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Carta ao leitor

A Justiça tarda mas não falha. Bons tempos em que se podia acreditar nesse axioma. Hoje o sistema judiciário brasileiro é tão lento e ineficiente, e está tão atulhado de processos, que ninguém mais espera que funcione.Muitas são as causas dessa grande falha, e muitíssimas as conseqüências para a população do país. Entre as causas pode-se citar uma legislação do tempo do Onça, acompanhada de um burocratismo sem limites, somados à incompetência de muitos profissionais. E as conseqüências estão bem representadas nas pilhas de processos reproduzidas nas fotos desta edição de Problemas Brasileiros. Com um mínimo de esforço, pode-se imaginar o conteúdo dessa papelada. Disputas postergadas ad infinitum, queixas relegadas ao abandono, pessoas injustiçadas, famílias há anos esperando soluções, gente ludibriada, inocentes condenados ao desespero, espertalhões nadando em impunidade...

Não é à toa que as classes mais pobres não confiam na Justiça. Como de resto desconfiam da polícia, dos políticos, das instituições. Para devolver a elas a confiança perdida muitas mudanças são necessárias. Algumas delas estão expressas na matéria de capa desta edição, mas não há dúvida de que o que quer que se faça, tem que ser feito rapidamente, pois nosso sistema judiciário já está à beira do colapso.

Também neste número, um texto do jornalista Oswaldo Ribas traz à tona outro problema, este da área econômica, mas que revela os mesmos traços de brasilidade: as pesquisas oficiais nunca mostram uma só realidade, mas pelo menos duas delas. Assim, graças à mágica dos números, o país tem retratos diferentes, ao sabor dos interesses do momento. Bom para os interessados, ruim para o Brasil. Se os dados que interferem na condução da economia não são confiáveis, como acreditar na política econômica?

E na área de saúde, publicamos uma reportagem sobre o diabetes, uma doença que tem uma característica tão curiosa quanto perigosa: há muitos brasileiros diabéticos mas metade deles nem sequer sabem que são portadores desse mal. Nesse caso, como em muitos outros, fica mais uma vez provado que o remédio principal ainda é a informação.