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Profissões

Em uma época em que se cultua a tecnologia, a máquina de escrever tornou-se o símbolo máximo da obsolescência. Em um passado não tão remoto, no entanto, a destreza na datilografia decidia a sorte da maioria dos candidatos a uma vaga no mercado de trabalho. "É necessário experiência na máquina", apontava o anúncio. Hoje, o tom ameaçador da exigência perdura, mas a lábia é outra. O locutor entoa: "Se você quiser uma colocação boa na vida aprenda informática...". Em seguida, enumera inúmeros cursos essenciais na carreira do interessado.

A jogada de marketing por trás desse conceito divino travestido de informática enluva os mais amplos aspectos da vida profissional. De conhecimentos rudimentares nos programas banais de processamento de texto, até a quase ilusória realidade virtual, o termo toma ares místicos e serve de bálsamo para todos os problemas que afligem o mundo.

A habilidade na lida tecnológica adapta-se ao grau de desenvolvimento de determinado período. A datilografia foi, durante muito tempo, requisito suficiente para o postulante ao mercado, mas, às vésperas do século 21, a evolução e a multiplicidade dos recursos se modificam em meses. Um exemplo: supriam-se as necessidades do jornalista e da secretária com o telefone e a máquina de escrever, cujo manual de instrução permaneceu inalterado por várias décadas. Agora, o bom desempenho na função depende de uma parafernália que evolui dia a dia. Sem o auxílio imprescindível de modens, lap-tops, celulares e agendas eletrônicas não se desempenha o ofício satisfatoriamente.

A panacéia atual tem diante de si um obstáculo nebuloso e ardil. Muitos profetas do tempo – sérios ou farsantes – enxergam no final do presente século uma pungente revolução industrial, em que os bens de produção e o capital são impiedosamente substituídos pela informação e transferência tecnológica. A velocidade inerente às mudanças bruscas e os despojos abandonados pela cauda do tornado atordoam, sem exceção, todos que sofrem com a turbulência.

Desemprego Aflige o Mundo

Dos fatos, surge uma pergunta. Diante desse novo fenômeno incoercível, quem são os principais prejudicados? A resposta, quase uníssona, traduz-se nos quatro cantos do globo e a ela se atribui o mais temido fantasma da virada do milênio: o desemprego.

Não há país, não há Governo que esteja indene à epidemia de homens e mulheres aptos para o labor relegados ao ócio econômico. E, como acusa o ditado, desamparados da "nobreza" própria da atividade remunerada. A "informática" referida acima torna-se uma dentre as múltiplas maneiras de se adequar à nova realidade. Daí a procura febril por "atualização tecnológica", que muitas vezes naufraga devido à inabilidade ou falta de preparo. Neste momento crucial da história são muitas as dúvidas, raras as previsões e apenas uma certeza: a de que o futuro do emprego tal qual o conhecemos hoje está em xeque, agravado pelo período de dificuldade econômica mundial.

Números não faltam. No Brasil os índices medidores da taxa de desempregos não se entendem. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) computou de janeiro a novembro uma taxa de 6,78% só para a cidade de São Paulo. Os números do instituto, no entanto, são considerados muito pequenos pela Fundação Seade/Dieese, que utiliza outro método para o cálculo do desemprego. "Para novembro de 1997, chegamos a um nível de 16,6% de desemprego, o maior desde o início da pesquisa em 1985. Traduzindo em números absolutos, calcula-se que haja 1,428 milhão pessoas desempregadas na região", atesta Sérgio Mendonça, economista e diretor técnico do Dieese. A diferença de quase 10% entre os dois órgãos deve-se ao método de obtenção dos dados.

Reconhecendo a idoneidade de ambas instituições, para motivo de análise, nota-se que, tomando uma média simples entre os números compilados tanto pelo IBGE como pelo Seade/Dieese, o desemprego aflige, e muito, o país. E neste contexto, nem mesmo as profissões forjadas pelas necessidades atuais, ou seja, aquelas vinculadas ao dinamismo tecnológico, escapam da sina da falta de cargos.

