Postado em
Férias
Cursos de verão
Quem ficou por aqui não lamentou e com certeza não perdeu tempo porque a capital ofereceu uma enorme quantidade de cursos, oficinas, palestras, cinema, teatro, shows, parques e muita diversão gratuita.
Dentre as várias opções, uma das mais atraentes (e nesse calor não poderia deixar de ser) foram as atividades promovidas com a inauguração do Projeto Sesc Verão, em que cada unidade organizou atividades levando em conta o perfil e o interesse de seus frequentadores. Não era de se estranhar se, numa tarde, crianças, adolescentes e adultos fossem encontrados praticando uma mesma atividade aquática.
Toda a comunidade paulistana pode participar do projeto, suando a camisa nas quadras do Sesc ou desenvolvendo seu lado mais criativo nas oficinas e cursos de artes.
Agenda Cheia no Pompéia
A programação esportiva do Sesc Pompéia foi totalmente reestruturada no período das férias. As crianças, adultos e a Terceira Idade encontram as atividades disponíveis, diariamente, fixadas no mural da unidade e assim podem montar seu próprio horário.
A escolinha de esportes, que reuniu o público infantil de 7 a 12 anos, promoveu diversas partidas de basquete, vôlei, handball, futebol e ginástica.
"Nas aulas de natação, fizemos avaliações diárias de acordo com a preparação dos grupos", comenta a instrutora de atividade, Patrícia Schil. "Muitas crianças, algumas até sem oportunidades de fazer atividades fora do Sesc, receberam uma série de informações novas e se ajudavam mutuamente", diz ela. O instrutor Paulo Vaccaro completa que "o lazer e a sociabilização dos grupos são os desafios principais das aulas", assim como o Projeto Curumim que atraiu os pequenos com suas brincadeiras e atividades artísticas.
Os gêmeos Arthur Pereira Neto e Renata Pereira, 10 anos, aproveitaram quase todas as tardes no Sesc.
"Eu já vim quatro vezes: duas para nadar e duas para olhar. Mas o que eu mais gostei foi do Projeto Curumim. Eu não faço nada em casa então venho para cá", diz Neto.
"A gente chegava às 14h e saía às 18h. Adoro nadar", diz Renata.
Os gêmeos não foram os únicos a dar preferência para as atividades na piscina. Arnaldo Santos, 13, Fernando Vargas, 21, Fernando Doin, 28 e Gilberto Leoni, 62, também foram encontrados pela reportagem nas raias da piscina numa atividade de recreação.
"O Sesc Verão foi legal porque muitas pessoas que não podem pagar o curso puderam participar", diz Arnaldo. Para Vargas, a programação melhorou o condicionamento físico. Doim aproveitou para praticar pólo aquático. Filiado desde 1988, Gilberto afirma que a educação física mista "ajuda na convivência com novas pessoas".
Sociabilização, batuques e aventuras
A unidade do Ipiranga, mesmo em virtude das férias, preferiu não interromper algumas atividades normais, como a ginástica voluntária para a Terceira Idade. "Se a gente pára, perde o pique", conta João Mazza, 73 anos, que frequenta o curso há dois anos. Após sofrer uma cirurgia cardíaca, resolveu complementar suas caminhadas matinais com ginástica e natação. "Aprendi os estilos crawl e costas aos 71 anos e hoje me sinto mais disposto e ando sempre bem- humorado", conta.
"Na ginástica nada é difícil. Melhorei muito minha qualidade de vida", diz Celina Rodrigues, 53.
Para o instrutor Marcelo Affonso, o curso desenvolve a parte cardiopulmonar, fisiológica e emocional dos alunos. "A sociabilização auxilia na parte motora. Há um resgate das atividades que muitos não fizeram quando mais jovens", analisa.
As aulas de dança afro-brasileira também estimulam a sociabilização e fazem um resgate da cultura negra. Sob coordenação do dançarino Enoque Santos, o curso reuniu mais de 20 alunos que, segundo o professor, buscavam o conhecimento do ritmo, do gesto, a energia, o gingado e a malícia desta dança.
"Os movimentos partem de uma relação dos orixás e elementos da natureza: terra, fogo, ar, água, espaço e universo, obedecendo o culto do candomblé e da mitologia iurubá", explica. Segundo ele, a dança exige resistência física, expressão corporal e sensibilidade para coordenar os movimentos.
Roni Gonçalves, 21, pratica capoeira e soltou o gingado nas aulas. "Vim por causa da magia, o batuque, o alto astral. As aulas aumentaram meu condicionamento aeróbico e diminuiu minha timidez", diz ele.
