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A aposta de Gilberto
O autor de Casa-grande & senzala sempre acreditou no país
No dia 12 de agosto, a vida e a obra de Gilberto Freyre foram lembradas na reunião do Conselho de Economia, Sociologia e Política da FCESP. O professor Vamireh Chacon, da Universidade de Brasília, discorreu sobre o famoso autor pernambucano, em palestra enriquecida de debate. Chacon é doutor em direito pela Universidade Federal de Pernambuco, com pós-doutoramento na Universidade de Chicago. Foi assessor político no Congresso Nacional e é membro da Academia Brasiliense de Letras, tendo publicado inúmeros livros e realizado conferências em países da Europa, nos Estados Unidos e na China. Publicamos abaixo as partes principais do que foi discutido no encontro.
VAMIREH CHACON - Gilberto Freyre pertence a uma geração gloriosa de brasileiros: Portinari, Villa-Lobos, Carlos Drummond de Andrade, o grande mestre Miguel Reale, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, de cujas divergências ideológicas Gilberto nunca se utilizou para diminuir sua importância intelectual, e Viana Moog, no Rio Grande do Sul.
É uma simplificação reduzir Gilberto Freyre a Pernambuco e ao nordeste, por mais que ele tenha permanecido fiel à sua região, à sua cidade natal, à sua casa-grande de Apipucos. Gilberto Freyre jamais pretendeu ter sido inventor do regionalismo no Brasil. Ele reivindicava outras invenções, mas não essa. O que ele mostrava como regionalismo, na realidade, tinha surgido, em São Paulo, com Valdomiro Silveira, pai de Diná Silveira de Queirós; no Rio Grande do Sul, com Simões Lopes Neto; na Bahia, desde os tempos de Afrânio Peixoto; em seguida, na geração do próprio Gilberto, com José Américo de Almeida e Jorge Amado. Ele diz textualmente àqueles que queriam lançá-lo contra a Semana de Arte Moderna: "Não é exato ter eu, quando moço, iniciado um movimento literário, no Recife, tradicionalista e antimoderno. Ao chegar, em ano já remoto, ao Recife, não dos Estados Unidos mas da Europa, a orientação que procurei impor aos ‘ismos’, então em voga em nosso país, foi a de valorizar ao mesmo tempo esses aparentes contrários: região, tradição e modernidade".
Gilberto tinha permanecido, entre 1918 e 1922, nos Estados Unidos e na Europa. Bacharelou-se pela Universidade de Baylor, no Texas. Só em seguida fez seu mestrado na Universidade de Colúmbia, em Nova York, e no último ano dele no exterior, em 1922, seguiu para Oxford, pensando em realizar lá seu doutoramento. Mas, conforme dizia aos amigos, preferiu escrever Casa-grande & senzala a fazer Ph.D. em Oxford. Se tivesse optado pela Inglaterra, teria sido apenas mais um Ph.D., o que não era exatamente o seu propósito. Ele queria, acima de tudo, escrever uma obra sobre o Brasil. E o fez.
Casa-grande & senzala é um best-seller dentro e fora do Brasil, já com 35 edições no país. Há mais edições de Casa-grande & senzala do que de Os sertões, de Euclides da Cunha. Existem quatro em francês, das quais uma em livro de bolso, e outras tantas em inglês. Gilberto está traduzido em húngaro. Também há três em espanhol, na Espanha, na Argentina e na Venezuela. Está traduzido ao francês com prefácios, os mais honrosos, não só Casa-grande & senzala, como outros livros seus, e ao italiano. E neste momento está sendo traduzido ao japonês. É extraordinário que cada uma dessas publicações tenha tido mais de uma edição e que tenham sido saudadas pelas pessoas mais ilustres do mundo, desde Aldous Huxley, na Inglaterra, a Fernand Braudel, na França, entre outros.
Na realidade, Gilberto escreveu uma trilogia fundamental que ele queria transformar em tetralogia mas ficou incompleta. Casa-grande & senzala é o primeiro volume de uma história social da família patriarcal no Brasil e sua formação (séculos 16 e 17); o segundo volume é Sobrados e mocambos, apogeu da sociedade patriarcal no Brasil, já na sua fase urbana (séculos 18 e 19); e Ordem e progresso retrata a desintegração da família patriarcal brasileira nas grandes cidades da República (séculos 19 e 20). Ele escreveu esse fabuloso painel, esse grande mural do Brasil, sem heróis. Por quê? Porque o que Gilberto quis fazer foi uma história social, a história do escravo, do dono do escravo, da dona de casa, da mãe operária, do operário, do comerciante, do industrial, do intelectual brasileiro, dos desempregados, dos vadios, do índio, do negro, índios soltos, índios escravizados, negros fujões dos quilombos. Em Sobrados e mocambos está o primeiro elogio da República dos Palmares, livro publicado em 1936, quando Zumbi ainda não era moda.
