Sesc SP

postado em 12/06/2023

Política cultural: fundamentos

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Livro apresenta estratégias e experiências promissoras para que gestores e pesquisadores encontrem ferramentas úteis para a realização de projetos culturais

Por Isaura Botelho*

 

Nesta obra preciosa, Bernardo Mata-Machado sistematiza seus anos como gestor e sua experiência como ator e estudioso das políticas culturais, com seu back ground de historiador e cientista político, com abrangência pouco vista. Leitores interessados pelo tema da cultura e das políticas culturais terão a oportunidade de se defrontar não apenas com um vasto leque de temas, como verão ricas análises de fatos que constituíram a história das políticas culturais no Brasil.

Mesmo que o autor se proponha a fazer uma obra que sirva para “orientar a gestão pública” e como “livro-texto para cursos de graduação e pós-graduação nessa área”, acredito que ela se tornará uma referência para um público interessado mais amplo, num país em que a bibliografia em políticas culturais ainda está aquém do necessário.

Como a questão das culturas, em tempos em que o paradigma da democracia cultural vai ganhando terreno, vem adquirindo protagonismo, novos desafios surgem, exigindo maior preparo da parte dos gestores. Em 2022, comemoramos os quarenta anos da declaração sobre as políticas culturais da conferência internacional da Unesco no México, que revolucionou as políticas culturais de seus países associados, preparando o caminho para essa era de democracia cultural. Inúmeros desafios se colocaram: reconhecer que cultura e público são elementos plurais, e não mais singulares, e com isso admitir a existência de grupos até então marginalizados das decisões de políticas culturais.

O advento da Lei Aldir Blanc e sua aplicação mostrou-nos que os avanços exigidos pela definição abrangente de cultura adotada a partir de 1982 pela Unesco não alcançou grande parte dos gestores culturais municipais no país, que não conseguiam “reconhecer” a cultura em seus territórios, uma vez que tinham a cultura erudita como paradigma único e não conseguiam “enxergar” a riqueza das manifestações tradicionais de diferentes grupos em seus territórios.

Avanços importantes aconteceram no plano das ideias; não nos esqueçamos de Aloísio Magalhães (em 1982) e de Gilberto Gil (no período de 2003 a 2008), mas infelizmente a liderança desses dois singulares ministros não foi suficiente para alterar os velhos preconceitos elitistas. A aplicação da Lei Aldir Blanc revelou o cenário da gestão cultural no país, apontando para a importância e a necessidade imperativa de formação de quadros em nível nacional.

Este livro vem responder enfaticamente a essa carência. O autor reconhece que, para enfrentar esses desafios, há que se ter uma revisão do arcabouço conceitual, além da criação de ferramentas para a gestão cotidiana das políticas.

O que me cabe ressaltar aqui é a relevância e a excelência deste livro: o autor foi imensamente feliz em realizar sua proposta de contribuir para a formação e para a prática cotidiana de gestores e de agentes culturais.

 

*Isaura Botelho, doutora em Ação Cultural, atuou no Ministério da Cultura entre 2003 e 2005. Consultora de cursos na área de gestão cultural e autora, entre outros, de Dimensões da cultura (Edições Sesc). Este texto foi originalmente publicado na orelha do livro.


 


Trecho do livro

 

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