Já a unidade Consolação compactuou seus horários e lançou o Projeto Aventuras e Desafios com inúmeras atividades especiais. O lançamento, no dia 10 de janeiro, na Praça Rotary, reuniu moradores dos bairros vizinhos à unidade, palhaços, banda, trapezistas e todos os equipamentos que acompanharam as atividades.
As crianças e adolescentes foram atraídas para oficinas de malabarismo e acrobacia, parede de escalada, computação e multimídia, trampolim acrobático, atividades aquáticas, além de jogos de quadra.
Uma das modalidades mais disputadas foram as aulas de escalada em parede. Segundo o instrutor Ericson Igual, o esporte trabalha a musculatura de todo o corpo e auxilia o praticante a lidar com equilíbrio. "Dá um frio na barriga. Precisa ter força e fôlego, não pode é se apavorar", conta Alex Silva, 12, que já praticou o esporte no Chile.
Frio na barriga também sentiu a pequena Mariana Muniz, de apenas 9 anos. "Parece que a gente vai cair e dá um pouco de medo", conta ela que fez o curso de trampolim. Recentemente, a modalidade tornou-se esporte olímpico. "O trampolim desenvolve o sentido sinestésico de cada pessoa, exige força e noção espacial de cada um", conta o professor Claudio Rezk, um dos responsáveis pela oficina.
Sampa 40º
Além dos cursos oferecidos pelo Sesc, a cidade também apresenta opções para os apaixonados e simpatizantes de aventuras mais intensas. A agência de turismo Venturas & Aventuras reuniu jovens e adultos interessados em canyoning: descida de cachoeira com corda. As instruções como técnicas de ancoragem, nós em cordas e fitas, treinamento em parede natural aconteceram em São Paulo. O batismo foi feito no final de semana do dia 17, na cidade de Brotas, interior do Estado.
Armando Galassini, guia de escalada, também acompanhou diversos aventureiros no mês das férias pela região da Pedra do Baú em São Bento do Sapucaí, onde existem vias de 20 a 300 metros de altura. A instrução é personalizada e o objetivo é transmitir algumas técnicas de segurança e manejo de equipamentos aos escaladores.
"O público compreende crianças, adolescentes, advogados, médicos e empresários que resolvem desafiarem-se numa situação desconfortável em que eles não têm controle", comenta Galassini.
Os interessados em fotografia puderam frequentar o curso avançado do Senac. Dividido em três modalidades, os alunos escolheram entre retrato e book, fotojornalismo, foto-editorial, ensaio pessoal e ampliação colorido-manual. De acordo com a assistente da área de fotografia, Verônica Galetti, "aproveitamos as férias para aumentar a carga horária das aulas e direcionar o curso para a fotografia de qualidade", diz ela. No dia 11 deste mês, acontece a caminhada fotográfica aberta ao público, promovida pelo Senac da Lapa, cujo tema é Jardim da Luz e o objetivo é fotografar lugares históricos e de destaque da cidade.
Pintura em Vidro
Quando criança, Paulina Alzamora Juliani, 29, adorava visitar as igrejas de seu país, o Chile. Nelas, o que mais chamava sua atenção eram as cores e os efeitos causados pelos enormes vitrais desenhados com personagens bíblicos. Essa lembrança e o gosto pelos vitrais terminou por influenciá-la profissionalmente: tornou-se artista plástica e há 10 anos trabalha com pintura em vidro. Em janeiro, Paulina coordenou a oficina gratuita de pintura em vidro no Sesc Pompéia.
"Durante as aulas as pessoas desenvolvem noções de desenho, aprendem a trabalhar com as capacidades da luz sobre a peça, proporcionando efeitos tridimensionais, provocando e até transformando o ambiente", comenta a artista. Segundo ela, o trabalho exige pouca habilidade.
A aluna Mara Vianna, 35, carregou suas filhas para o curso e afirma que a técnica aprendida será utilizada em sala de aula com seus alunos. Adélia Ferreira, 57, planeja reformar seu sítio e pintar todos os vidros. Já o gaúcho César Costa, 32, quer aplicar o trabalho manual como recurso em suas aulas de inglês. "É um trabalho simples e me exige paciência, como pescaria, eu acho. O que interessa é o processo e não o resultado final. Com isso não tenho nenhum compromisso artístico, posso experimentar o que eu quiser", finaliza.
Segundo a professora Paulina, a técnica aplicada em objetos como castiçais pode gerar negócios.