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Música 2

 

Música sem mistério

 

Sesc Vila Mariana e Sesc Consolação têm na metodologia de ensino informal e coletivo um dos principais instrumentos para a democratização da linguagem musical

 

Salas de aula repletas de alunos de todas as idades e com interesses os mais diversos. De amadores procurando se aprimorar em algum instrumento a pessoas que sempre quiseram tocar algo, mas nunca tiveram oportunidade. De adolescentes ávidos por desvendar os segredos dos sons e crianças curiosas a um público de terceira idade disposto a ocupar seu tempo livre com qualidade. O que há em comum entre eles? O gosto pela música e por uma relação mais íntima com as notas e partituras. É nesse ambiente descontraído e de intensa troca de experiências que ocorrem os cursos do Centro de Música do Sesc Vila Mariana e do Centro Experimental de Música (CEM) do Sesc Consolação. “O ensino da música no Sesc é colocado não como um fim em si mesmo, mas como um meio para o desenvolvimento de outras aptidões, como a comunicação, a percepção, a disciplina e o trabalho em grupo”, explica Roberta Lobo, técnica do Sesc Vila Mariana. “Nossa intenção é desenvolver um trabalho que privilegie a sensibilização e a experimentação musical”, acrescenta Andréa Nogueira, do Sesc Consolação. “Temos como objetivo contribuir para a sociabilização, incentivando o convívio de diversas faixas etárias, como é o caso da orquestra de cordas, curso que reúne alunos de 20 a 80 anos.”

 

Para atingir esses objetivos, a metodologia usada nesses centros se baseia principalmente no ensino coletivo e informal da música, o que equivale a dizer que não se trata de cursos voltados para a formação de músicos profissionais, mas sim destinados a despertar o interesse por mais uma linguagem. Se algum talento especial for descoberto durante as aulas, tanto melhor, mas o principal objetivo é explorar a musicalidade existente em cada um de nós. “Todo mundo é musical”, afirma Fabio Tagliaferri, professor do CEM. “Quando a gente lê um texto, uma poesia, a gente lê com ritmo. A gente anda na rua com ritmo. Só que isso fica meio guardado, e cabe a nós [professores] puxar isso das pessoas.” Fabio explica que o principal meio para trazer à tona essa sensibilidade é tornar o ensino uma forma de lazer. “Por isso não são cursos de formação profissional”, continua. “A idéia é que o aluno vá às aulas e sinta-se relaxado. Sabe aquele momento no final do dia em que a pessoa vai nadar e sai da piscina bem?”

Já o caráter coletivo garante que, em cada um dos cursos oferecidos – como os de instrumentos de sopro, cordas, percussão e coral –, as dúvidas e dificuldades sejam compartilhadas por todos, o que faz com que os avanços igualmente contemplem toda a sala. “Para aquele que está iniciando, a técnica de ensino coletivo é muito eficiente”, explica Gerson Frutuoso, professor do Centro de Música do Sesc Vila Mariana. “O que não quer dizer que as aulas particulares não o sejam, mas no instrumental coletivo as dificuldades são vistas de uma maneira mais geral. Por isso a metodologia aborda problemas comuns a todos.” Segundo o professor, o ensino de música em grupo preocupa-se com questões que à primeira vista não teriam ligação direta com o aprendizado de um instrumento, mas que fazem diferença no resultado. “Consideramos a postura do indivíduo diante do aprendizado, o grau de consciência de cada um na escolha de determinado instrumento, a educação auditiva, enfim, pontos fundamentais e que muitas vezes não são abordados em aulas individuais.”

 

Que som é esse?

Outro ponto de destaque é a oportunidade que os alunos têm de experimentar os instrumentos e descobrir, por meio da experiência pessoal, com qual se identificam. “Normalmente quando uma pessoa vem até o Centro de Música ela não tem uma experiência prévia muito concreta com determinado instrumento”, explica o professor Gerson. “Assim como nem sempre ocorre de o instrumento escolhido ser o melhor para o aluno. Por isso é importante oferecer a chance de o indivíduo experimentar todos, principalmente no caso das crianças.” Essa metodologia da experimentação vai além da técnica, abarcando a linguagem musical como um todo e enfatizando a prática. “Geralmente nas escolas de música é tudo muito teórico”, afirma Maurício Narutis, professor no Sesc Vila Mariana. “Aqui, a gente faz um trabalho diferente, partimos para a descoberta do som do instrumento, depois nos preocupamos com os nomes.” Para ele, um dos passos mais importantes é oferecer ao aluno condições para que ele estabeleça uma relação física e confortável com o objeto que pretende tocar. “Ele tem de ‘encaixar’ no corpo”, explica. “Por isso, desde a primeira aula dos cursos de iniciação, eu já passo para a parte de respiração, já que trabalho com instrumentos de sopro, e abordo questões como a vibração e a organização da musculatura da face. Ou seja, a gente aprende a tirar o som do instrumento e depois vamos fazendo os ajustes.”

 

Serviço: as inscrições para os centros de música podem ser feitas a partir de

1º de fevereiro. Informe-se nas unidades