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Conhecimento que Germina

SEMINÁRIOS SE CONSOLIDAM NÃO APENAS COMO MEIO DE DIVULGAÇÃO DE PESQUISAS, MAS TAMBÉM COMO FERRAMENTAS DE EDUCAÇÃO E DIÁLOGO ENTRE ESPECIALISTAS E O PÚBLICO

Conjunto de práticas de debate público, os seminários se consolidaram como uma das ferramentas educativas mais potentes. Seja para iniciação ou para aprofundamento em temas diversos, servem como via de mão dupla para difundir conhecimento e promover debates entre especialistas e público.

“Por permitirem oferecer panoramas sobre um tema e aprofundar cada aspecto dele, os seminários são ferramentas muito eficientes de educação”, avalia o sociólogo Richard Miskolci, curador do seminário Queer, Cultura e Subversões das Identidades, que ocorre no Sesc Vila Mariana em setembro. Ele explica que, apesar de não haver uma fórmula para a organização desse tipo de evento, as mesas ou eixos de discussão devem contribuir para que o público tenha uma experiência positiva de descobertas e aprendizado.

“É fundamental conhecer a fundo o tema do seminário para poder pensar em como torná-lo um meio para a introdução ou aprofundamento”, afirma. “A composição do seminário, ou seja, a definição dos e das palestrantes, deve unir a expertise de cada pessoa com as melhores condições para que sua apresentação se articule com outras, esclarecendo e ampliando o espectro de reflexões.”

A dinâmica dos seminários pode variar de acordo com o tema, os participantes e o público. “Há formatos mais interativos, em que se pode ouvir a plateia, suas dúvidas e inquietações. Isso é muito enriquecedor”, exemplifica. “O seminário não precisa ser só um meio de mão única para a divulgação de um tema ou vertente de pesquisa. Ele pode ser um ponto de contato entre especialistas e interessados, uma fonte também para fazer pesquisadores pensarem a partir da vida cotidiana ou sob perspectivas diferentes da acadêmica.”

O sociólogo e assistente técnico da Gerência de Estudos e Desenvolvimento do Sesc Fernando Marineli ressalta que se deve pensar forma e conteúdo juntos e que, por isso, cada assunto demanda um tratamento específico. “O principal é identificar os temas que possuem importância sociocultural e pesquisá-los exaustivamente, mapeando o que já foi dito e as pessoas que se dedicam ao assunto”, explica. Para isso, a busca da pluralidade é fundamental: “Olhar para fora da academia é um exercício essencial, assim como pensar em áreas diversificadas, fugindo da mera polarização de posições, mas garantindo que as divergências existentes em torno de um tema sejam evidenciadas”.

Um debate rico é capaz de estimular o pensamento autônomo ao se comunicar com as referências que possuímos, analisa Fernando: “Ao mesmo tempo, nos convida a avançar, apontando para a possibilidade de que os papéis desempenhados em cada uma dessas ocasiões possam ser intercambiáveis ao longo do tempo e em função daqueles domínios em que transitamos”.
Fernando lembra ainda que a recriação permanente dos espaços públicos de debate permite que pessoas com diferentes aproximações em relação a um assunto participem: “O espaço cedido para os especialistas não deve conformar uma instância impenetrável que sirva apenas para deixar boquiaberto um público incauto. Pensar sobre os destinos humanos é uma necessidade básica que precisa estar ao alcance de todos”.


DEBATES para DIVERSOS PÚBLICOS
COMEÇO DO SEGUNDO SEMESTRE TEM FARTA PROGRAMAÇÃO DE SEMINÁRIOS NAS UNIDADES

• CICLO MUTAÇÕES: O NOVO ESPÍRITO UTÓPICO – Sesc Vila Mariana – 12/8 a 7/10
O ciclo de conferências propõe a reflexão sobre as perspectivas criadas pela revolução tecnocientífica e biotecnológica. Concebida e organizada pelo filósofo Adauto Novaes, a programação conta com palestrantes nacionais e internacionais e pretende analisar os dois mundos da utopia – do humanismo e do pós-humanismo.

• SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES
“NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A PRÁTICA PROFISSIONAL” – Sesc Pompeia – de 26 a 28/8
Com o apoio institucional do Comitê Paralímpico Brasileiro, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada (Sobama), o seminário trouxe discussões e reflexões sobre formas de inclusão de pessoas com deficiência e necessidades especiais nas áreas da educação física e dos esportes. A programação contou com conferências, palestras, workshops, vivências, rodas de diálogo e mesas-redondas, possibilitando fomentar novas estratégias e propor ferramentas de ensino que facilitem o trabalho do educador, criando condições para que a pessoa com deficiência possa se sentir acolhida e inserida na atividade.

• QUEER, CULTURA E SUBVERSÕES
DAS IDENTIDADES – Sesc Vila Mariana – 9 e 10/9
Parceria do Sesc com a revista Cult, o objetivo é levar ao público algumas das temáticas que os estudos queer têm desenvolvido desde a década de 1980. A corrente de estudos queer tem origem multissituada, abarcando pesquisas e reflexões de autores de vários países. Em comum, a perspectiva queer articula uma crítica à hegemonia heterossexual. A heterossexualidade, portanto, é vista e analisada como uma imposição cultural com graves consequências políticas para aqueles que não a incorporam. A programação é dividida em eixos de discussão sobre Cultura e Política, Educação, Saúde e Aprendizados, Gênero e Sexualidade e Contra Hegemonias. O seminário tem transmissão online no portal sescsp.org.br/seminarioqueer.

• SAPIENTIA – ARQUEOLOGIA DE UM SABER ESQUECIDO – Sesc Consolação – 15 e 16/9
Com Curadoria de Norval Baitello Junior e Christoph Wulf, o seminário traz discussões sobre a sabedoria, valor que caiu em desuso na cultura ocidental contemporânea, frente a uma nova forma hegemônica de dimensionar pessoas, objetos e acontecimentos: o critério denominado genérica e ingenuamente “informação”. Entre os debates a serem levantados estão questões como “O que seria a sabedoria hoje?”, “O que significa resgatá-la nos nossos dias?” e “O que teríamos que considerar atualmente necessário para resgatar este saber esquecido?”.

• ENCONTRO INTERNACIONAL ESPAÇOS CULTURAIS URBANOS - Sesc Bom Retiro – 22 e 23/9
Busca abordar as relações entre os conceitos de cultura e espaços urbanos, proporcionando reflexões e debates de temas como: identidade e memória, conflito e convivência, expressões artísticas, regeneração urbana, planejamento e gentrificação, sustentabilidade, gestão em espaços públicos. Explorando as inúmeras possibilidades de leitura sobre a paisagem urbana, o encontro tem a intenção de ser um lugar para compartilhar as interpretações sobre os espaços culturais das cidades e para imaginar utopias urbanas.