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Carta ao leitor
Há 500 anos, navegadores portugueses e espanhóis venciam o desafio de atravessar mares desconhecidos, descobrindo novos territórios. Iniciava-se a saga de colonização e disputa por terras que pareciam não ter fim. Portugal alargou o quanto pôde os limites de seus domínios, aproveitando-se de artimanhas cartográficas e diplomáticas para violar seguidamente o Tratado de Tordesilhas, assinado para pôr fim às pretensões territoriais das coroas portuguesa e espanhola.
A luta pela expansão das fronteiras não se restringiu aos gabinetes, mas materializou-se nos campos de batalha, principalmente no sul do continente, onde a rivalidade permaneceu por longo tempo, e somente agora tende a desaparecer, sob o signo da integração comercial.
A matéria de capa desta edição relembra esses fatos, mostrando ao leitor a história sinuosa dos limites geográficos do Brasil. São nossas fronteiras, hoje novamente em foco diante do fenômeno da globalização. Os modernos navegantes, a serviço dos mercados internacionalizados e a bordo das maravilhas tecnológicas da informatização, já não visualizam barreiras fronteiriças. Avançam quanto podem, ou quanto lhes permite a audácia comercial ou a competitividade de suas organizações empresariais.
Na contramão desse processo, o Brasil ainda ensaia a definição prática de seus limites amazônicos, ignorados por traficantes e contrabandistas, para os quais a globalização é realidade há muito tempo.