Também afirmar que Gilberto só pensasse em nordeste é outra falsidade absurda. Pegue-se, por exemplo, qualquer edição de Casa-grande & senzala, qualquer uma, veja-se no índice por assuntos, São Paulo tem o mesmo número de páginas e referências que Pernambuco. Minas Gerais idem, e Rio Grande do Sul, Pará, Bahia. Em momento nenhum ele privilegia o nordeste, a não ser um tanto em Casa-grande & senzala, porque obviamente a civilização brasileira começou na Bahia e em Pernambuco. Mas Sobrados e mocambos é quase totalmente dedicado ao Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, por motivos óbvios; Ordem e progresso ainda mais. Sem esquecer os extremos do Brasil, o Rio Grande do Sul e a Amazônia.
Entre os grandes amigos paulistas de Gilberto Freyre, além da preocupação intelectual, eu recordaria Miguel Reale, que escreveu dois belos artigos sobre Gilberto, um já em 1936 e outro mais recentemente. Acrescento os nomes de Ribeiro Couto e de Oswald de Andrade. Todavia, a primeira grande amizade de Gilberto com um paulista foi com Monteiro Lobato, que publicou o primeiro artigo de Gilberto fora de Pernambuco, na sua "Revista do Brasil", com um comentário interessante. Gilberto devia ter uns 18 para 19 anos e Monteiro Lobato escreveu textualmente: "O Brasil será o que Gilberto Freyre disser". Detalhe da maior importância, mais do que um detalhe, é que Gilberto nunca foi editado por Monteiro Lobato. Na realidade, Sobrados e mocambos foi publicado por Fernando de Azevedo, que naquele tempo dirigia o programa editorial da Companhia Editora Nacional, a qual já não era mais de propriedade de Monteiro Lobato, mas de Octales Marcondes. Fernando de Azevedo incluiu Sobrados e mocambos na coleção Brasiliana. Isso é da maior importância para mostrar o desinteresse material da amizade entre Gilberto e Monteiro Lobato.
Outro paulista com quem ele se dava extraordinariamente bem só podia ser Paulo Prado, que foi o maior mecenas que o Brasil teve na área cultural, na década de 30. Pouca gente sabe, mas tenho confirmações pessoais, testemunhos de que quem pagou a Semana de Arte Moderna de 1922, do seu próprio bolso, foi Paulo Prado. Isso deve ser registrado em algum lugar, então vamos fazê-lo aqui, na revista Problemas Brasileiros. Ele pagou do seu bolso as viagens, as encomendas dos quadros e a publicação dos livros. Foi o grande mecenas cultural da Semana de Arte Moderna.
Gilberto devia extraordinariamente à Bahia porque em 1943, no auge das perseguições do Estado Novo, foi com esse estado que contou. Foi lá que publicou um livro intitulado Na Bahia, em 1943, exatamente com esse título, e onde recebeu a solidariedade de Luís Viana Filho, Aliomar Baleeiro, Nestor Duarte e outros que com o próprio Gilberto viriam a fundar a União Democrática Nacional (UDN) em 1945.
As ligações de Gilberto com o Rio Grande do Sul foram feitas sobretudo através de Viana Moog e Moisés Velinho. Tudo isso está documentado.
A Fundação Gilberto Freyre é a depositária não só do seu acervo material, de suas obras de arte, dos seus móveis, quadros, lustres e candelabros. E daquela casa-grande da segunda metade do século 19 (embora tenha sido construída anteriormente, essa é a data que está no portão principal). Lá se encontra igualmente a correspondência de Gilberto Freyre com todas essas pessoas.
Cecília Westphalen, em Curitiba, respondeu a Wilson Martins quando este afirmou a menor importância no Paraná da casa-grande e senzala e sobrados e mocambos. Costumamos datar a história desse estado a partir da imigração alemã e eslava, mas ele existia antes do século 19. Era uma comarca de São Paulo que se tornou autônoma em meados do século 19. Antes disso, e como um prolongamento de São Paulo, o Paraná tinha muitas casas-grandes e senzalas. Ainda hoje, podemos encontrá-las pelo interior do estado, para não falar dos sobrados que estão em Antonina, em Paranaguá, em Morretes, ao longo do litoral paranaense. Vi casas-grandes nos arredores de Pelotas, porque o Rio Grande do Sul não é só, de forma alguma, o pasto do gado, é também a charqueada. Porque o escravo é sedentário, não cabe na vida quase nômade ou pelo menos muito mais livre do vaqueiro. Na área em torno de Pelotas estão ainda hoje as casas-grandes das charqueadas. E quem quiser ver sobrados no Rio Grande do Sul, vá à própria cidade de Pelotas, a Porto Alegre, ainda hoje, a inúmeras cidades de origem açoriana, que foram as primeiras instaladas naquela região.