As Causas Recessivas

Apesar de ser uma mazela mundial, o desemprego no Brasil assume algumas feições particulares. Os economistas expõem algumas razões para justificá-lo. A primeira foi a abertura econômica introduzida a partir da década de 90 com o governo Collor, desembocando no Plano Real. A estagnação da economia e as medidas de contenção inflacionária são outros fatores que interferem na busca do emprego.

Assim explica Sinésio Pires Ferreira, economista do Seade: "O comportamento do mercado mudou muito do começo da década de 90 para cá. A abertura para produtos estrangeiros aumentou a competitividade e muitas empresas brasileiras quebraram. A consequência? Mais gente desempregada".

Mesmo quando os empresários contornavam as dificuldades criadas pela enxurrada de importados, as adaptações – tecnológica ou administrativa – conduziam de um lado à diminuição dos cargos disponíveis, de outro à deterioração de sua qualidade. Prossegue o economista: "Assistimos à redução do trabalho com carteira assinada (foram extintos 2,4 milhões de postos formais – com carteira assinada – na década de 90), mas, em contrapartida, houve um aumento gradual de inserção no mercado, através de postos alternativos, seja no mercado informal, seja como trabalhador autônomo".

A "revolução tecnológica" vem sendo responsabilizada pela poupança de mão-de-obra. A visão mística da máquina substituindo o homem nas tarefas indignas, permitindo à espécie preencher o tempo livre com atividades salubres e prazerosas, embriagava o sonho dos utópicos. Em resposta, o presente confirma a troca sistemática. No entanto, a bonomia prenunciada no passado permanece em sonhos feéricos.

No lugar, a realidade mostra que a automação na indústria, na agricultura, nos serviços e no comércio tira o lugar de trabalhadores de carne e osso. Caso típico é o setor bancário que entre 1990 e 1997 demitiu, em todo o país, 343.555 bancários, ou seja, variação de 38,7%. Muitos são os motivos para o movimento demissionário. Dentre eles, o principal é a rápida automação no atendimento. Segundo pesquisa da Febraban, em 1995 havia 53 mil equipamentos de auto-atendimento contra pouco mais de 25 mil em 1994. Os investimentos vultosos em tecnologia trazem de fato economia aos bancos. Em 1995, um gerente do Banco do Brasil afirmava que cada cheque descontado no caixa custava R$ 1,00 ao banco. Caso a operação se concretizasse em terminais eletrônicos, sem auxílio de funcionários, o custo caía para R$ 0,20 (fonte: Boletim Dieese). A conclusão é imediata: menos funcionários, menores gastos.

O dinamismo tecnológico, no entanto, não justifica por si só a diminuição dos postos de trabalho. "Fosse assim", argumenta Sérgio Mendonça, "o Japão teria uma das maiores taxas de desemprego. Mas não é assim (a ilha do Pacífico possui cerca de 3,5% de sua população economicamente ativa sem emprego, taxa considerada ideal)". Na realidade, com a economia proeminente, os desempregados expulsos pelas máquinas garantem lugar em outros ramos, já que a perda de um lado é compensada por ganhos em outro setor.

O Problema da Educação

No Brasil, associada à substituição de mão-de-obra pela máquina está a carência educacional do trabalhador para operar a tecnologia moderna. Para se ter uma idéia, a educação média do brasileiro gira em torno de quatro anos, contra doze ou treze em países desenvolvidos. Na vizinha Argentina, por exemplo, a média pula para oito. A profissão do futuro seja qual for depende intimamente dos conhecimentos básicos adquiridos na fase escolar, além de uma complexa rede de informações que permita ao trabalhador se adequar em outros setores. "Se no passado havia interesse em manter o povo ignorante, hoje é cada vez mais comum vermos as empresas manterem centros de aperfeiçoamento e educação para os funcionários", analisa Sérgio Mendonça.

