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As Práticas Corporais na Terceira Idade

DANILO SANTOS DE MIRANDA
Diretor Regional do Sesc São Paulo

Certas relações causais nos parecem óbvias, mas há poucas décadas eram desconhecidas. A propósito do tema deste editorial, podemos citar a recomendação médica dada, num passado não muito distante, a pessoas acometidas, por exemplo, de um enfarte cardíaco: repouso absoluto e uma vida isenta de esforço físico. Esse equívoco pode ter sido responsável pela abreviação de muitas existências. Hoje, ao contrário, a expectativa é a de que esse tipo de paciente volte o mais rápido possível a exercitar-se. Aliás, pesquisas científicas não deixam dúvidas a respeito da importância de nos mantermos ativos, não só para o restabelecimento de uma eventual enfermidade, mas também como uma estratégia de prevenção. Atualmente, sequer podemos alegar desinformação, pois a mídia diariamente difunde orientações para o desenvolvimento de um estilo de vida saudável.

Nesta edição, Claudia Ronqui Pinheiro e Maria Luiza de Jesus Miranda, no artigo Empowerment e Idosos: uma reflexão sobre programas de Educação Física, destacam a importância de que tais ações sejam abrangentes, considerando as necessidades globais da pessoa idosa e resultem em uma efetiva melhoria de qualidade de vida. A participação do próprio idoso como sujeito dessa ação é decisiva. Nessa perspectiva, os benefícios advindos das atividades físicas não se circunscrevem somente ao âmbito da saúde física, mas promovem uma educação para a saúde de modo mais amplo, além de favorecer o convívio e a integração social.

O SESC São Paulo, desde os primórdios de seu pioneiro programa Trabalho Social com Idosos, valoriza as atividades corporais na Terceira Idade pelo bem-estar físico e psicológico que proporcionam. Muitos de nossos veteranos professores recordam que, nos anos 70, os primeiros idosos a aderirem a esse programa, não habituados que eram, faziam exercícios vestidos com calça e camisa social. Aos poucos, porém, os idosos atendidos por nossa instituição foram incorporando tais práticas a seu cotidiano ainda em uma época na qual educação física era algo reservado a jovens colegiais ou a atletas amadores e profissionais. Na atualidade, milhares de pessoas idosas são atendidas diariamente em nossos centros culturais e desportivos na capital, interior e litoral do estado.

Nossos educadores são incentivados a um permanente aperfeiçoamento profissional. Por isso, a reflexão sobre suas aulas resultou em um livro que o SESC SP está lançando: Esporte para Idosos. Assunto inédito em nosso país, a obra apresenta diferentes modalidades esportivas com suas regras adaptadas às condições orgânicas dessa população, de modo que os jogos sejam a um só tempo, seguros, eficientes e prazerosos. Como entrevistado, convidamos o bicampeão mundial Wlamir Marques, glória do basquete brasileiro dos anos 60. Wlamir em uma conversa descontraída nos relata suas experiências como atleta, técnico e professor universitário, demonstrando a efetiva possibilidade de uma vida ativa na velhice.