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Água de beber

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A água é o principal componente dos órgãos, tecidos e células do nosso corpo. “É responsável por transportar nutrientes, remover resíduos das células e manter nossa temperatura em variáveis climáticas”, explica a nutricionista Manoela Figueiredo. No entanto, dois bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água potável, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) revelam a ausência do fornecimento de água para 35 milhões de brasileiros. Para mudar esse quadro, está em trâmite uma proposta de emenda que inclui o acesso à água potável no rol de direitos e garantias fundamentais da Constituição Federal.

E quando há falta de cuidados com as águas de rios, mares e oceanos? O resultado é um cenário de contaminação por plásticos e outros componentes nocivos. Mestre em oceanografia pelo Instituto de Oceanografia (IO) da Universidade de São Paulo (USP), Flávia Cabral estudou o impacto de microplásticos no ambiente marinho e explica que é complexo quantificar sua presença nos mares. No entanto, a especialista destaca que a Organização das Nações Unidas (ONU) já estimou em oito milhões de toneladas a quantidade de plástico despejada nos oceanos anualmente. E os impactos desses resíduos para a saúde humana são alarmantes.

“Uma vez no mar, o microplástico funciona como uma esponja de poluentes, como pesticidas e herbicidas, acumulando e transportando esses contaminantes químicos. Organismos marinhos, como peixes, siris e mexilhões ingerem esse plástico, que pode até ser eliminado; entretanto, os poluentes podem ser transferidos para os tecidos desses organismos ou até mesmo penetrar em suas células. Ou seja, uma das principais questões que vêm sendo estudadas é o plástico como veículo transmissor de poluentes”, conta Flávia.

Produtos de consumo diário entram nessa equação, como embalagens, garrafas e outros. Somam-se ainda itens de higiene e limpeza cujas fórmulas contêm microplásticos. Até mesmo roupas sintéticas ou feitas de PET soltam microfilamentos de plástico quando colocados na máquina de lavar. Ou seja, da pia ou do chuveiro, essas substâncias chegam a rios e mares.

E os efeitos sobre a vida humana vêm sendo estudados, uma vez que contaminantes que provocam disfunções hormonais e estão associados a doenças como câncer são bioacumulados ao longo da cadeia alimentar e acabam chegando até nós, segundo a pesquisadora.

Atitudes que transformam

Esse cenário vem mudando com a conscientização e práticas sustentáveis de empresas, governantes e população. Neste ano foi sancionada uma lei que proíbe estabelecimentos comerciais da capital paulista de fornecerem talheres, pratos e outros produtos descartáveis feitos de plástico. Restaurantes, padarias, hotéis e outros espaços deverão se adequar à nova lei até janeiro de 2021.

“Existem muitas ações necessárias ligadas a novas tecnologias, economia circular, plásticos ‘biodegradáveis’ etc. Mas não temos outro caminho senão evitar que esse plástico chegue ao mar. Como cidadãos consumidores, nós precisamos entender o problema para que, de fato, faça sentido não usar uma garrafinha de água, uma sacola etc. É essencial pensar em mudanças de padrões de produção e consumo. A verdadeira solução passa por aí”, complementa a oceanógrafa.

 

2 milhões/ano de garrafas de água sem gás deixarão de ser descartadas pelo Sesc São Paulo

Mais de 8 milhões/ano de sacos de lixo já deixaram de ser descartados e foram substituídos por estações de descarte coletivo

Mais de mil toneladas de materiais recicláveis ou reaproveitáveis (plástico, papel, metal, vidro etc.) foram destinados a cooperativas ou entidades sem fins lucrativos em 2019

 

Sirva-se à vontade!

Iniciativas propõem reflexões e ações sobre água e sustentabilidade

Depois de eliminar canudos, sachês de temperos, forros de bandejas, saquinhos para talheres, entre outros utensílios plásticos, a partir deste mês, todas as unidades do Sesc São Paulo deixarão de vender garrafas de água sem gás. 

“Avaliamos e ajustamos constantemente os nossos processos, com o intuito de aliar segurança e qualidade às questões ligadas à sustentabilidade. É o caso da água, que agora é livre e gratuita, disponível em bebedouros/purificadores”, explica Debora Cravo, assistente técnica da Gerência de Alimentação e Segurança Alimentar.

“A oferta de água gratuita e de qualidade, sem gerar resíduos plásticos, possibilita a abertura de uma reflexão e um diálogo sobre consumo e destinação responsável de resíduos, compreendendo que podemos reduzir impactos socioambientais a partir de nossas escolhas”, destaca Ana Emília Cruz, assistente técnica da Gerência de Educação para Sustentabilidade e Cidadania.

A partir de agora, basta utilizar seu utensílio pessoal ou usar os copos retornáveis presentes nas comedorias. Sirva-se à vontade!

 

Confira alguns destaques da programação:

24 DE MAIO

Como Garantir o Acesso à Água Como Direito Fundamental

A unidade promove um bate-papo com Edson Aparecido da Silva, secretário-executivo do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), e Edvaldo Gonçalves de Souza, coordenador estadual do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), sobre o acesso à água – um direito de todos e todas.

(Dia 24/3, das 18h30 às 20h30)

INTERLAGOS

Fluxo das Águas

No painel criado por Patrícia Yamamoto, geógrafa e ilustradora, a água e o bioma da Mata Atlântica são abordados de forma educativa e lúdica em seus aspectos e dinâmicas físico-ambientais. A instalação foi apresentada durante a edição de 2019 da mostra de práticas socioambientais inspiradoras Pétala por Pétala: O Rio Passa dentro de Nós.

(Até 28/6, de quarta a domingo, das 9h às 17h)

POMPEIA

À Deriva

Um barquinho atracado em um “mar” de garrafas plásticas ocupa o Deck da unidade para chamar a atenção do público sobre a relação entre o excesso de embalagens plásticas e a poluição de rios e oceanos. A instalação foi criada pelo artista Jaime Prades.

(De 3 a 29/3, de terça a domingo, das 10h às 21h)

 

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