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Velhice: entre destino e história
Denise Bernuzzi de Sant’Anna (1)
Resumo
Este artigo procura mostrar que, ao longo do tempo, a velhice vem sofrendo modificações em diversos aspectos. O que se entende por velhice varia de acordo com épocas e culturas. Mas, no geral, ao lado das possíveis qualidades, surgem logo os problemas, ou seja, a ideia das perdas permanece forte, pois a lista dessas perdas é grande e variada. Porém, na época contemporânea, as idades e o envelhecimento passaram a definir e classificar as pessoas: a invenção da terceira idade e a emergência da gerontologia mostram quanto o envelhecimento se transformou em tema social e político de grande relevância. E chegamos, assim, ao dever de envelhecer bem! Parece que “envelhecer bem” migrou do terreno das expectativas para o dos deveres incontestáveis. Certos autores falam inclusive na “tirania do envelhecer bem”, o que traz à velhice a experiência de uma nova angústia. Entretanto é possível conceber o envelhecimento como um acontecimento marcado por fatos que parecem cumprir um destino comum a todos os seres vivos, mas, ao mesmo tempo, aberto ao conhecimento de novas experiências. Há então duas possibilidades: envelhecer bem pode ser uma ordem, um dever, mas pode também ser uma conquista merecida, após os esforços ao longo da vida na luta pela sobrevivência.
Palavras-chave: perdas; envelhecer bem; alegria de viver; qualidade de vida; corpo velho.
Abstract
This article aims at showing that, as time goes by, the aging process has been going through changes in many aspects. What is understood by getting old changes according to the periods of time and cultures. But, in general, beside the possible qualities, soon after come the problems, that is, the losses idea remains strong, since the list of these losses is long and diversified. Although, in the contemporary era, the ages and the aging process start defining and classifying people: the invention of the third age and the gerontology emergency show how much getting old has become a social and political relevant subject. And then we get to the duty of aging in a healthy way! It seems that “getting old healthfully” has gone from the expectation level to the undeniable obligation one. Some authors mention, by the way, the “getting old healthfully tyranny”, which brings to the old age the experience of new misery. However it is possible to conceive the aging process as a happening marked by facts that seem to fulfill common destiny of all living beings, but, at the same time, open to the discovery of new experiences. There are, then, two possibilities: getting old can be an order, a must, but it can also be a reward, after the efforts of a lifetime struggling for survival.
Keywords: losses; getting old healthfully; joy of living; life quality; old body.
(1) Professora livre-docente de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. emial: dbsat@uol.com.br