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De Campinas para para os palcos do mundo

Por: CECILIA PRADA

Existente e atuante há 27 anos, o grupo teatral Lume-Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais, da Universidade estadual de campinas (Unicamp), ja´ se tornou, tanto no Brasil quanto no exterior, refere^ncia cultural indispensa´vel de um “teatro de ator” inserido plenamente nas te´cnicas de atuac¸a~o performa´tica que revolucionaram o cena´rio mundial no decorrer do se´culo passado. Baseado no distrito campineiro de Bara~o Geraldo e, desde 1994, integrado a`quela universidade, o pequeno grupo de atores (eram quatro apenas, no ini´cio, e hoje sa~o sete) conseguiu sobreviver, sem dotac¸o~es extraordina´rias, no despojamento de uma vida quase mona´stica, desenvolvendo de maneira conti´nua e sistema´tica suas propostas iniciais. e soube articular pesquisas, espeta´culos e laborato´rios do mais alto ni´vel tanto pelas numerosas viagens empreendidas quanto pelo trabalho levado a cabo com os mais importantes profissionais do mundo. Enfim, e´ um nu´cleo que agrega, atualmente, tambe´m outras atividades culturais correlatas, como a publicac¸a~o de livros e de uma revista especializada, ale´m de servir de paradigma a numerosos outros conjuntos teatrais independentes, que com o Lume se entrosam em trabalhos ocasionais ou de longo curso.

Sua fundac¸a~o, em 1985, resultou de um sonho, do trabalho constante, da grandeza de espi´rito e da vontade de um jovem dotado de personalidade excepcional: Lui´s Ota´vio Sartori Burnier Pessoa de Mello, nascido na ve´spera do natal de 1956, em campinas, uma das maiores cidades do interior paulista, e falecido em 1995, aos 38 anos de idade. Sua passagem pelo mundo caracterizou-se pela intensidade pro´pria dos que parecem adivinhar que na~o dispora~o de muito tempo, e que seu destino sera´ o de produzir uma luminosidade irradiante sobre aqueles que lhes sa~o pro´ximos – perpetuada e difundida depois em outros lugares e tempos.

O pro´prio nome do grupo, escolhido por ele, explicita isso: “A`s vezes a luz pode estar em um detalhe que, de ta~o pequeno, a no´s pode passar desapercebido. Qualquer feixe de luz deve ser seguido, e se for falso, uma ilusa~o, voltamos ao ponto de partida. E isso deve ser feito repetidas vezes, até que se encontre algo significante, um lume que guie".

A paixa~o pela mi´mica, a superconscientizac¸a~o do corpo como instrumento primordial da ac¸a~o teatral, a pesquisa constante da “dilatac¸a~o” dos limites corporais – visando atingir a expressa~o mais profunda possi´vel do inconsciente humano, para em seguida entrosar-se no trabalho coletivo, na comunicac¸a~o com as mais variadas plateias – foram etapas que marcaram desde menino a carreira arti´stica de Burnier. No ambiente culto e refinado da reside^ncia da fami´lia ele brincou, como tantos outros meninos, com elementos daquela “sacralidade” vinda da liturgia cato´lica, capaz de transformar toalhas bordadas em vestes rituais para um altar imagina´rio, pais e irma~os em “fie´is”, e ele pro´prio na figura do celebrante e mediador do “ma´gico”. Essa autoformac¸a~o o encaminhou sem hesitac¸a~o para a mi´mica e para a venerac¸a~o do grande artista france^s Marcel Marceau, mestre do ge^nero. Aproveitando o que sua cidade–tradicional centro de cultura e arte desde o se´culo 20 – lhe oferecia, ele fez parte da primeira turma do curso livre de Teatro, criado no conservato´rio carlos Gomes por outra ilustre personalidade teatral, Teresa aguiar, que ainda hoje permanece em campinas, dirigindo, ha´ mais de 40 anos, o Teatro arte e ofi´cio (Tao).

