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Entre a construção e a apropriação
Geraldo de Barros, Rubens Gerchman e Antonio Dias evidenciaram as poéticas construtivas, sem deixar de lado a cultura de massas dos anos 1960
O intervalo entre os anos 1950 e 1960 reuniu diferentes talentos. Entre eles, uma trinca de peso se destacou: um, artista de referência em experimentação fotográfica e pintura geométrico-abstrata; o segundo, experiente programador visual de revistas impressas, como Sétimo Céu e Manchete, desenvolvendo-se artisticamente por meio de produções com temática urbana, expressando-se por fotografias; e o terceiro, também colaborador de revistas, atuou como desenhista de arquitetura e artista gráfico, logo que começou com exposições individuais, a primeira em 1962 (galeria Sobradinho, no Rio de Janeiro), saltou para participações em exposições internacionais, destacando-se a 4ª Bienal de Paris, em 1964.
O trio descrito acima é formado por Geraldo de Barros (Chavantes, SP, 1923-1998), Rubens Gerchman (Rio de Janeiro, RJ, 1942-2008) e Antonio Dias (Campina Grande, PB, 1944). No início da carreira, os três se interessaram pela vertente abrasileirada do expressionismo e guardam em comum a atuação gráfica, “não apenas na gravura de arte, mas no trabalho comercial com ilustração e design gráfico”, informa João Bandeira, pesquisador e crítico de artes visuais, curador da exposição Entre Construção e Apropriação – Antonio Dias, Geraldo de Barros e Rubens Gerchman nos Anos 60 (veja boxe Mistura boa).
RENOVAÇÃO DA LINGUAGEM
Para o curador, os três artistas têm, em comum, uma habilidade para articular o legado construtivo da arte concreta e neoconcreta, seja na pintura ou no objeto. Bandera reforça ainda o empenho de ambos para a renovação da linguagem artística, sem desconsiderar a veloz expansão das estratégias e produtos da cultura de massa. “Um dos principais problemas desses três artistas foi o de produzir em meio à proliferação de técnicas e imagens da ‘cultura de massas’ e a uma venenosa combinação de conservadorismo e opressão, que emergiu com o Golpe de 1964”, opina o curador. “Mesmo que as condições atuais sejam outras, muitas coisas parecem estar voltando a ser como naquela época e os artistas de agora lidam com problemas em boa parte similares aos que Antonio, Geraldo e Gerchman enfrentaram.”
Mistura boa
Exposição coloca em foco aspectos da produção dos três artistas
Ao desfrutar o universo de vários artistas no mesmo ambiente, é possível colocar em perspectiva não só a produção, mas o contexto histórico de atuação dos realizadores. Esse movimento pode ser feito durante a exposição Entre Construção e Apropriação – Antonio Dias, Geraldo de Barros e Rubens Gerchman nos Anos 60, aberta à visitação no Sesc Pinheiros a partir do dia 6 deste mês. Com curadoria de João Bandeira, as obras selecionadas apresentam o legado da arte construtiva no Brasil, abarcando aspectos técnicos, estéticos e suas implicações sociais. Atividades integradas fazem parte da exposição.
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