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Metrópole em transformação

São Paulo vive em constantes transformações. No seu tecido urbano, misturam-se riqueza e pobreza, o antigo e o novo. Em 100 anos (de 1854 a 1954), a população deu um salto: de 30 mil para 2,5 milhões de habitantes, chegando a 10 milhões nas décadas seguintes.

Os índices, cada vez mais mutáveis, refletem necessidades crescentes e de toda ordem. “Atualmente, a cidade precisa ter planejamento mais abrangente, no sentido de promover a questão cultural e todas as outras questões que a envolvem”, aponta o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, ganhador do prêmio Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura.

“Daí a importância de o patrimônio público e histórico estar atualizado por atividades culturais que sejam coerentes com a realidade da cidade. Mas, fundamentalmente, o Estado precisa intervir no planejamento.”
Em face das mudanças, os contrastes ficam mais evidentes. Se as avenidas Paulista, Luís Carlos Berrini e Faria Lima concentram poder aquisitivo, áreas do centro, como a Duque de Caxias, Timbiras, São João e as imediações da estação da Luz apontam para uma realidade bem diferente. Mas uma coisa é certa: para revitalizar esses e outros locais, o aparelho cultural tem sido um elemento imprescindível.

“A revitalização das áreas centrais, destinando-as para uso e atividades de caráter cultural, com museus, centros culturais, espaços de exposição, afirmou-se na segunda metade do século 20 como uma opção estratégica”, afirma o coordenador do Grupo de Pesquisa Requalificação Urbana do Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias (Ceatec) da PUC-Campinas, Wilson Ribeiro dos Santos Junior. “A participação efetiva dos agentes culturais, em conjunto com moradores organizados, para enfrentar os problemas sociais, constitui-se numa boa referência para o entendimento do papel da cultura na construção de uma cidade democrática e plural.”

Nova Luz

A região central de São Paulo é atualmente exemplo emblemático da fragilidade urbana. Povoado por uma grande quantidade de pessoas à margem da sociedade, o local revela uma condição que chama a atenção para o problema. Diante disso, uma das soluções encontradas foi incluir esse espaço, batizado de Nova Luz, na agenda cultural da metrópole.

Como exemplo, vale destacar a restauração da Pinacoteca do Estado, a instalação da Sala São Paulo na estação ferroviá-ria Júlio Prestes, a criação do Museu da Língua Portuguesa na estação da Luz e o futuro complexo cultural a ocupar a antiga rodoviária, onde também existia o Shopping Center Luz. “Nas proximidades já existem os melhores aparelhos de cultura do país, que estão dentro do programa de aproveitar os edifícios existentes para transformá-los num polo cultural”, informa o secretário municipal de cultura, Carlos Augusto Calil.

“O equipamento de cultura tem a grande vantagem de atrair o fluxo de pessoas e trazer vida ao local.” Segundo o secretário, o complexo está orçado em 600 milhões de reais e deverá ser inaugurado no segundo semestre de 2011. “A obra compreende teatro de dança, teatro de música e conservatório, e vai ficar pronta assim que toda área for regularizada de acordo com sua documentação fundiária”, emenda Calil, defensor da ideia de que o investimento na cultura pode desenvolver economicamente a cidade.

“Polo” positivo

O projeto de criar um polo ligado às artes na região começou na antiga estação ferroviária Júlio Prestes, hoje sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). A estação, projetada em 1925, e concluída em 1938, quando a cidade dava sinais fortes da urbanização, virou um marco na capital paulista. Sua arquitetura tem base no estilo Luís XVI, com ornamentos e riqueza de detalhes característicos.

Contrastando com o entorno, a instalação foi restaurada e colocada a serviço da população em junho de 1999. Assim, foi possível transformá-la na moderna sala de concertos, com acústica de causar inveja a renomados maestros internacionais. “Resgatar o patrimônio histórico garante que não percamos a história e a identidade, pois um povo sem história é um povo sem identidade”, afirma Nelson Dupré, arquiteto responsável pela obra e readequação da Sala São Paulo.

