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A tempestade que veio do norte
Historicamente, a crise que vivemos só encontra paralelo na que ocorreu em 1929, e que também teve início nos Estados Unidos. Hoje, com base nas lições do passado, governos de diversos países não hesitam em utilizar suas reservas de recursos para evitar o pior: a quebra de bancos e de grandes empresas, assim como as demissões em massa. A matéria de capa deste número estabelece uma comparação entre os dois eventos, de graves consequências para a economia do mundo, e mostra que o Brasil de agora está mais bem preparado para enfrentar esse período de dificuldades. Destaca também que, na opinião de experientes economistas, o sistema capitalista não só tem capacidade de superar as crises, como sai delas mais forte e aprimorado.
Outra reportagem tem como tema o saneamento básico, um setor tradicionalmente negligenciado por políticos e governantes. Se o país de fato espera ocupar posição importante no cenário internacional, não pode, de maneira alguma, privar grande parte de sua população do acesso a água tratada e a um sistema eficaz de esgoto. É inadmissível que, com uma carga tributária como a nossa, o contribuinte veja seus filhos sob o risco constante de adoecer pela falta de um serviço que o Estado tem a obrigação de oferecer.
Na área da saúde, aliás, esta edição aborda a questão da tuberculose, que, embora seja conhecida há milênios e tenha cura há mais de 60 anos, é a doença infecciosa responsável pelo maior número de óbitos no mundo. No Brasil, apesar de as estatísticas mostrarem evolução no controle da enfermidade, mais de 100 mil casos ainda são registrados anualmente, dos quais cerca de 5 mil redundam em morte. Segundo os especialistas, alguns fatores contribuem para que esse mal continue a fazer vítimas, entre eles a desnutrição e o aparecimento de novas cepas resistentes aos tratamentos disponíveis. Além disso, a inexistência de uma vacina com grande potencial de imunização é outro complicador, agravado pelo fato de que o bacilo, uma vez no organismo, viverá tanto quanto seu portador.
Não há, porém, apenas problemas nestas páginas. Falamos também de arte, mostrando como surgiu o chorinho, a primeira criação da música popular genuinamente brasileira, que depois daria origem ao samba. Joaquim Callado, o inventor do gênero, mostrou talento desde cedo e, apesar de ter vivido pouco – morreu aos 32 anos –, deixou composições que até hoje são regravadas por artistas de sucesso.
Apresentamos ainda um pouco da trajetória fulgurante de Cacilda Becker pelos palcos do país. Lembrada como a primeira-dama do teatro brasileiro, ela quase se tornou bailarina, antes de exibir seu intenso magnetismo em cena.
Abram Szajman
Presidente da Federação e Centro do Comércio do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac