Mutações: o novo espírito utópico
Organizado pelo filósofo Adauto Novaes, livro reúne artigos de 21 autores brasileiros e estrangeiros que discutem o tema da utopia diante das revoluções tecnocientífica e biotecnológica
Inspirada no clássico Utopia, de Thomas Morus, que completou quinhentos anos em 2016, O novo espírito utópico, nono livro da série mutações, propõe uma reflexão sobre as perspectivas criadas pelas revoluções tecnocientífica e biotecnológica, a partir do entendimento do conceito de utopia desenvolvido ao longo dos séculos. Organizado pelo filósofo Adauto Novaes, o livro reúne artigos de 21 autores brasileiros e estrangeiros que discutem o tema da utopia diante importantes questões contemporâneas.
Entre as perspectivas abordadas pelos 21 ensaístas estão a relação entre mutações e utopia, o futuro com o advento pós-humanista, a crítica do presente, a recusa aos conceitos de utopia, o mito da sociedade reconciliada, a construção de novos laços entre utopia e política, o mundo contemporâneo dominado pela racionalidade técnica e a atividade de pensar convertida em utopia.
O artigo de abertura, “Onze notas sobre O novo espírito utópico”, de Adauto Novaes, oferece um amplo panorama das reflexões e discussões existentes na obra. Ao explicar as razões que o levaram à concepção do tema, Adauto nos apresenta duas importantes questões: se é próprio da utopia pensar o social em toda a sua amplitude, como imaginá-la em um mundo no qual predomina o individualismo exacerbado? Como pensar a utopia quando vemos o predomínio de nova forma de determinismo expresso no controle e no autocontrole, através dos novos meios eletrônicos que impedem o individuo de desenvolver sua singularidade?
O texto de Adauto abre caminho para o ensaio “As três utopias da modernidade”, de Francis Wolff, e então a obra segue com o capítulo “A utopia do pensamento”, em que Pedro Duarte defende que o século XX transformou o progresso numa ideologia que serviu de justificativa para atrocidades éticas das quais as guerras foram o exemplo extremo, mas não único. Já o pensador francês especializado em filosofia política Miguel Abensour examina o conceito de ‘conversão utópica’ à luz dos ensaios de Walter Benjamin, Emmanuel Lévinas e Ernst Bloch.
Franklin Leopoldo e Silva, por sua vez, afirma que a relação entre história e utopia passa pelas possibilidades e fronteiras reflexivas, sobretudo se elas forem tomadas não somente como práticas especulativas, mas também como práticas ativas, ou seja, balizadas pelas lutas libertárias. Seu artigo é seguido pelo ensaio de David Lapoujade, “Por uma utopia não utópica?”, no qual sugere que a utopia não consiste mais em sonhar com um futuro melhor num espaço ideal, mas em reapropriar-se do presente, que é ao mesmo tempo a única coisa que possuímos e aquilo de que somos sempre desapossados.
Os demais capítulos aprofundam a reflexão sobre diversos aspectos que envolvem política, psicanálise, sexualidade e outros temas: “Hans Jonas: uma ética para a civilização tecnológica”, de Oswaldo Giacoia Junior; “A traição da opulência ou o colapso da utopia econômica”, de Jean-Pierre Dupuy; “Utopia: do espaço ao tempo”, de Marcelo Jasmin; “Utopia e ponto de fuga: fronteira e espaço sideral”, de Olgária Matos; “Formas estéticas do discurso autoritário”, de Jorge Coli; “A utopia da cura em psicanálise”, de Maria Rita Kehl; “Meios e fins”, de Marcelo Coelho; “A utopia contemporânea dos corpos”, de Frédéric Gros; “A sexualidade como utopia”, de Pascal Dibie; “Viver sem esperança é viver sem medo ou contra a utopia”, de Vladimir Safatle; “Utopia e negatividade: modos de reinscrição do irreal”, de Renato Lessa; “O pós-humano: rumo à imortalidade?”, de Jean-Michel Besnier; “Utopia e regeneração: a fênix, a aranha e a salamandra”, de Catherine Malabou; “Projeto e destino: de volta à arena pública”, de Guilherme Wisnik; “Ladrões da utopia: uma crítica tardia do entretenimento que serviu de linguagem a um sonho de esquerda”, de Eugênio Bucci; e “Pensamento e utopia: breves anotações militantes sobre a universidade”, de João Carlos Salles.
Sobre o Ciclo Mutações 2016: Entre dois mundos
Concebido e organizado pelo filósofo Adauto Novaes, o ciclo de conferências deste ano propõe uma discussão sobre os diversos temas e conceitos discutidos ao longo dos trinta anos de existência do Ciclo Mutações, tais como as paixões, o desejo, a ética, a utopia, a política, dentre outros, com o objetivo de apresentar desdobramentos e atualizações desses debates e explicitar como essas diferentes dimensões do pensamento se articulam com o conceito amplo de Mutações.
As palestras contam com participação dos conferencistas Antonio Cicero, David Lapoujade, Eugênio Bucci, Francis Wolff, Franklin Leopoldo e Silva, Frédéric Gros, Guilherme Wisnik, Jean-Michel Besnier, Jean-Pierre Dupuy, João Carlos Salles, Jorge Coli, José Miguel Wisnik, Luís Alberto Oliveira, Marcelo Coelho, Marcelo Jasmin, Maria Rita Kehl, Marilena Chauí, Newton Bignotto, Olgária Matos, Oswaldo Giacoia Junior, Pascal Dibie, Pedro Duarte, Renato Lessa e Vladimir Safatle.
Saiba como participar do Ciclo deste ano na E-online.
Serviços:
o que: |
:: 19h30 | Abertura do Ciclo Mutações 2016: Entre dois mundos – 30 anos de experiência do pensamento. Palestra de abertura: “A amizade” com Francis Wolff. :: 21h | Lançamento do livro Mutações: o novo espírito utópico |
onde: |
*Sesc Vila Mariana - Teatro | Rua Pelotas, 141 - São Paulo / SP |
quando: |
31 de agosto de 2016, quarta-feira As palestras do Ciclo Mutações 2016 seguem até 04 de novembro |
quanto: |
Valores por palestra: de R$ 6,00 a R$ 20,00 Inscrições pelo Portal Sesc SP ou nas unidades do Sesc São Paulo |
Veja também:
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