O economista Elson Luciano Pires, doutor em Planejamento Regional da Unesp, completa: "Há uma enorme corrida das empresas, antes instaladas na capital, para o interior do Estado. Quando essas empresas chegam nas cidades menores, sendo estranhas ao município, o mercado que elas almejam não é aquele restrito, nem mesmo o nacional. A competição é externa, portanto, ela deve contar com uma mão-de-obra qualificada para sobreviver. Pior: se você pensa que a situação é delicada em São Paulo, imagine no Norte ou Centro-Oeste?".

Assinando uma coluna na Folha de S. Paulo, Gilberto Dimenstein evoca sempre aspectos ligados ao emprego. No fim do ano passado, o jornalista publicou a informação de que o Ministério da Educação dos EUA afirma que 89% dos empregos criados entre 1992 e 2000 demandarão conhecimentos de matemática, leitura, além de um mínimo de dois anos de estudo superior. A imagem do especialista, experto nas mais tênues minudências de determinada área, é substituída pela necessidade do profissional atento às disciplinas mais variadas, além do domínio amplo das modernas técnicas multimídia.

Em um mundo internacionalizado, em que produtos e capitais transitam livremente pelas fronteiras, a competição entre os mercados (países ricos e pobres) torna-se muito desigual. Uma das únicas saídas para equalizar o lapso é educar e agregar conhecimentos. A visão do clínico geral, que entrou em decadência devido às especificidades da medicina, volta à tona para delinear o profissional do futuro.

O Secretário Estadual do Trabalho,Valter Barelli, reforça o ponto de vista: "Historicamente costuma haver uma adaptação da sociedade às novas formas de emprego, mas é preciso investir em qualificação, principalmente na área de informática". Investir em educação parece ser a melhor saída para, a longo prazo, subsidiar os trabalhador com os requisitos mínimos para o bom desempenho na função e conceder-lhes uma chance de disputa em um mundo globalizado.

Mais Dados

Diante do panorama confuso, em que poucos se arriscam em previsões para os próximos anos, alguns dados concretos possibilitam uma análise mais cristalina do futuro. Em tempos recessivos, as pessoas pressionadas pela carência de trabalho buscam alternativas para driblar a crise. Assim, o número de trabalhadores que atuam "sem carteira assinada" aumenta. Normalmente de pior qualidade, os postos compreendem tanto o mercado informal, sem direito a nenhum benefício legal, como o autônomo que desenvolve atividade própria e gerencia o tempo e o dinheiro. Dados do Dieese mostram o avanço desse tipo de ocupação. Em 12 anos, o número de trabalhadores autônomos cresceu 78,4%, enquanto os trabalhadores assalariados aumentaram apenas 15,8%. O fato estarrecedor é que dos últimos, 88,4% não têm carteira assinada, contra 4,2% que cumprem o requisito legal.

Dessa forma, torna-se possível desenhar um novo perfil do trabalhador, que deixa os cargos tradicionais para empreender curso próprio. Nos EUA, ocorre um movimento parecido. Ainda conforme artigo de Dimenstein, é crescente o número de empresas que reduzem o número de horas trabalhadas em troca de produtividade. As experiências demonstraram que em casa o empregado renderia mais do que no escritório, resultando em consequências positivas para os dois lados. O empregador amealha mais proventos e o empregado mais tempo para a família e o lazer.

No Brasil, como mostram as pesquisas, o número de pessoas que buscam opções ao trabalho assalariado proliferam. Atrás dos autônomos tradicionais, caso de advogados e médicos, surgem profissionais atraídos pelas novas possibilidades tecnológicas como a Internet, o desenho gráfico, a arquitetura (ver fichas). Por trás dessa tendência, o Governo, mesmo implicitamente, através de medidas atraentes, como impostos reduzidos, facilidades e empréstimos financeiros, desperta a população para o sonho do negócio próprio. A propaganda seduz: "Seja dono do seu nariz. Faça você mesmo."

