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Mestre da Imagem


O encenador e artista plástico norte-americano Robert Wilson diz por que suas obras têm uma “linguagem universal”
 

O artista Americano Robert Wilson foi considerado pelo jornal New York Times “uma eminente figura mundo do teatro experimental”. O trabalho de Wilson também passa pela música, dança e artes visuais, geralmente uma em combinação com a outra. Suas renomadas produções de óperas variam de suas próprias criações pós-modernas a novas versões de clássicos como A Flauta Mágica, de Wolfgang Amadeus Mozart e Madame Butterfly, de Giácomo Puccini. Como ele mesmo explica nesta entrevista exclusiva para a Revista E, “ópera signifca ‘opus’, que significa ‘obra’. Isso significa que tudo está incluído”. A assinatura de receptividade de Wilson amplia-se na recusa em distinguir entre as formas artísticas e a crença de que trabalhos são “todas partes da preocupação de alguém”.


Um de seus trabalhos mais recentes, VOOM Portraits, é um projeto comissionado e produzido pela VOOM HD Nteworks, que poderá ser visitado de 12 de novembro até o dia 1º de fevereiro de 2009 no Sesc Pinheiros. A exposição dá oportunidade ao público brasileiro de ver imagens em alta definição de celebridades, de pessoas anônimas e de animais, com temas variando desde Brad Pitt, Johnny Depp e Isabella Rossellini, até corujas, panteras, sapos e porcos-espinhos. Nas palavras de Robert Wilson, “é como um álbum de família”.

Na conversa com a Revista E, o artista respondeu a questões sobre seu livre trânsito desde casas de ópera tradicionais a galerias de arte contemporânea e sobre a acessibilidade de seu trabalho, que ele diz, falar numa linguagem “básica”. VOOM Portraits são um dos casos em questão. “Ninguém precisa ser instruído para estar apto a vê-los”. Veja a íntegra a seguir.

 

“Todos os artistas ao longo da história têm usado os materiais e os meios disponíveis em seu tempo para criar seus trabalhos”

Arte Contemporânea

Sim, eu me considero um artista contemporâneo, mas também trago inspirações do passado.

 

Artistas Multimídia

Eu penso que todos os grandes artistas concebem seus trabalhos de forma multidimensional. Leonardo da Vinci, Frank Lloyd Wright, Roberto Rauschenberg, Paul Thek. Vanguarda ou tradição. Para mim é tudo igual, não vejo diferença.

 


Ópera

Ópera quer dizer “opus”, que quer dizer “trabalho”. E isso significa que tudo está incluído.


Linhas no Espaço

Eu acho que se trata de desenhar linhas, quer você seja Matisse ou um designer industrial criando uma xícara de chá ou um designer de móveis, um coreógrafo, um cantor, um ator. É tudo parte de um único campo: são linhas desenhadas no espaço.


Voom Portraits

Meus videorretratos têm uma abrangência muito ampla. Há pop stars, pessoas das ruas, animais, atletas, aristocracia. É como um álbum de família.


Artista Universal

Sim, eu vejo o meu trabalho como algo basicamente desenvolvido numa língua universal. Felizmente eu tive a oportunidade de trabalhar no extremo Oriente, no Oriente Médio, na Europa e nas três Américas. Uma razão para meu trabalho ser aceito no mundo todo é porque eu falo uma língua universal básica. Outra razão é que não é preciso nenhum tipo de educação para olhar para os videorretratos. É algo que, de forma ideal, poderia ter apelo em qualquer país, independentemente de política, cultura e condição social.


Watermill Center

É um centro que reúne pessoas de diferentes posições políticas e diferentes condições econômicas e sociais para explorar novas formas de trabalho artístico. O centro tem uma coleção de arte que cobre do período neolítico ao século 21. Então, a pessoa tem referências da história e do passado ao mesmo em tempo que desenvolve novas idéias e novas formas de pensar. O lugar tem a ver com algo que ninguém mais no mundo está fazendo: ajudar jovens a iniciar suas carreiras e dar a eles uma voz no mundo.


Tecnologia: Suporte ou Linguagem?

Eu acho que ela se torna parte da linguagem. Todos os artistas ao longo da história têm usado os materiais e os meios disponíveis em seu tempo para criar seus trabalhos.


Discutindo a Arte

Pessoalmente, eu odeio discussões e conversas sobre uma obra de arte. É mais importante vê-la e experienciá-la.

 A exposição VOOM Portraits fica em cartaz no Sesc Pinheiros de 12 de novembro a 1º de fevereiro de 2009