Para Dupré, os investimentos no centro e o uso da edificação como aparelho cultural tendem a requalificar a “cracolândia” – apelido dado às proximidades do prédio. “Claro, quando se configurar a requalificação do espaço, não se pode querer a expulsão pura e simples dos moradores menos favorecidos”, alerta o arquiteto. “Mas o objetivo é que a reabilitação ofereça condição de moradia também a eles, e tenha prestação de serviço para colocar vida durante 24 horas no local.”

Em vista do desafio de reestruturar o centro, a Sala São Paulo teve atuação simbólica. “Porém, por ser o símbolo de alta tecnologia e uma das melhores salas de concerto do país, espera-se que por meio dela e por outros aparelhos de cultura, a Luz se torne cada vez mais um ponto de atração”, aponta o supervisor ?do Núcleo de Educação Patrimonial da Fundação Osesp, Rodolfo Yamamoto Neves. “Por intermédio dos investimentos culturais, a expectativa é atrair mais artistas, universidades e escritórios nas imediações.”

Valor das artes

Desde a década de 1960, a cultura tem sido usada pelas principais capitais do mundo para o resgate urbano. Com a globalização, a indústria de serviços ganha status e peso na economia. Por isso, o patrimônio histórico também passa a ficar importante, porque reflete a ideia de estabilidade econômica e social. Em Nova York (EUA), por exemplo, o bairro do SoHo teve sua trajetória de decadência urbana modificada sob a égide da revitalização.

O local ganhou prestígio a partir da ocupação por grupos artísticos e outros segmentos vinculados à ação cultural dos galpões abandonados. “Ao se mudarem para o bairro, aproveitando a queda dos preços dos imóveis e a boa localização da região para instalarem  ateliês, oficinas, galerias,  os  artistas acrescentaram o acento cultural às características e aos costumes preexistentes – propondo nova identidade ao local”, lembra o especialista  em  Requalificação Urbana, Wilson dos Santos.

Situado em Manhattan, o Museu Guggenheim foi outro a potencializar o papel cultural no cenário nova-iorquino. Ele foi associado às ações de requalificação urbana nos anos de 1970 – quando passou a ser identificado com o símbolo estilizado da “Big Apple” (Grande Maçã, em português), apelido dado a Nova York na campanha pela recuperação da economia e da autoestima da população.

O Guggenheim de Manhattan é um dos cinco museus pertencentes à Fundação Solomon R. Guggenheim no mundo. A implantação de um deles na Espanha também transformou a área urbana de Bilbao, que havia sofrido após as mudanças em 1970 das unidades produtivas para outras localidades.

Projetada pelo renomado arquiteto norte-americano Frank Gehry, a instituição inaugurada em 1997 tem sido utilizada estrategicamente pelo poder público e parceiros locais para dar visibilidade a Bilbao, a partir do turismo e da divulgação internacional. “Do ponto de vista da indústria do turismo cultural essa iniciativa foi bastante exitosa, visto o número de turistas que a cidade passou a receber”, sintetiza o urbanista Wilson Ribeiro.

Galpões da arte

Quando há um deslocamento econômico, por consequência uma área urbana tende a ficar mais fragilizada que a outra. “Basta observar a localização dos novos edifícios empresariais – os robocops inteligentes – na cidade. O novo polo empresarial, constituído pela região da avenida Luís Carlos Berrini e da marginal Pinheiros, nada mais é do que uma extensão sul do velho vetor sudeste”, teoriza a urbanista Raquel Rolnik, no livro São Paulo (Publifolha, 2003).

Mas é, justamente, nos galpões das antigas fábricas onde projetos culturais podem florescer. Na Barra Funda, essa tendência é confirmada com a chegada das galerias Fortes Vilaça e Baró. Os espaços fabris e outros menores também têm abrigado casas de shows, como a Clash Club, a D-Edge, o Clube Berlin.