A idéia de auto-empreendimento, sem patrão, nem chefe, alicia mesmo. Mas o candidato a empresário sofre com óbices escarpados. Muitos não possuem tino comercial, característica fundamental para a lida mercantil. Outros entusiasmados pelo novo destino exageram o passo e tropeçam nas dificuldades. O Simpi (Sindicato de Médias e Pequenas Indústrias) revela através das pesquisas o destino dos que ousaram abrir negócio próprio. Dados auferidos pela entidade indicam que existem no Brasil 3,5 milhões de micro e pequenas empresas legalizadas que absorvem cerca de 60% da mão-de-obra. Outra constatação importante: a cada ano são abertas cerca de um milhão de novas empresas, mas devido aos inúmeros empecilhos econômicos e fiscais, apenas 20% delas sobrevivem por um ano.

O presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Luiz Chioc, confirma a tendência do pequeno empreendedor: "As pessoas estão cada vez mais preocupadas com a perda do emprego, além disso, percebe-se cada vez mais que a automação e a reestruturação produtiva tira o emprego de muitos. Por isso é muito comum as pessoas procurarem abrir o próprio negócio para poderem se adequar aos novos tempos". Outra característica que chama sua atenção é a necessidade de um preparo cada vez maior das pessoas para se ajustarem ao mercado. "Em qualquer ramo de atividade, você precisa ser o melhor. As empresas procuram funcionários com escolaridade alta, cursos de aperfeiçoamento e etc. Você imagina um taxista. Hoje é cada vez mais comum motoristas que falem mais de uma língua, que disponham de um telefone celular ou até mesmo de um lap-top", afirma.

Futuro Nebuloso

Fica claro, portanto, que a competição ríspida existe no âmbito interno e externo. Mas, para o brasileiro médio, carente de estrutura e formação adequada, competir nesses termos torna-se muito difícil. Depois, o sistema capitalista de produção, como o conhecemos hoje, sofre outras pressões impensadas tempos atrás. A sistemática ingressão das mulheres no mercado de trabalho, disputando com a população masculina (até então soberana) o mesmo número de cargos, reduz a possibilidade de emprego. Elson identifica nesse fato um dos principais motivos da aflitiva recessão. "A participação da mulher torna mais complexa a análise no mercado de trabalho. Houve um tempo em que a mulher era apenas um 'excesso de reserva', ou seja, caso houvesse necessidade de incremento da renda familiar ela ia trabalhar. Hoje, depois do movimento de independência feminina, a mulher passa a exercer cargos de chefia e direção. Mesmo que, na média, os salários ainda sejam inferiores, o IBGE mostra que a curva dos salários – masculinos e femininos – antes muito alargada, vem convergindo." O que isso significa? "Muitos setores não estavam preparados para a participação maciça das mulheres e esse fato provocou a reestruturação administrativa e operacional, causando, assim como a tecnologia, o aumento do desemprego."

Como visto, nenhuma cidade como São Paulo, que dedica a maioria dos investimentos no setor terciário da economia, ou seja, comércio e serviços, escapa da falta de empregos. Ao contrário, as altas taxas de desocupados assustam. Por essa razão, além de programas governamentais para treino e qualificação de pessoal (ver box com as soluções), entidades e empresas avocam a prerrogativa oficial e elas mesmas provêm o subsídio indispensável.

É o caso das empresas americanas que, de acordo com artigo de Dimenstein, gastam anualmente US$ 30 bilhões para treinar sua mão-de-obra. No fundo, a formação do profissional está cada vez mais ligada ao aprendizado e ao acúmulo de conhecimento. "No final do milênio, está sendo recuperado o conceito de aprendiz, exatamente como o criado na Idade Média: a idéia do aprendizado ligado ao trabalho", escreveu o jornalista.

