Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

Criatividade no papel


Ludicidade e educação não formal são a base para cursos sobre técnicas e conceitos artísticos
 

Desde o surgimento da unidade Pompeia, no início dos anos de 1980, o Sesc São Paulo oferece, de forma sistemática, uma vasta programação de cursos e oficinas nas mais variadas linguagens artísticas. São conteúdos que unem técnica e conceito, transmitidos em aulas que, sem o intuito de profissionalizar os participantes, unem ludicidade e educação não formal. “Depois da criação das oficinas de criatividade do Sesc Pompeia, percebeu-se, já há quase 30 anos, a importância de um trabalho sistemático”, explica Juliana Braga, assistente da Gerência de Ação Cultural (Geac). “Um trabalho que também é de aproximação do fazer artístico de públicos leigos e de pessoas que não necessariamente vão se tornar artistas, mas que querem, a partir do conhecimento da técnica, entender um pouco mais a forma de criação na arte – no caso, nas artes visuais.”

Ao passarem a ser oferecidas com maior frequência,?essas aulas sofreram algumas mudanças para melhor atender à proposta. “Anteriormente, as oficinas tinham uma carga horária maior. Hoje elas ?acontecem de forma mais concentrada e em blocos, e isso em todas as unidades”, esclarece Nilva Luz, também assistente da Geac. “Acho que isso reforça um pouco esse aspecto de acesso não a uma formação profissional, mas, sim, a uma experimentação, um contato.” Segundo Nilva, outro ponto positivo dessa metodologia é que com cursos mais rápidos, ou mesmo aulas abertas, que duram um dia, o retorno dos participantes é igualmente mais ágil.
Além disso, a agilidade na oferta desse serviço possibilita que o Sesc São Paulo consiga atingir um público cada vez mais amplo, o que é um dos principais interesses da instituição. “É possível incorporar um crescente número de interessados pois,  ao mesmo tempo em que oferecemos atividades de aprofundamento aos já iniciados, ao recomeçarmos um novo ciclo a cada dois ou três meses permitimos que outras pessoas passem a frequentar os cursos”.

A programação das unidades no campo das oficinas e cursos oferece três modalidades: cursos permanentes, que têm lugar cativo na grade; cursos eventuais, que podem ou não estar ligados a outra atividade, como uma exposição; e as aulas abertas, que, com duração de um dia, funcionam como um primeiro contato. “As unidades que têm ateliês dedicados a alguma linguagem, por natureza, oferecem essa grade de maneira permanente”, explica Juliana. “Considera-se, para a elaboração da grade de cursos, não apenas as atividades de maior sucesso junto ao público, mas a oferta sistemática de novas modalidades porque às vezes o pedido dos frequentadores não se dá para uma determinada técnica, mas ao ser apresentada ela ganha adeptos”. A assistente conta ainda que, por isso, as equipes de programação permanecem atentas às vocações dos espaços das unidades. “Que tipo de atividade as características daquela unidade podem oferecer, unidades que não têm ateliês exclusivos para uma técnica vão procurar as alternativas mais fáceis de ser ensinadas etc.”

É nesse ponto que as oficinas e cursos de linguagens artísticas que podem utilizar o papel como suporte (veja boxe Estilos variados) ganham destaque nas programações. “Nem todas as técnicas de gravura permitem essa facilidade, mas a xilogravura, por exemplo, é mais acessível, com equipamentos simples”, conta Juliana. “O desenho é outra técnica que não se deve esquecer, muito apropriada para o desenvolvimento artístico, e que está bastante presente hoje na grade de programação das unidades. Entre os destaques, a Unidade Provisória Avenida Paulista está oferecendo um curso de desenho e arquitetura, duas linguagens que se relacionam com frequencia”.

A também assistente da Geac Beatriz Cruz conta que outra possibilidade das técnicas que envolvem o papel é a de unir dois ou mais departamentos das unidades para oferecer uma ação integrada. “A Internet Livre tem sido bastante usada como lugar de extensão das oficinas”, conta. “Para a fotografia ou mesmo para o desenho e para as colagens.” Nilva Luz complementa informando que outra “combinação” muito utilizada, e de grande resultado, é feita com as exposições. Ou seja, juntamente com uma mostra – de um artista, período ou linguagem artística –, é comum que seja oferecida uma programação paralela composta de oficinas que ensinam a história ou a técnica do que está sendo exposto. “Isso reforça esse caráter de educação não formal”, conta Nilva. “A exposição nunca vem sozinha, ela sempre oferece possibilidades para que as pessoas mergulhem naquele universo, se aprofundem na técnica ou na história do artista ou da obra.”


Estilos variados
Por meio de cursos permanentes ou esporádicos, aulas abertas ou oficinas, estas são algumas das linguagens visuais que utilizam o papel como suporte e podem ser encontradas nas unidades do Sesc:


Desenho – Estrutura de linhas articuladas e traçadas sobre determinado suporte (papel, tela, placa, muro etc.) de modo a obter uma representação plástica visual, seja ela uma imagem mimética ou figurativa, seja abstrata ou ornamental.

Colagem – Processo utilizado em artes plásticas que consiste na junção de materiais diferentes ou estranhos a uma obra essencialmente pictórica, ou seja, que não o desenho, a tinha ou verniz. Por exemplo, recortes de textos ou estampas já impressas.

Aquarela – Pintura de tinta aguada, isto é, cujos pigmentos são misturados a um veículo, normalmente a goma-arábica, sendo solúveis na água. Caracteriza-se pela impressão de transparência e suavidade da figura ou motivo. Ao contrário da pintura a óleo, em que a luz é obtida pela aplicação de cores claras, na aquarela a luminosidade provém da cor do suporte – do papel, por exemplo.

Gravura em metal – Tipo de gravura cuja matriz de impressão é uma placa de metal (geralmente cobre), confeccionando-se o desenho por meio de entalhes em profundidades variadas. O papel ou suporte de impressão é umedecido e posto contra a placa-matriz.

Xilogravura – Arte de gravação elaborada em relevo, sobre madeira, e sua estampagem. Quando a superfície do bloco é talhada, com o emprego de ferramentas apropriadas – formão, talha, goiva – obtêm-se relevos internos espelhados (invertidos), aptos a serem entintados e impressos. 

As definições acima são excertos de verbetes do Dicionário Sesc – A Linguagem da Cultura (Perspectiva, 2003)