Não é de hoje que essa vertente de ocupação é propagada. Um de seus defensores é o arquiteto e urbanista Ruy Ohtake. Quando presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), entre 1979 e 1981, já propunha que 90% dos imóveis tombados podiam se tornar museus.

“Agora, depois de 30 anos, o mesmo pensamento parece persistir. Contudo, hoje, a cidade exige uma proposta bem mais ampla, como pensar em centros de convivência, com atividades em várias frentes, cultura, esporte e lazer, como tem feito o Sesc São Paulo”, defende o arquiteto.

Desafio de reconstruir

Oferecer uma relação mais harmônica entre a cidade e o homem é um desafio atual. Em 2002, por exemplo, a Casa de Detenção do Carandiru foi transformada pelo Estado, no Parque da Juventude. O local, antes conhecido como o maior presídio da América Latina, atualmente abriga áreas de esporte, lazer e cultura, além da Biblioteca de São Paulo – inaugurada em fevereiro deste ano.

A receita de promover novo panorama à metrópole, também tem dado certo a cada instalação feita pelo Sesc São Paulo na metrópole. Foi assim com o Sesc Pompeia, que em 1977 ocupou uma antiga fábrica. Na época, a arquiteta Lina Bo Bardi ficou responsável pelo projeto, que respeitou a importância do prédio histórico, construído no final dos anos de 1920. Com a chegada da unidade e sua programação, o local antes ermo adquiriu outras características.

“A inauguração do Sesc Pompeia, em 1982, dava uma forma concreta às propostas que vínhamos desenvolvendo na criação de ambientes que favorecessem o convívio, a troca de experiências e, sobretudo, o encontro de diferenças. Como gostava de dizer nossa querida arquiteta Lina Bo Bardi: ‘Aos jovens, às crianças, à terceira idade: todos juntos’”, pontua o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda.

E completa: “A relação da unidade da Pompeia com o entorno era imediata, já que transformava um conhecido conjunto destinado à produção fabril em um polo voltado à cultura, à criação artística, ao esporte. O bairro reconhecia ali, como poderá reconhecer sempre, uma iniciativa fortemente humanista e social”.

O mesmo aconteceu em outras regiões. É o caso da implantação do Sesc Pinheiros próximo ao Largo da Batata, projeto que ficou a cargo do arquiteto Miguel Juliano. Hoje, o local oferece uma completa estrutura e programação multidisciplinar. O especialista também foi o responsável pela arquitetura da unidade Santana, na zona norte da capital.

São inúmeros os exemplos de intervenção cultural por meio de unidades do Sesc em São Paulo. E, em pouco tempo, mais uma estará pronta no Belenzinho, na zona leste (saiba sobre a inauguração do Sesc Belenzinho no boxe Era uma vez outra fábrica). “A relação das unidades do Sesc e de sua arquitetura com o entorno é fundamental para a ação da instituição de acolher o diverso e propor a compreensão sobre o que seja um sentido pleno de convivência e inclusão social.

Este sentido é da maior importância quando o que você busca é efetivamente dispor condições para a democratização dos bens de qualidade, simbólicos e materiais, a todos da comunidade”, acrescenta Santos de Miranda.

O urbano e o caos

No flanco da Paulista, está uma das ruas mais conhecidas da metrópole. Cortando o centro nervoso da capital, a Rua Augusta atrai uma multidão de pessoas todas as noites – que perambulam sentido bairro-centro por quase dois quilômetros de calçadas até a Praça Roosevelt. Os néons acesos anunciam inferninhos, bares, casas de show, restaurantes, saunas, academias 24 horas, atendendo as mais diversas “tribos”: emos, punks, gays, além da classe média alta, pedintes e prostitutas.

No decorrer do tempo, a Augusta também se alterou profundamente. Adorada pela elite paulistana, cineastas e artistas nos anos de 1950 a 1970, ela foi se degradando e perdeu o prestígio. A situação, no entanto, mudou com a chegada das novas casas de cultura e lazer como o Espaço Unibanco de cinema, Studio SP, e outros.

