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O dever de envelhecer bem !
Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional do Sesc São Paulo
Nas últimas décadas, constata-se que o aumento da expectativa de vida provocou um crescimento na população de idosos no mundo. Tais mudanças demográficas provocam profundas transformações sociais e interferem diretamente na execução de políticas públicas, assim, estudos sobre o tema multiplicam-se e, consequentemente, propostas e modelos para um “bom envelhecer”.
Entretanto, ao examinar o que se produz sobre o tema, um primeiro olhar nos deixa a impressão de uma oscilação entre dois polos: se, por um lado, procura-se reforçar o envelhecimento como lugar de perdas e fragilidades, que exige tratamentos constantes, no outro extremo estabelece-se a “melhor idade” como sinônimo de um tempo de alegria plena pintando os idosos - esquecendo-se das particularidades - como sábios, equilibrados, receptivos e felizes.
Diante desse cenário, diariamente somos confrontados com produtos, terapias e saberes voltados para o “bom envelhecer” e receitas prontas para uma velhice saudável e feliz, que misturam referências tal qual mercadorias que podem ser escolhidas em uma vitrine.
Deterministas, tais modelos ainda apontam acusadoramente para aqueles que não os seguem, resultando na culpabilização dos indivíduos. Àqueles que não optaram por boas escolhas, resta toda sorte de infelicidades na velhice.
Mas, afinal o que vem a ser a “boa velhice” ou o “envelhecer bem”? Por que o termo “velho” ainda encontra resistências nos discursos e se cria uma série de eufemismos com objetivo de afastar o “lado sombrio” da velhice?
Promover ações e reflexões que propiciem debates sobre o que significa envelhecer, ser velho e, principalmente, viver como velho faz-se necessário e urgente. Refletir sobre envelhecimento e longevidade faz parte das diretrizes do Programa Trabalho Social com Idosos, do Sesc São Paulo, com intuito de manter diálogo contínuo com seu público prioritário, mas também convidando para essa interlocução outras faixas etárias, com o objetivo de estimular as discussões sobre a velhice e o processo de envelhecimento.