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Os 25 anos da Revista E: as diversidades conexões da cultura


Arte: José Junior Gonçalves. 
 

A passagem do tempo traz um desejo de reflexão sobre as experiências acumuladas e um movimento de retrospectiva, de reconhecimento de uma trajetória desde seu ponto de partida. Paradoxalmente, só é possível avaliar o passado a partir do presente, de forma que é também um momento de repactuar propósitos com o cenário que se apresenta. Faço um convite para refletirmos juntos sobre esses 25 anos de Revista E, que é veículo de comunicação do Sesc. Vale lembrar, o Sesc é uma instituição privada, com responsabilidades públicas, cuja missão se volta, prioritariamente, para a elevação da qualidade de vida dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes, por meio de ações educativas e socioculturais.

Comecemos pelo nome: a conjunção aditiva “e” que dá nome à publicação já inspira uma observação, porque expressa essa natureza de soma, de conexão. A vocação para a qual chamo atenção é a de constituir uma ponte entre a instituição e seus públicos, e entre estes e os conteúdos, promovendo um trabalho constante de mediação. Talvez seja esse o traço mais importante da instituição e de todos os meios de comunicação, incluindo o jornalismo de nossa Revista.

Assim como o jornalismo em geral, esse tipo de imprensa voltada aos ensaios, resenhas, estudos e reflexões sobre a cultura se estruturou com mais força no auge da industrialização, constituindo um referencial de temporalidade do cotidiano. Pode-se dizer que, como parte dos mecanismos de comunicação, trata-se de um meio para incitar a reflexão, debates e colaborar na formação de opiniões.

Há uma grande responsabilidade nesse sentido, porque esse efeito e suas repercussões – principalmente num momento em que a informação se propaga de maneira tão veloz e expansiva – dependerá muito de como essa abordagem será feita. Um jornalismo cultural imbuído de propósito precisa apresentar bem seu tema, contextualizá-lo, problematizá-lo, e oferecer diferentes possibilidades de interpretação e apropriação. Elaborado com esses cuidados, é capaz de contribuir para a formação de leitores mais interessados e críticos sobre sua própria condição no mundo, aptos para questionar a legitimidade das informações que recebem. Principalmente quando lembramos que o campo sociocultural é uma instância transversal, que está conectada às demais áreas do conhecimento. Quero ressaltar que a mídia deverá possuir, sempre, um caráter educativo, e ao reconhecer isso, pode lançar mão desse aspecto com intencionalidade, construindo um diálogo cada vez mais qualificado junto aos seus públicos.

Originalmente criada para organizar a divulgação da programação mensal do Sesc São Paulo, a Revista E foi ampliando seu conteúdo editorial ao longo dos anos, e cresceu em número de páginas e alcance de público. A consolidação da internet e das mídias digitais permitiram que outros suportes fossem pensados e disponibilizados. Além de espelhar as atividades ofertadas nos centros culturais e desportivos do Sesc, a disposição original para a mediação cultural levou a oferecer uma experiência em si, pensada com os mesmos elementos que constituem quaisquer ações da instituição. Isso significa dizer que, além de informar, é uma proposição que se dedica a ampliar repertórios, provocar o olhar, estimular apreciação estética e a pluralidade de ideias.

Voltando à peculiaridade do nome, a Revista E segue seu desígnio de conexão que a partícula “e” provoca em seu uso na linguagem, lembrando que a comunicação é uma forma de criar vínculos. Que venham muitos outros anos, com potencial para conectar leitores aos diversos modos de pensar, agir e ser que a vida oferece!

Danilo Santos de Miranda

Diretor do Sesc São Paulo

 

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