Nos arredores, a Roosevelt também se reeditou. Durante muito tempo reconhecida pela periculosidade, ressurgiu das cinzas com a vinda dos teatros. “Quando chegamos, em 2000, a praça era apontada como um dos lugares mais perigosos do centro, e não tinha temporada teatral durante a semana, só aos domingos”, conta Ivam Cabral, um dos fundadores da Cia. de Teatro Os Satyros. “Os próprios moradores evitavam transitar pelo local devido à prostituição e ao tráfico de drogas, mas, com esforço, o teatro dialogou com a região e fez com que a arte pudesse promover essa retomada. Aliás, só a arte tem esse poder de promoção.”

TRANSFORMAÇÃO – Era uma vez a fábrica

Com a inauguração da unidade do Sesc, o bairro Pompeia ganhou novos ares e movimentação popular

Em 1982, o Sesc São Paulo inaugurava sua unidade no bairro Pompeia. A região que veio a receber a instituição tinha características predominantemente industriais até o final dos anos de 1970. Com a inauguração, milhares de pessoas passaram a frequentá-la em busca de lazer e ações socioculturais.

A unidade foi construída em uma antiga fábrica de tambores e geladeiras nos anos de 1950 e 1960. A estrutura da antiga construção foi reaproveitada pela arquiteta Lina Bo Bardi, que procurou respeitar as características históricas – como os tijolos e os galpões abertos.

Com a área utilizada – que marcou o antigo e o contemporâneo do prédio, foi construído o teatro, local a sofrer maior intervenção estrutural e arquitetônica na unidade. Já em 1986, foi inaugurada a parte esportiva, assim como a choperia, sendo utilizada como palco para os shows de música.

Por meio dessa transformação e sucesso da programação de lazer e cultura, a unidade trouxe movimentação à região. Essa fórmula ganhou incremento ainda em 1980, quando o então Sesc Fábrica Pompeia, como era chamado no começo, exibiu o programa Fábrica do Som – atraindo diversos produtores culturais ao redor.


TRANSFORMAÇÃO – Além das máquinas

Situado numa importante área industrial e de serviços, ?Sesc Santo André leva arte, lazer e estéticas arrojadas ao ABC

Quando se fala em ABC Paulista, vem a lembrança das máquinas, dos operários e dos movimentos sindicais. Nessa área industrial, que reúne mais de 2 milhões e 300 mil moradores, o Sesc São Paulo colocou mais uma de suas instalações: a unidade Santo André, em março de 2002. Ela passou a ter também um papel social importante, já que atende a um público eclético por estar localizada entre residências de médio poder aquisitivo e três favelas do ABC.

Dada a configuração do local, que ultrapassa sua fase predominantemente industrial e ingressa, decididamente, na economia de comércio e serviços, a unidade coloca à disposição do público instalações compostas de parque aquático, salas para atividades físicas, rede – com 23 microcomputadores conectados à internet – e teatro com capacidade para 303 pessoas. A estrutura de 32 mil metros quadrados também é opção de entretenimento para o público do ABC.

Diariamente, mais de 4 mil pessoas passam pelo local, o que para a região resulta no aproveitamento das melhores condições de conforto, segurança, eficiência e acessibilidade. O Sesc Santo André ainda disponibiliza soluções estéticas arrojadas e inovadoras à cidade “das máquinas”.

TRANSFORMAÇÃO – O Largo respira cultura

Ao lado de outras instituições, unidade do Sesc ?tem contribuído no entorno de Pinheiros

Ele tem a mescla de residência e comércio, por onde transitam milhares de pessoas todos os dias. Esse é o bairro de Pinheiros, que em meados de 1909, nas imediações da atual Avenida Brigadeiro Faria Lima, abrigava atacadistas de batatas.

Atividade que deu inclusive origem ao nome Largo da Batata. Antes da virada do século 21, no entanto, a região do Largo estava bastante degradada. Fato que começou a melhorar com a chegada do Centro Brasileiro Britânico (CBB), em 2000, em cujo prédio na Rua Ferreira de Araújo também fica a sede administrativa da Cultura Inglesa, o Consulado Britânico, a Britcham (Câmara de Comércio Brasil/Reino Unido).

