e Desenvolvimento (Gedes) do Sesc São Paulo.


“Um equipamento cultural, sozinho, não impacta no entorno – vide a Sala São Paulo, que é magnífica como equipamento cultural, mas não se insere no espaço em que se situa. Caso oposto, por exemplo, ao do Museu da Língua Portuguesa ou ao das unidades do Sesc”

Ana Carla Fonseca, economista e doutora em urbanismo, curadora do Seminário Internacional de Cultura e Transformação Urbana, ocorrido na unidade Belenzinho
 

Cinema aberto

Com mostra competitiva realizada no Sesc Interlagos e exibições nas unidades Itaquera, Osasco e Santana, o 6º Festival Cine Favela de Cinema reuniu, de 10 a 13 de novembro, títulos produzidos por criadores das periferias, associações, projetos sociais, coletivos, produtores independentes e ONGs. O tema deste ano foi “O pixo como expressão artística” e a competição foi dividida em quatro programas: Novas Linguagens, que explorou possibilidades alternativas no audiovisual; Primeiros Passos, voltada a realizadores que precisam de espaço para difundir seus trabalhos; Coletivos, reservada a realizações colaborativas; e Documentários.

Direitos de produção

Em 2011, a mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, realizada de 10 a 16 de outubro, completou seis anos e conseguiu atingir o intento com o qual foi criada: estar presente nas 27 capitais brasileiras. O feito se deu com a inclusão de Macapá, Vitória, Boa Vista, Campo Grande, Porto Velho, Florianópolis e Palmas. Em São Paulo, o evento teve exibições no CineSesc, que apresentou, entre outros títulos, Dama do Peixoto (Brasil, 2011), de Allan Ribeiro e Douglas Soares, no dia 10, Uma Nova Dança (Chile/França, 2010), de Nicolás Lasnibat, no dia 14, e Chuvas de Verão, produção de Cacá Diegues de 1977, no dia 16.  

Universo infantil

Fica em cartaz no Sesc Santos, de 10 de novembro a 27 de maio de 2012, a exposição Trilhas do Brincar, que aborda como a cultura infantil pode romper as fronteiras geográficas com suas brincadeiras de rodas cantadas e jogos, como a amarelinha ou bolinha de gude. Num grande quintal, brincadeiras das cinco regiões brasileiras surgem em instalações que mostram o rico léxico do brincar. A exposição tem caráter interativo e abre um espaço para que crianças e adultos criem suas próprias brincadeiras. 

Rock lá de riba

Realizado no Consolação desde 2010, depois de 20 anos de sucesso na ex-sede do Sesc na Avenida Paulista – atualmente em reforma para se tornar uma nova unidade –, o projeto Instrumental Sesc Brasil trouxe, no dia 24 de outubro, a banda potiguar Camarones Orquestra Guitarrística. O som do grupo criado em 2007, um rock’n’roll que mistura ska, pop e surf music, é dançante e divertido, e já pode ser ouvido também em dois EPs – Corra Cabron, Corra! e Tudojunto – e num CD homônimo.   

Mundo Mix

O Sesc São Paulo fez parte, por meio de diferentes unidades, das atividades que compuseram o 19º Festival Mix Brasil de Cinema da Diversidade Sexual, de 10 a 17 de novembro. Além do CineSesc, que sempre abriga títulos da mostra, houve exibição nas unidades Interlagos e Itaquera. Já no Sesc Pompeia ocorreu o baile de encerramento do Mix Music, braço musical do evento, no dia 17. 


“Sou uma mistura do samba de raiz com influências de jazz, soul, funk, hip hop e balanço. De toda forma, a música, o palco, estúdio, criação, o canto em si são a minha vida, a minha paixão e a verdadeira razão de tanta felicidade”

Paula Lima em entrevista ao jornal O Norte Online (onorte.com.br). A cantora se apresentou no Sesc Pinheiros, nos dias 5 e 6 de novembro


“A ficção me dá liberdade – não falo de mim, mas de alguém que eu, digamos, conheço bem, mas com o qual mantenho uma distância segura”

Cristovão Tezza ao site Folha Online (folha.uol.com.br/folha/ilustrada). O autor participou do projeto Cabeça de Escritor, do Sesc Pompeia, no dia 24 de novembro

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