A possibilidade de completar, muito jovem ainda, sua formac¸a~o arti´stica no exterior – nos estados Unidos e na Franc¸a – foi relevante para sua carreira e para o grande legado que deixou em nosso panorama teatral. Em 1973, Burnier passou um ano estudando em Warren (Michigan), nos estados Unidos. Retornando ao Brasil, retomou os estudos com Teresa aguiar e apresentou em Campinas, com muito sucesso, um primeiro espeta´culo solo de mi´mica, Burna. Em 1975 embarcou para Paris com uma bolsa de estudos, que o fez chegar ate´ o famoso mi´mico E´tienne Decroux, enta~o com 75 anos, mestre de va´rias gerac¸o~es de mimes, entre eles Jean-louis Barrault e Marcel Marceau.

Burnier permaneceu na Franc¸a oito anos, inteiramente dedicado a estudos teatrais do mais alto ni´vel, tornando-se inclusive bacharel e mestre pela sorbonne. Ale´m disso, po^de aproveitar ao ma´ximo o fato de estar em um dos grandes centros (os outros eram nova York e londres) em que, na e´poca, se desenrolava – desde os anos 1960 – a grande e multiforme renovac¸a~o teatral que se estende ate´ hoje pelo mundo. Esse movimento teve como estopim o pensamento e a inspirac¸a~o poe´tica de um “louco” genial, o escritor e homem de teatro france^s Antonin Artaud (1896-1948), criador de um teo´rico “teatro da crueldade” que serviu de base para as va´rias formas assumidas na renovac¸a~o teatral: teatro do absurdo, de agressa~o, de pesquisa, de coletivo, de ator, gestual etc. impunha-se uma ruptura total com o teatro digestivo, “psicologizante”, discursivo, burgue^s e vazio da e´poca, revitalizando as artes ce^nicas para que pudessem expressar mais adequada- mente “o ritmo selvagem e epile´ptico de nosso tempo” – como escreveria artaud no livro O Teatro e seu Duplo (Le The´a^tre et son Double), de 1938, uma das mais influentes obras do ge^nero do se´culo 20.

Vive^ncia do mito

Os depoimentos que temos sobre o constante trabalho desenvolvido por Burnier – principalmente o dos atores que partilharam de suas experie^ncias e que constituem ate´ hoje o grupo Lume – permitem avaliar a sincronia de sua evoluc¸a~o como ator e diretor com os princi´pios que, por sua vez, incorporavam em seu fazer teatral algumas das mais tradicionais te´cnicas do teatro oriental – afastando-se do racionalismo europeu e ligando-se a` vive^ncia do mito, dos rituais tribais, do “encontro” que e´ tambe´m um “confronto” entre inte´rprete/espectador, exacerbando o poder de cata´lise e de transformac¸a~o pessoal e, consequentemente, social.

No Brasil dos anos 1970, quando Burnier iniciava suas pesquisas, aquilo era algo inusitado – e vinha na contrama~o absoluta da corrente social dos grupos que enta~o se destacavam, e que se achavam empenhados em ac¸a~o poli´tica vital contra a repressa~o dos governos militares. Para as companhias que fizeram a histo´ria teatral da e´poca – Arena, Oficina, Paiol e outras –, nada era mais adequado (com raza~o, visto o tipo de programac¸a~o desenvolvida) do que ainda o tradicional Me´todo Stanislavski, criado pelo diretor russo nos dois primeiros dece^nios do se´culo 20 e transposto na de´cada de 1930 para os estados Unidos – onde, justamente, chegaria a` saturac¸a~o 30 anos mais tarde, no famoso actors studio, de lee strasberg. no Brasil, somente nas de´cadas de 1960 e 1970, o me´todo foi ensinado a toda uma gerac¸a~o de atores pelo russo euge^nio kusnet, cujos “laborato´rios” ganharam fama.

Na formac¸a~o de seu nu´cleo de trabalho com outros atores, Burnier executou tambe´m, de maneira integral, o que, do outro lado do atla^ntico, o polone^s Jerzy Grotowski realizava e teorizava com seu “teatro pobre” – que, em primeiro lugar, prescinde na~o somente de todos os acesso´rios e dispositivos que, no correr dos tempos, foram se associando ao ato teatral , mas do pro´prio local convencional da “representac¸a~o”. Porque, diz, “a esse^ncia do teatro e´ um encontro... Um extremo confronto, sincero, disciplinado, preciso e total” entre duas pessoas, ator e espectador, para o qual o ator se prepara “com o envolvimento de todo o seu ser, desde seus instintos e seu inconsciente ate´ seu estado mais lu´cido”.

Esse despojamento da ac¸a~o teatral, essa sua reduc¸a~o ao essencial, que levam a` recuperac¸a~o de um teatro gestual pri- mitivo – anterior ao teatro da linguagem predominante no ocidente –, foram pesquisados e elaborados por outros grandes diretores, como o ingle^s Peter Brook, em Londres e Paris, e em grupos teatrais de importa^ncia histo´rica principalmente em nova York e sa~o Francisco, como uma conseque^ncia do movimento beatnik. (Tive a honra, a felicidade, de ligar-me a um desses grupos em nova York, de 1962 a 1964, o The open Theater de Joe chaikin, na~o somente como dramaturga mas como advisor. Escrevi mesmo, para eles, uma plataforma de dramaturgia, que De´cio de almeida Prado publicou, em 1964, no “suplemento litera´rio” de “o Estado de S. Paulo”, que dirigia.)

O ator Carlos Simioni, que em 1985 foi cofundador do Lume, com Burnier e com a musicista Denise Garcia (com quem Burnier se casaria, no mesmo ano), conta como se deu sua iniciac¸a~o no trabalho, em um curso dado pelo artista campineiro no Rio de Janeiro, em 1984: “no primeiro dia, tivemos quatro horas de treinamento. No segundo dia, eu nem podia me mexer; decidi que na~o queria ser ginasta, mas ator, mas um amigo me convenceu a experimentar mais um pouco o me´todo. nesse dia, ultrapassei meus limites e descobri um modo novo de trabalhar com o corpo. Um me^s depois, disse a Lui´s que queria ser seu disci´pulo. Ele me olhou e respondeu que so´ se fosse por 20 anos. Aceitei. Esse foi o pacto para a criac¸a~o do Lume”.

Parcerias internacionais

o Treinamento energe´tico e´ ate´ hoje a base do trabalho do grupo. Trabalhando em ritmo muito ra´pido ate´ ultrapassar os limites da exausta~o fi´sica, o ator extravasa ac¸o~es corporais e sonoras genui´nas e desenvolve um poder de concretizac¸a~o de uma ac¸a~o no espac¸o – uma verdadeira Danc¸a Pessoal que cada qual desenvolve, matrizes que sa~o incorporadas a seu reperto´rio pessoal. constitui´da por exerci´cios que desembocam em outra linha te´cnica, a Mi´mesis corpo´rea consiste na observac¸a~o de ac¸o~es fi´sicas e vocais cotidianas, mas vai ale´m da simples imitac¸a~o, segundo a definic¸a~o de Burnier, em sua tese de doutorado na Unicamp, “a arte de ator – Da Te´cnica a` Representac¸a~o”: “a ampliac¸a~o do espac¸o da sala de traba- lho para o mundo, pois ela transforma o espac¸o-tempo-outro em material de tra- balho, e potencializa o outro-fora como campo de afeto que intensifica o dentro singular do corpo do ator”.

Definido mais tarde por muitos como “um delicioso grupo de inspirados ar- tistas” – nas palavras de Gardi hutter, artista e escritora sui´c¸a –, o lume agregou somente quatro pessoas, nos primeiros anos, pois em 1987 juntou-se a eles o artista Ricardo Puccetti, que se tornaria o principal clown do grupo. O elemento co^mico esta´ sempre presente em todas as criac¸o~es do reperto´rio do Lume, que incorporaria a pra´tica constante dos “retiros” de criac¸a~o co^mica. Puccetti, que chegou a fazer na Ita´lia um espeta´culo, La Scarpetta, com o grande artista co^mico nani colombaioni, um colaborador de Federico Fellini, ressalta a necessidade de individualizac¸a~o do trabalho do clown: “o palhac¸o na~o tem ro´tulos, ele na~o e´ necessariamente puro, anjo ou demo^nio, masculino ou feminino, na~o podemos querer enquadra´-lo”.

O Lume ja´ encantou plateias na Argentina, Peru, Equador, Boli´via, Gre´cia, Dinamarca, Finla^ndia, Noruega, Ita´lia, Espanha, Inglaterra, Esco´cia, Franc¸a, Slemanha, Be´lgica, Estados Unidos, canada´, Me´xico. Dizem seus membros: “Bara~o Geraldo e´ nossa casa. Mas em nossas viagens levamos sempre nossa casa-arte e nos va´rios lugares construi´mos fundac¸o~es-fortes”. Em seus quase 30 anos de existe^ncia, o grupo criou cerca de 24 espeta´culos – dos quais uns 13 constituem seu reperto´rio permanente –, entre os quais figuram: Parada de Rua; Sonho de I´caro (comemorativo de 25 anos de sua fundac¸a~o); Maca´rio; Vidas em Fuga; O Que Seria de No´s sem as Coisas Que na~o Existem; Afastem-se, Vacas, Que a Vida E´ Curta; Contadores de Histo´rias; Cafe´ com Queijo e o Os Bem-Intencionados. Em 2005, o espeta´culo Shi-Zen, 7 Cuias, foi aclamado no Festival de edimburgo (Fringe) e, no mesmo ano, o lume foi declarado Polo de cultura pelo Ministe´rio da cultura.

O grupo manteve tambe´m parcerias com os mais famosos profissionais das artes ce^nicas do mundo, tais como: iben nagel Rasmussen e kai Bredholt (odin Teatret, Dinamarca), Natsu Nakajima e Tadashi endo (Japa~o), nani e leris colombaioni (ita´lia) e sue Morrison (canada´). nota´vel foi o relacionamento de amizade e de trabalho que Burnier desenvolveu com um dos maiores homens de teatro, o dinamarque^s eugenio Barba, diretor do odin Teatret e fundador da international school of Theatre anthropology (ista), que o considerava como seu irma~o mais novo.

O grupo atual e´ composto por Ana Cristina Colla, Carlos Simioni, Jesser de souza, naomi silman, Raquel Scotti Hirson, Renato Ferracini e Ricardo Puccetti. O u´ltimo espeta´culo encenado, Os Bem-Intencionados, mantido em cartaz de 1o de agosto a 30 de setembro de 2012 no teatro do sesc Pompeia, em Sa~o Paulo, exemplifica o rigor e o aprofundamento necessa´rios a um trabalho de criac¸a~o coletiva. Decididos, desde 2001, a experimentar outras linguagens, que viriam se sobrepor a` bagagem de te´cnicas corporais e vocais desenvolvidas em quase 20 anos, os atores do coletivo trabalharam 12 anos para dar ao espeta´culo sua forma definitiva, que representa mais um turning point na histo´ria do Lume. Como dizem eles pro´prios: “Pela primeira vez comec¸amos a elaborar personagens cartesianas, com ge^nese, construc¸a~o psicolo´gica e tudo mais” – uma mudanc¸a de direc¸a~o principalmente no que se refere a` “palavra” (reconhecida como essencial, apo´s tantos anos de gestualidade). Para isso, contaram com a colaborac¸a~o da dramaturga e diretora Grace Passo^. Como diz a atriz Ana Cristina Colla, “com ma~os suaves, gestos precisos, Grace foi tecendo fio por fio. Nosso fazer se engrandeceu, se agigantou e veio junto um gosto bom, de comidinha bem-feita, temperada por muitas ma~os, visi´veis e invisi´veis”.