O Instituto Tomie Ohtake – inaugurado em 2001 na Avenida Pedroso de Moraes – foi outra grande contribuição para a vida cultural da região.

O Sesc São Paulo, por sua vez, veio se somar às instalações culturais nas imediações do Largo da Batata após a inauguração da Unidade Pinheiros, no dia 18 de setembro de 2004. Instalado numa região de grande número de trabalhadores do comércio, a unidade proporciona uma oferta significativa de lazer e cultura não só para o público comerciário, mas também para toda a comunidade do entorno.


TRANSFORMAÇÃO – O perfil da vizinhança

A serem inauguradas no primeiro semestre de 2011, duas unidades do Sesc São Paulo tendem a auxiliar na revitalização urbana

Ainda no primeiro semestre de 2011, duas unidades do Sesc deverão ser inauguradas: em Santo Amaro, que já conta com instalação provisória, e no Bom Retiro. Ambas as unidades serão instaladas em regiões com aspectos peculiares. A de Santo Amaro, por exemplo, vai ficar próxima ao Largo 13, que passa por uma forte transformação social e urbana. Já a unidade Bom Retiro ficará situada no entorno da Avenida Rio Branco, local hoje bastante degradado.

As duas unidades devem ter estrutura semelhante: espaços para esporte, lazer, odontologia e áreas para atividades culturais. A unidade de Santo Amaro terá 14.610 metros quadrados de área construída, que compreende – entre outras instalações – teatro, piscina semiolímpica, ginásio poliesportivo e quatro consultórios odontológicos. Enquanto a do Bom Retiro conta com 12.257 metros quadrados, tendo também teatro, piscina semiolímpica, quadras e consultórios.

A expectativa é de que as instalações do Sesc estabeleçam o diálogo com o entorno das regiões, para requalificar ou mesmo redimensionar as funções das áreas públicas e privadas que compõem a paisagem circundada.


TRANSFORMAÇÃO – Na porta de casa

Sesc Santana oferece a moradores da zona norte ?a opção de programação cultural mais perto dos seus bairros

A zona norte está localizada entre o Rio Tietê e a Serra da Cantareira, e é famosa pelos bairros antigos com traços culturais bem distintos. Falar dessa região é lembrar do Trem das Onze (1964), de Adoniran Barbosa. Também é recordar da música Punk da Periferia (1983), de Gilberto Gil, que anunciava a Freguesia do Ó.

Foi nessa importante área comercial da cidade e das ruas tradicionais, como a Voluntários da Pátria e a Gabriel Piza, que o Sesc São Paulo instalou sua primeira unidade da zona norte, em outubro de 2005. Mesmo com a movimentação dos bares, na Rua Luiz Dumont Villares, a unidade trouxe maior visibilidade e mais opção de lazer à região. Isso porque está localizada num ponto de fácil acesso e de fluxo para diversos outros bairros.

O Sesc Santana tem uma área construída de 15 mil metros quadrados, com teatro com 349 lugares, área para exposições e convivência, ginásio de esportes com quadra poliesportiva, três piscinas e consultórios odontológicos. Essa estrutura permite disponibilizar lazer e cultura de qualidade aos frequentadores.

ERA UMA VEZ OUTRA FÁBRICA

Em meio a local de desocupação imobiliária e antigas fábricas ?no Belenzinho, surge mais uma instalação do Sesc São Paulo

Ela ainda repousa sob o pó da imponente construção. Mas, a partir do dia 4 de dezembro, data da sua inauguração, a mais nova unidade do Sesc São Paulo será despertada para receber milhares de pessoas da cidade. Munidos de capacetes, máquinas e ferramentas, trabalhadores ainda circulam no local e dão o toque final da instalação – localizada no Belenzinho, zona leste de São Paulo, na área de uma antiga fábrica têxtil.

