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O envelhecimento e a transitoriedade da vida humana

DANILO MIRANDA

Nosso ciclo de vida é marcado por fases determinadas pela genética da espécie e por condicionamentos culturais. A vivência e a transposição desses vários momentos da existência do homem apresentam distintos contornos de uma sociedade para outra, diversidade visível se voltarmos o olhar para a história das civilizações; ou se, hoje, compararmos hábitos e  costumes de povos do norte e do sul, do ocidente e do oriente do planeta. As mudanças na vida, no entanto, muitas vezes não são previsíveis, não tem data certa para acontecer, fatos tristes ou alegres e que, de alguma forma, representam perdas e ganhos.

A mudança percebida como ganho é aquela que valoriza o novo,o começo de novas experiências e promessa de dias felizes. Se o término, previsível ou não, de uma fase da vida é sentido como uma perda, podemos interpretá-lo como uma morte simbólica. Ao longo de nossa existência, temos a oportunidade de aprender a lidar com esse sentimento, elaborando e superando o luto. Nesse percurso, podemos nos preparar para vivenciar de modo sereno a inexorabilidade de nossa finitude. Das inúmeras vicissitudes experimentadas pelo ser humano, a velhice e a aposentadoria são vistos como perdas e, por isso, devem ser enfrentadas com coragem serena. Exatamente essa é a reflexão desenvolvida pela pesquisadora Sonia Sirtoli Fäber com o artigo Envelhecimento e elaboração das perdas, que destacamos desta edição.

Nossa entrevistada é Adozinda Kuhlmann, professora desde os 18 anos de idade. Hoje, aos 94 anos, continua atuante, dá aulas de reforço escolar e alfabetização para crianças e adolescentes em sua própria casa. A sabedoria de sua vida constituída ao longo dos anos remete às sutilezas e alegrias de nossas existências, transitórias e infindas.