O mesmo se diga de Santa Catarina, do Pará e do Amazonas. Quer dizer, houve desde o início uma unidade nacional brasileira.
O Brasil só teve um único vice-reinado, com exceção da breve época da administração do marquês de Pombal, quando houve dois, ao contrário do que ocorreu na América Espanhola, que teve tantos vice-reinados, em razão de obstáculos geográficos, como a cordilheira dos Andes, que dificultavam a comunicação entre o México, o Chile e a Argentina, nos seus extremos, e por muitos outros motivos. Mas a unidade brasileira existiu, desde o início, por obra de dois fatores: os portugueses e os bandeirantes. Se não tivéssemos sido colonizados inicialmente pelos portugueses e não tivéssemos encontrado os bandeirantes no nosso caminho, triplicando o território brasileiro, que era apenas um terço do que é hoje, mediante o Tratado de Tordesilhas, não existiria de forma alguma uma unidade nacional. É espantoso como Gilberto desenvolve esse raciocínio em função do bandeirante comum. Não há muita referência a bandeirante famoso na obra de Gilberto, mas apenas ao comum, que era evidentemente a imensa maioria. Na Amazônia, Gilberto teve uma longa correspondência com Leandro Tocantins e com Artur César Ferreira Reis. Este chegou a governador do Amazonas, e Leandro Tocantins escreveu mais de um livro fundamental sobre a história daquela região.
Isso tudo Gilberto chamava de lusotropicalidade, o que muita gente identificou só com o salazarismo. Ele tinha que dizer isso em algum momento e o afirmou, pela primeira vez, na época de Antônio de Oliveira Salazar. Mário Soares, ex-presidente e ex-primeiro-ministro português, quando esteve no Recife às vésperas do falecimento de Gilberto, deu uma declaração reabilitando-o que está gravada na Fundação Gilberto Freyre, na Fundação Joaquim Nabuco, e que cito como epígrafe do meu livro Goa e Macau. Gilberto nunca pretendeu que o português tivesse esgotado o Brasil. Ele nunca subestimou a imigração alemã, italiana, árabe, judaica, chinesa e japonesa. Depende do livro que se lê. Não se pode encontrar japonês no Brasil no século 16. Buscar isso em Casa-grande & senzala é procurar em lugar errado. Veja-se, em vez desse livro, Novo mundo nos trópicos, que também tem várias traduções em inglês.
Os negros também vieram como imigrantes, embora não voluntários. Observe-se que defender negro hoje é politicamente correto, mas na década de 30 isso era uma aberração, dava cadeia, era sinônimo de comunismo. Gilberto foi preso por esse motivo. Casa-grande & senzala foi colocado na galeria dos malditos durante décadas. Não se esqueçam de que essa onda do politicamente correto a favor de negros, índios, homossexuais, mulheres, etc. é coisa recentíssima, surgida nos Estados Unidos. Gilberto defendia a exigência de plena cidadania aos homossexuais já em Casa-grande & senzala, em 1933. Ele mostra que o homossexualismo no Brasil e no mundo não começou, de forma alguma, no século 20. Há muita documentação da Inquisição sobre a incidência e a multiplicação de homossexuais no Brasil. Tudo isso era obsceno, era pornográfico. Falar em sexo era totalmente proibido. Não se esqueçam de que Freud ainda estava vivo e no auge de sua fama fora do Brasil, mas seus primeiros ecos começavam a chegar aqui. Quando Gilberto mostrou detalhadamente, em 1933, em Casa-grande & senzala, que a cama é tão importante quanto a mesa e que o sexo é tão ou mais importante do que o dinheiro, foi outra tempestade. Podia de fato ser diferente? Gilberto sofreu perseguições, inclusive com agressões físicas, boicote na imprensa, e teve que sair do Brasil.
Entre as pessoas que mais o ajudaram estava Assis Chateaubriand. Num telegrama que ele mandou para Gilberto, quando este foi exilado, em 1930, em Lisboa (Gilberto tinha apenas 30 anos, observem bem), diz estar lhe enviando não sei quantos contos de réis (não me lembro exatamente a importância, mas era razoável) e que esperava seu retorno um dia ao Brasil para continuar sua colaboração nos Diários Associados. Gilberto jamais esqueceu isso. Contou também com o enorme apoio de empresários brasileiros, como Johann Peter Gerdau, que subsidiou pesquisas de Gilberto, sobretudo na área de mineração de ferro.