Patrimo^nio cultural

A pesquisa entre a populac¸a~o brasileira de a´reas rurais distanciadas dos grandes nu´cleos urbanos – para um levantamento de material de tradic¸a~o oral que pudesse ser aproveitado em um espeta´culo, Contadores de Histo´rias, foi empreendida, em 1993, pelo Lume, sob orientac¸a~o do pro´prio Burnier. Ressaltava ja´ nesse primeiro trabalho uma preocupac¸a~o, mantida ate´ hoje pelo grupo, de personalizar a pesquisa com o fim de incluir a “observac¸a~o ativa”, ou “observac¸a~o-imitac¸a~o”: isto e´, houve sempre na~o somente a intenc¸a~o de colher dados, lendas e contos folclo´ricos das va´rias regio~es do pai´s, mas de utilizar as diversas te´cnicas corporais incorporadas pelos atores na recriac¸a~o dos pro´prios “narradores” como personagens tridimensionais, em sua fala, em seus gestos, em seus tiques, codificando-os para o posterior trabalho de encenac¸a~o.

Tre^s anos apo´s a morte de Burnier, em 1997, outro empreendimento do ge^nero foi realizado, ja´ sob a orientac¸a~o da professora e pesquisadora da Unicamp suzi Frankl sperber – que exerceu durante 13 anos (de 1996 a 2009) o cargo de coordenadora do grupo. Foi feito um aprofundado e extenso trabalho de pesquisa e coleta de depoimentos de habitantes de regio~es ribeirinhas da Amazo^nia, que partiu de uma ideia inicial de aproveitamento do livro Cem Anos de Solida~o, de Garci´a Ma´rquez, mas baseou-se na observac¸a~o, principalmente, da populac¸a~o idosa daquelas a´reas, para ser aproveitado depois em dois espeta´culos, Afastem-se, Vacas, Que a Vida E´ Curta, e Cafe´ com Queijo. E que esta´ hoje detalhadamente descrito, com transcric¸a~o de textos e ana´lise do trabalho de corpo dos atores, no livro de sperber, Contadores de Histo´ria da Amazo^nia Ribeirinha, lanc¸ado pela editora Hucitec/Fapesp em outubro de 2012.

Especialista em teoria litera´ria e em pesquisas da oralidade, a professora conseguiu, como diz, “estabelecer uma ponte entre o nu´cleo e a Unicamp”, esforc¸ando-se ao ma´ximo para manter a coesa~o dos atores e a continuidade das propostas iniciais, “pela liberdade de ac¸a~o, pela superac¸a~o do que parece impossi´vel, pela instaurac¸a~o do imagina´rio e do ma´gico”. Para sua surpresa, o trabalho realizado pelo grupo acabou se tornando mais importante e vivo que a simples coleta e acu´mulo de material mi´tico ou folclo´rico: “a histo´ria de vida pessoal, o registro da memo´ria dessas pessoas-personagens, entrelac¸adas, costuradas, se revelaram mais ricos e novos que a repetic¸a~o de narrativas lenda´rias. E´ que a memo´ria viva foi apanhada com a corporeidade viva, dois fatores preciosos para o teatro de ator”.

Na~o ha´ du´vida de que dotados de tanto profissionalismo performa´tico, da capacidade de pesquisa demonstrada em suas entradas serta~o adentro, de um sagrado deli´rio imaginativo que os possui qual lume permanente, os atores do grupo de Bara~o Geraldo continuara~o a nos dar espeta´culos de grande expressividade, que rompem os limites convencionais da relac¸a~o ator/espectador e justificam plenamente aquele “orgulho de criac¸a~o” assim expresso pelo ator Renato Ferracini: “no processo de criac¸a~o do espeta´culo [Os Bem-Intencionados], pude chacoalhar a poeira desse lugar esquecido da utopia real do teatro e gritar que eu, com orgulho, continuo sendo um absoluto bem-intencionado-inge^nuo-nai¨f-uto´pico ainda mais deslumbrado”.