De fato, a competição ferrenha para conquista de um espaço no mercado de trabalho se acentua cada vez mais. Os programas draconianos dos setores de RH, que promovem baterias de testes e atividades, a necessidade imponente de preparo e estudo, mesmo para ofícios menos sofisticados e a veloz evolução tecnológica e social forçam o trabalhador a ficar atento ao próprio preparo. Infelizmente, o Brasil, com seus irrisórios índices educacionais, não provê o mínimo, acarretando todos os malefícios causados pelo desemprego: a violência, a miséria e a ausência de auto-estima. E pior: não há previsão de bonança após a tormenta, pelo menos a curto prazo. Em suma, o futuro das profissões é incerto e nebuloso: o trabalho está em xeque.

O trabalho através dos tempos

A revolução agrícola possibilitou ao ser humano se tornar sedentário e desenvolver atividades manufatureiras, como a argila e confecção de armas (há dez mil anos).

Até meados do século 18, a produção era manual. Nesse período, foram inventadas as primeiras máquinas agrícolas que otimizaram a produção.

A partir do início do século 19, as máquinas ganham as fábricas. O algodão passa a ser processado mecanicamente em forma de tecido e a energia a vapor passa a ser utilizada em grande escala.

A substituição do trabalho manual por máquinas enseja mudanças profundas. A produtividade crescente vem acompanhada de condições baixíssimas de trabalho.

A Revolução Industrial dos séculos 18 e 19 sucita mudanças agudas. A tecnologia não pára de evoluir e os computadores fazem parte, cada vez mais, do nosso cotidiano.

O futuro é uma incógnita. Vários fatores contribuem para aumentar o desemprego, que atinge países ricos e pobres. A única certeza é que as profissões tal qual as conhecemos estão em extinção.

Depoimento

Em 1833, a situação dos trabalhadores ingleses era a pior possível. Para tentar amenizá-la foi instaurada uma sindicância para apurar os abusos. Vem dessa mobilização os primeiros benefícios trabalhistas conquistados pelos trabalhadores ingleses. A seguir depoimento concedido por Elizabeth Bentley:

Qual a sua idade?

Vinte e três.

Quando você começou a trabalhar na fábrica?

Aos seis anos.

Qual era sua jornada de trabalho? Das cinco da manhã às seis da tarde.

Por quanto tempo você trabalhou tanto assim?

Cerca de meio ano.

Quanto tempo permitiam-lhe para as refeições?

40 minutos ao meio-dia.

O seu trabalho é muito excessivo?

Sim. Você não tem tempo para nada.

Tinham o hábito de açoitar quem se atrasava com a tarefa?

Sim.

Você foi açoitada?

Sim.

Severamente?

Sim.

Combate ao Mal

O desemprego como já exposto não é exclusivo do Brasil. A mazela do fim do século arrasta efeitos danosos em vários continentes. Na Europa, o problema se agrava. Países como França, Espanha e Itália detêm taxas altíssimas de desemprego e o problema é motivo de discussões e simpósios que congregam os mais altos representantes dos Governos.

A Espanha apresenta a mais alta taxa de desemprego do continente, com 20,6% da população economicamente ativa na ociosidade. O problema vem sendo combatido em diversas frentes. Uma delas é a criação de contratos de trabalho alternativos ao tradicional. No país ibérico, por exemplo, há 15 tipos de contratos, dentre eles o contrato temporário semelhante ao aprovado no Brasil. Em teoria esse tipo de contrato permitiria que houvesse um trânsito maior entre os funcionários. As tentativas, no entanto, não vêm surtindo efeito.

Outra solução introduzida principalmente na Itália (12,8% de desempregados) consiste em uma espécie de um fundo público de complemento da renda do trabalhador durante o período em que ele estiver desempregado. No Brasil, há o fundo desemprego que beneficia o trabalhador sem emprego durante nove meses. Ocorre que para ter direito ao benefício, o pretendente deve satisfazer vários requisitos legais, entre eles ser assalariado, com carteira assinada. Os autônomos, por exemplo, não são cobertos pelo plano.