Para escândalo dos seus contemporâneos, Gilberto também jamais teve preconceito contra as esquerdas. Ele costumava distinguir com um certo sarcasmo, mais do que ironia, o esquerdista sincero e ingênuo dos "esquerdosos" ou "esquerdóides". Como também costumava distinguir direitistas, que ele igualmente respeitava, de "direitosos" ou "direitóides". E os liberais, que mais uma vez ele respeitava, dos "liberalões" ou "liberalóides". E como as pessoas, feliz ou infelizmente, gostam de desconfiar de tudo o que lhes surge adiante, tendiam a se incluir entre os "esquerdóides", entre os "direitóides", entre os "liberalóides", e assumiam os ataques que ele raramente, muito raramente, individualizava. Ele os individualizou contra dom Hélder Câmara, por exemplo, porque ficava chocado com o que se passava na Igreja pós-conciliar daquele tempo. Que se substituísse o latim pelo português, tudo bem, mas que se substituísse o papa por Fidel Castro, ele achava no mínimo um exagero. E cobrou isso mais de uma vez de dom Hélder, e o arcebispo teve um comportamento exemplar, nunca polemizou. Quando Gilberto faleceu, foi das primeiras pessoas que chegaram a Apipucos e foi quem abençoou seu corpo e o encomendou segundo os ritos da Igreja.
Gilberto provinha do protestantismo. A primeira religião que ele teve foi evangélica. O pai era maçom e a mãe, católica tradicional. Seus avós eram senhores de engenho, e tinham perdido seus bens por conta dessas crises cíclicas, não só da economia brasileira como mundial. Seu pai tinha se tornado professor da Faculdade de Direito do Recife, numa época em que só havia três ou quatro no Brasil, desde as duas mais antigas no Recife e em São Paulo. Gilberto estudou no Colégio Americano Batista do Recife, uma escola evangélica. E numa idade muito tenra ele espontaneamente se converteu ao protestantismo batista. Foi batista durante a infância e a adolescência. Nos Estados Unidos começou a perder a fé protestante. Ele chegou a uma pequena cidade do Texas minutos depois de a Ku Klux Klan ter queimado vivo um negro. E ainda sentiu o cheiro de carne queimada. Está registrado nas suas memórias Tempo morto e outros tempos. Afinal de contas, Max Weber não estava de todo certo em afirmar que o liberalismo protestante industrial era tão isento de defeitos.
Gilberto Freyre ia anualmente para o exterior, onde passava três a quatros meses, mesmo em idade avançada, graças à ajuda exemplar e extraordinária de sua esposa, dona Madalena. Ele nunca quis morar fora do Brasil. Houve convites oferecendo-lhe cátedras nos Estados Unidos e na Europa. Ele jamais os aceitou, em nenhuma hipótese. Não trocaria o Brasil por nada. Ia ao Rio de Janeiro mensalmente, à reunião do Conselho Federal de Cultura, isso durante mais de dez anos. Vinha com muita freqüência a São Paulo, e foi colaborador durante muito tempo da "Folha de S. Paulo" e depois do "Estadão". E andava pelo interior do Brasil. Ele, por exemplo, percorreu o litoral paulista e fluminense a bordo de navios, o que devia ser uma viagem bastante aventurosa naquele tempo, por sugestão de Paulo Prado, o qual nunca realizou essa viagem, simplesmente recomendou a ele que o fizesse. É praticamente impossível lembrar uma região onde ele não tenha estado.
E não o fazia de uma maneira livresca. Gilberto fazia questão de conversar na esquina com a mulher que fazia o acarajé, gostava de freqüentar pais e mães-de-santo, era membro honorário de vários candomblés do Brasil, não só do nordeste. Em 1962, Casa-grande & senzala foi samba-enredo da Escola Mangueira, numa época em que intelectuais ainda não prestavam atenção a isso. Gilberto foi destaque da escola. Era apaixonado por futebol e acompanhava vários campeonatos estaduais com o entusiasmo de um torcedor local.
Ele nunca pretendeu que o Brasil fosse melhor do que outro país, sempre frisou isso. Mas nunca aceitou que fosse pior. Jamais afirmou que houvesse crise no Brasil que não fosse superável. O país não precisava da ajuda de entidades internacionais nem de outras nações para resolver seus problemas. Nós teríamos de solucioná-los por bem ou por mal. Ele próprio sofreu na pele o exílio, a tortura, a cadeia várias vezes, e achava isso normal. Ele dizia a mim, mais de uma vez, que entre intelectuais e políticos isso é absolutamente normal, que esse era o preço que o intelectual e o político autênticos deveriam estar dispostos a pagar. E sempre nos repetia: "Não acredite em político e em intelectual que não tenham pago esse preço".
Eu concluiria simplesmente dizendo que ele fez uma aposta. Ele apostou em nós, que ainda estamos vivos, e que temos filhos e netos. Se o Brasil não for o que ele previu, e que não só desejou, se o Brasil não for uma das maiores civilizações de toda a história da humanidade, se ele perder essa aposta, todos perdemos.
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