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postado em 19/07/2021

De Sol a Sol

De Sol a Sol | Pintura da capa: Cínthia Camargo
De Sol a Sol | Pintura da capa: Cínthia Camargo

Toninho Ferragutti retoma a exitosa fórmula de misturar seu acordeon com um quinteto de cordas. Com esta marca, "De Sol a Sol" chega nesta quarta (21/7) aos principais players de streaming e gratuitamente no Sesc Digital. Confira abaixo o texto que a jornalista e musicóloga Maria Luiza Kfouri, que há anos comanda o Discos do Brasil, preparou para este lançamento.

Trulli
Da esq. para dir. Adriana Holtz (cello), Liliana Chiriac (violino), Toninho Ferragutti (acordeon), Zé Alexandre de Carvalho (contrabaixo), Adriana Schincariol (viola) e Luiz Amato (violino) | Foto: Tarita de Souza

      


 

"Existem muitas maneiras de fazer música. Eu prefiro todas."

Dita por Gilberto Gil, ainda na década de 60 do século passado, esta frase cai como uma luva em Toninho Ferragutti.

Em mais de 35 anos de carreira ele tem desenvolvido, sempre com seu acordeon, inúmeras maneiras de composição e reunido diferentes formações instrumentais para acompanhá-lo em seus trabalhos.

Seja forró ou samba ou balada ou jazz ou música de câmara, Toninho transita sempre muito à vontade por todos os estilos, ao mesmo tempo em que tem uma marca forte e absolutamente pessoal fazendo com que, mesmo a quilômetros de distância, o ouvinte saiba que é ele quem está tocando.

Em 2006, no disco Nem Sol Nem Lua, Toninho gravou pela primeira vez com um quinteto de cordas: dois violinos, viola de arco, violoncelo e contrabaixo. Seis anos depois, em O Sorriso da Manu, acrescentou piano e percussão a este quinteto. São discos marcantes na história da música instrumental brasileira pela excelência das composições, dos arranjos e dos músicos que neles estão. Trabalhos que uniram o acordeon, um dos instrumentos mais populares do Brasil, a uma formação tradicional da música erudita mundial – o quarteto de cordas – acrescida do contrabaixo que, entre outras virtudes, é responsável pelo molho fundamental à música brasileira.

Estes dois discos deixaram em Toninho um gosto de quero mais.

No entanto, inquieto como é comum aos grandes artistas, queria mais do que adaptar ou transcrever suas composições para acordeon e quinteto de cordas; projetava compor especialmente, com o pensamento voltado para o resultado sonoro, para os timbres que esta formação pode proporcionar. E mais, escrever as composições e contribuir para a sistematização do ensino do acordeon, não fosse ele também professor.

Assim ele queria. Assim ele fez. E o resultado está aqui.

São 12 faixas de puro desfrute musical. Choros, valsas, forró... em que acordeon e quinteto dividem o protagonismo, exatamente porque as músicas foram criadas especialmente para os seis instrumentos. E aqui, um não pequeno detalhe: depois de muito pesquisar pelas internetes da vida e de consultar autoridades, como o também acordeonista Adriano Persch e o maestro Nelson Ayres, posso afirmar que se trata de um trabalho inédito pelo menos no Brasil: música composta para acordeon e quinteto de
cordas.

Nesta bem-aventurada tarefa estão com Toninho cinco dos melhores músicos que enriquecem as orquestras de São Paulo, em arranjos de Adail Fernandes, Alexandre Mihanovich, Nailor Azevedo Proveta, Rafael Piccolotto, Tiago Costa e do próprio Toninho (num divertissement delicioso chamado Reloginho), executados com maestria sob a codireção musical de Toninho e Luca Raele.

Acompanhei na medida do possível a gestação destas composições, o trabalho árduo e a angústia de seu criador até que ficasse satisfeito com o resultado. Posso dizer que o título do disco é absolutamente fiel a todo esse longo processo.

 

Maria Luiza Kfouri é jornalista e Musicóloga
Fevereiro 2020

 

      


 

Ouça "De Sol a Sol" a partir de 21 de julho de 2021 nas plataformas de streaming ou no Sesc Digital