Na França (12,4% de desempregados), o Ministério do Trabalho desenvolveu um dos planos mais arrojados no combate ao desemprego: visa deslocar os trabalhadores do setor público para serem geridos por cooperativas. Um exemplo ilustra melhor a política francesa: cinco idosos que estejam em um asilo público pois não têm onde ficar. A internação tem um custo muito alto para o Governo. A solução pretende transferir as pessoas para as próprias casas recebendo cuidados de pessoas contratadas não pelo Estado diretamente, mas por uma cooperativa com receita própria e subsídio público. A medida pretende absorver cerca de 70% do contingente de desempregados e foi apresentada na Cúpula de Luxemburgo, realizada no fim do ano passado especialmente para tratar da questão do desemprego. A representatividade dos chomeur ("desempregados" em francês) é tão grande que houve uma intensa pressão popular no fim do ano passado para que o Governo abonasse em mais três mil francos (cerca de R$ 480,00) o seguro desemprego como bônus de Natal.

Nos Estados europeus, ao contrário do Brasil, o Poder Público consegue manter um padrão razoável de vida para os desempregados. Apesar das políticas de benefícios sociais onerarem muito as contas públicas, a riqueza desses países ainda consegue subsidiar os trabalhadores sem emprego.

Perigo

Se sua profissão estiver inclusa na lista abaixo, cuidado, ela está em perigo de extinção. A relação foi publicada por Gilberto Dimenstein na Folha de São Paulo em 28 de setembro passado:

fazendeiro
datilógrafo
digitador
revisor
copydesk
guarda-livros
contador e auditor
caixa de banco
costureira
faxineiro e servente particulares
operador de xerox, correspondência e outros equipamentos de escritório
operador técnico de máquinas para indústria têxtil
escriturário
carregador de material, estoques e carga
trabalhador rural
operador e técnico de máquinas de corte para plástico e metal
telefonista
instalador e técnico de PABX
montador elétrico e eletrônico
instalador e técnico de estações de informática
atendente de recursos humanos (exceto os que se ocupam da folha de pagamento)

Terceiro Setor

A situação delicada em que se encontra a oferta de empregos muito se deve à estafa dos sistemas público e privado que já não conseguem suprir os cargos imperiosos. Como alternativa, surgiu recentemente nos EUA e Europa um caminho situado entre os dois precedentes: o terceiro setor. Ainda um pouco misterioso, pode-se defini-lo como atividades de iniciativa privada sem fins lucrativos. É ainda incerto para os pesquisadores quais são as entidades que o compõem, mas, por outro lado, as ONGs são exemplos certos de entes pertencentes ao terceiro setor. Uma pesquisa realizada em sete países do mundo mostra como o terceiro setor aparece como opção para a lacuna de trabalho. Em 96, 46,9% da população economicamente ativa norte-americana estava empregada no terceiro setor. No mundo inteiro calcula-se que existam 12 milhões de pessoas vivendo diretamente do terceiro: as ONGs, um reduto para criação de novos empregos de gerência e administração completamente inéditos, além dos empregos indiretos criados.

Qualidade

A arquitetura é uma profissão milenar. A História contemporânea convive com seus preceitos técnicos muito antes do nascimento de Cristo. Hoje, sofre influências diretas da constante evolução tecnológica. O arquiteto Tomas Zaidan Amarante utiliza os recursos de informática para otimizar a produção. "É preciso deixar claro que os recursos de computação gráfica são apenas ferramentas para a consecução do trabalho e para apresentar ao cliente uma representação do projeto. O lápis e o papel são insubstituíveis e, o principal, a qualidade do trabalho jamais será alterada apenas com uso da informática."

Internet

Uma das mais novas tecnologias em uso é a Internet. Disponível para o grande público há pouco mais de três anos, a World Wide Web abre uma nova possibilidade para os profissionais da área. Edgard Steffen Jr. trabalha com informática e produção de imagens há vários anos e agora se define como web designer. "Sou o profissional que constrói as páginas e as coloca parafuncionar. No futuro, a Internet vai substituir todas as outras mídias, além de ser o maior shopping center do mundo. No futuro próximo o mercado selecionará os melhores e a área tende a crescer."