Postado em 15/04/2020
Danilo Santos de Miranda
Diretor do Sesc São Paulo
O suicídio é uma questão de saúde pública que traz implicações complexas e de diversas ordens: pessoal, ambiental, sociocultural, psicológica, emocional, entre outras. Ainda que não seja um tema de fácil discussão, há necessidade de abordá-lo, uma vez que esse fenômeno tem crescido no mundo e, no Brasil, não é diferente.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde1, são altos os índices de suicídio não só entre jovens, mas também entre pessoas com 60 anos ou mais, e os motivos para uma tentativa de morte autoprovocada costumam variar de acordo com a faixa etária.
Sendo assim, faz-se cada vez mais necessário abrir espaços de discussão para um assunto que precisa ser melhor compreendido. Deve-se ampliar a escuta, identificar os meios utilizados e investigar o perfil das pessoas segundo a idade.
Com relação aos idosos, especialistas da área indicam que o próprio processo de envelhecimento pode acentuar sentimentos de solidão, isolamento, vinculados a mudanças sociais e políticas, ageísmo, violências e depressão. Nesse sentido, profissionais da saúde e da rede de assistência, filhos, netos, vizinhos e cuidadores precisam ficar atentos.
A Revista Mais 60: estudos sobre envelhecimento, busca trazer à luz os assuntos por vezes nas sombras, estimulando reflexões com estudantes, profissionais e interessados na área do envelhecimento e longevidade.
E o Programa Trabalho Social com Idosos, por meio do eixo programático Sociedade e Cidadania, discute, presencialmente, temas da contemporaneidade por meio de seminários, mostras de filmes, bate-papos, rodas de conversas, palestras e ciclos de debate, com acolhimento e cuidado.
O Sesc entende que a arte auxilia, de maneira poética, o endereçamento de matérias sensíveis. Um trecho da letra da música “Um Homem Chamado Alfredo”, do poeta Vinícius de Moraes, em parceria com o compositor Toquinho, convida a uma reflexão que serve, aqui, de porta de entrada:
O meu vizinho do lado
Se matou de solidão
Ligou o gás, o coitado
Último gás do bujão
Porque ninguém o queria
Ninguém lhe dava atenção
Porque ninguém mais lhe abria
As portas do coração
Levou com ele seu louro
E um gato de estimação...
...eu sempre o cumprimentava
Porque parecia bom
Um homem por trás dos óculos
Como diria Drummond
Num velho papel de embrulho
Deixou um bilhete seu
Dizendo que se matava
De cansado de viver
Embaixo assinado Alfredo
Mas ninguém sabe de quê.
Boa leitura!