Dia a dia, a área de mais de 50 mil metros quadrados vai se transformando num complexo singular que compreende quadras esportivas, salas de ginástica, três espaços para teatro, além do conjunto aquático com seis piscinas. Nos primeiros degraus do hall da unidade, onde será instalada obra do artista plástico Guto Lacaz, percebe-se a atenção a cada metro. Quem andar pela instalação, projetada  pelo  arquiteto  Ricardo Chahin, vai se deparar com muitas outras novidades, como a piscina construída no térreo.

Coberta por um teto de vidro retrátil, dela é possível ver todos os quatro andares da edificação. E as pessoas que estiverem no alto poderão ver a água sob os pés.

O lazer e a cultura andam juntos na unidade, com biblioteca e espaço livre para a consulta de jornais e periódicos, equipamentos de leitura para deficientes visuais e área destinada para a lanchonete e restaurante: a comedoria, que poderá servir 2.500 refeições por dia.

A questão ambiental é outro elemento presente, tanto que a luminosidade e a ventilação natural reduzem o consumo de energia elétrica dos espaços. O complexo conta ainda com um local para o café – posicionado estrategicamente para o horizonte da cidade. Além desse conjunto, a unidade abriga odontologia e locais para a livre circulação e atividades.

Tudo isso agrega valores substanciais em uma região que passou por desconcentração industrial – sobretudo nos anos de 1990 – e trouxe a predominância de galpões e casas abandonados. A região também conhecida como área mista da cidade, por causa da concentração de residências e pequenos comércios, é reflexo da “desindustrialização” ocorrida em toda a zona leste.

Já o acesso do público à unidade é facilitado pela proximidade do metrô. De acordo com o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, atribuir – por meio da arte, da cultura e do lazer – nova configuração ao tecido urbano será mais um desafio para esta unidade.

“O Sesc Belenzinho traz, potencialmente, essa capacidade de estimular a reflexão sobre as transformações do tecido urbano a partir do ciclo de constituição e de esgarçamento pelo qual a economia de toda a região passou. O desafio é refletir, por meio da ação socioeducativa, os modos de como encarar esses deslocamentos econômicos dentro das cidades como um processo que considere seus ganhos e perdas e a necessidade real desta discussão, de forma crítica e criativa”, afirma.

GIRO CULTURAL

Acompanhe no mapa alguns equipamentos de cultura e lazer que ajudaram a revitalizar áreas da cidade de São Paulo

Museu da Língua Portuguesa: dedicado à valorização e difusão do nosso idioma, apresenta uma forma expositiva diferenciada das demais instituições museológicas. Local: Praça da Luz, s/nº.

Sala São Paulo: situada na antiga estação de trens da Estrada de Ferro Sorocabana, abriga hoje o Complexo Cultural Júlio Prestes, sendo a sede da maior e mais moderna sala de concertos da América Latina.
Estação Pinacoteca: o edifício, que era local do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops), está reformado e apresenta salões amplos e de condições museológicas de excelência. Local: Largo General Osório, 66.

Centro Cultural Banco do Brasil: o edifício comprado em 1923 pela instituição tem 4.183 metros quadrados, e possui salas de exposições, cinema, teatro, auditório, loja e cafeteria. Local: Rua Álvares Penteado, 112, Centro.

Teatro Municipal: coordena escolas de música e dança e abriga a Orquestra Sinfônica Municipal, Orquestra Experimental de Repertório, Balé da Cidade de São Paulo, Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, Coral Lírico e o Coral Paulistano. Local: Praça Ramos de Azevedo, s/nº, Centro.

Os Satyros e Parlapatões: espaços destinados a espetáculos teatrais, entre outras apresentações artísticas. Local: Praça Roosevelt.

Funarte: zela pela memória cultural do país, por meio da identificação, recuperação, preservação e guarda de acervos. Também disponibiliza espaços dedicados às artes cênicas, às artes visuais e à música. Local: Al. Nothmann, 1.058 – República, Centro.

Pinacoteca do Estado: museu de arte mais antigo da cidade e um dos mais importantes do país. Local: Praça da Luz.