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Assuntos sensíveis e a necessidade da discussão

Pintura: Lorenna Lannes
Pintura: Lorenna Lannes

Danilo Santos de Miranda

Diretor do Sesc São Paulo

 

O suicídio é uma questão de saúde pública que traz implicações complexas e de diversas ordens: pessoal, ambiental, sociocultural, psicológica, emocional, entre outras. Ainda que não seja um tema de fácil discussão, há necessidade de abordá-lo, uma vez que esse fenômeno tem crescido no mundo e, no Brasil, não é diferente.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde1, são altos os índices de suicídio não só entre jovens, mas também entre pessoas com 60 anos ou mais, e os motivos para uma tentativa de morte autoprovocada costumam variar de acordo com a faixa etária.

Sendo assim, faz-se cada vez mais necessário abrir espaços de discussão para um assunto que precisa ser melhor compreendido. Deve-se ampliar a escuta, identificar os meios utilizados e investigar o perfil das pessoas segundo a idade.

Com relação aos idosos, especialistas da área indicam que o próprio processo de envelhecimento pode acentuar sentimentos de solidão, isolamento, vinculados a mudanças sociais e políticas, ageísmo, violências e depressão. Nesse sentido, profissionais da saúde e da rede de assistência, filhos, netos, vizinhos e cuidadores precisam ficar atentos.

A Revista Mais 60: estudos sobre envelhecimento, busca trazer à luz os assuntos por vezes nas sombras, estimulando reflexões com estudantes, profissionais e interessados na área do envelhecimento e longevidade.

E o Programa Trabalho Social com Idosos, por meio do eixo programático Sociedade e Cidadania, discute, presencialmente, temas da contemporaneidade por meio de seminários, mostras de filmes, bate-papos, rodas de conversas, palestras e ciclos de debate, com acolhimento e cuidado.

O Sesc entende que a arte auxilia, de maneira poética, o endereçamento de matérias sensíveis. Um trecho da letra da música “Um Homem Chamado Alfredo”, do poeta Vinícius de Moraes, em parceria com o compositor Toquinho, convida a uma reflexão que serve, aqui, de porta de entrada:

 

O meu vizinho do lado

Se matou de solidão

Ligou o gás, o coitado

Último gás do bujão

Porque ninguém o queria

Ninguém lhe dava atenção

Porque ninguém mais lhe abria

As portas do coração

Levou com ele seu louro

E um gato de estimação...

...eu sempre o cumprimentava

Porque parecia bom

Um homem por trás dos óculos

Como diria Drummond

Num velho papel de embrulho

Deixou um bilhete seu

Dizendo que se matava

De cansado de viver

Embaixo assinado Alfredo

Mas ninguém sabe de quê.

Boa leitura!