Sesc SP

postado em 21/03/2023

Povos indígenas entre olhares

povos-indigenas-entre-olhares-dest

      


Coedição com a Editora Unifesp oferece um panorama da condição dos povos indígenas no Brasil atual e das relações históricas entre indígenas e não indígenas no país e no continente

O lançamento acontece no dia 27 de abril no Sesc Pompeia*

 

A Constituição de 1988 é considerada um marco na relação entre os povos indígenas e o Estado brasileiro porque reconhece, ao mesmo tempo, os direitos dos indígenas como cidadãos do Brasil e os direitos específicos das centenas de povos originários. Isso significa que, após séculos de tentativas de tutela, incorporação ou simples extermínio desses povos, o Estado brasileiro reconheceu plenos direitos de cidadania aos indígenas que vivem em território nacional sem com isso recusar-lhes o direito de produzir e reproduzir suas condições materiais e simbólicas – mais que isso, assumiu a obrigação de assegurar meios para tanto.

Desde então, viu-se um florescimento da formulação da implementação de políticas públicas, da produção acadêmica e da difusão pedagógica relacionadas aos povos indígenas no Brasil. O presente volume é uma amostra desse processo de reconhecimento e valorização da diferença no território brasileiro. Originado do curso de extensão universitária “Povos Indígenas entre Olhares”, organizado pela primeira vez pela Unifesp ‒ Universidade Federal de São Paulo em 2016, este livro reúne treze artigos de grande interesse para professores, pesquisadores e interessados na temática. Os leitores farão grande proveito deste panorama da condição dos povos indígenas no Brasil atual e das relações históricas entre indígenas e não indígenas no país e no continente.

 


Trecho do livro

 

Em todos os textos, evidencia-se o valor da alteridade, tão necessária para a construção de relações entre diferentes culturas. Temas como representações historiográficas, arte indígena, políticas públicas de saúde e educação indígenas e as relações entre populações ameríndias e o Estado de inspiração ocidental são abordados por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. O livro traz, ainda, contribuições de dois educadores e pesquisadores indígenas vindos de contextos variados: um de uma aldeia Guarani encravada na maior cidade da América do Sul; outro, proveniente da ampla terra indígena dos Paiter Suruí, margeada pela fronteira do agronegócio em Rondônia. Essas contribuições são apenas uma amostra dos frutos originados na Cátedra Kaapora, criada pela Unifesp para promover o diálogo simétrico entre saberes acadêmicos e saberes contra-hegemônicos.

Após três décadas de avanços – não sem percalços ou impasses, como diversos capítulos deste livro demonstram – nas políticas de Estado e nas iniciativas da sociedade civil, a luta dos povos indígenas passou a enfrentar crescente hostilidade no Brasil, inclusive, em certos momentos, por dirigentes de órgãos que deveriam trabalhar a seu favor. Publicada em um momento de passagem que amplia o horizonte de possibilidades para as causas indígenas, esta obra, portanto, é bastante oportuna ao fazer um balanço do que se construiu até aqui, apesar das dificuldades enfrentadas nesse percurso e dos desafios que se impõem.

 

Este texto foi originalmente publicado na orelha do livro.

 

 

*Serviços
Lançamento do livro Povos indígenas entre olhares
Mesa de bate-papo seguida de sessão de autógrafos com os organizadores André Machado, Valéria Macedo e convidados.
Dia 27/4. Quinta, 19h.
Sesc Pompeia

Produtos relacionados