Sesc SP

postado em 06/02/2023

A história cultural do país

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Em Políticas culturais: diálogos possíveis, autor analisa experiências de implantação e desenvolvimento de políticas e gestões culturais públicas, em tempos e lugares diversos, fornecendo dispositivos para repensar o atual cenário brasileiro

 

Questões como gestão cultural, financiamento e fomento à cultura, planos culturais, importância das universidades e desafios e dilemas no âmbito cultural são analisados na coletânea Políticas culturais: diálogos possíveis, obra que reúne uma síntese das reflexões de Antônio Albino Canelas Rubim, professor e pesquisador da Universidade Federal da Bahia (UFBA), delineando um panorama que conecta o passado e o presente da história cultural do país. 

 

Nos ensaios, o autor analisa experiências de implantação e desenvolvimento de políticas e gestões culturais públicas, em tempos e lugares diversos, fornecendo dispositivos para repensar o atual cenário brasileiro. Entre essas experiências, destacam-se as ações do Ministério da Cultura (MinC) na gestão de Gilberto Gil (2003-2008) e a experiência de Rubim como secretário de Cultura do Estado da Bahia (2011-2014). Um dos principais focos do professor é observar como a riqueza e a diversidade cultural do Brasil contrastam com a recente desatenção e ausência de investimentos em ações efetivas e permanentes por parte do poder público. 

 

Gilberto Gil no Ministério da Cultura


O então ministro da Cultura e o ex-secretário geral da ONU e Nobel da Paz, Kofi Annan, em 2003 | youtube.com/institutolula

 

A passagem de Gilberto Gil pelo MinC, com políticas de cultura que foram desdobradas em uma série de programas e ações, estabeleceu uma agenda de pesquisa que vem sendo intensamente visitada por estudiosos brasileiros e estrangeiros. Questões relativas à organização institucional do campo cultural, com destaque para o sistema e o plano nacionais de cultura; a relação entre cultura e desenvolvimento; os aspectos socioeconômicos da cultura; e as políticas específicas para as artes são alguns dos temas que mereceram atenção de estudiosos da área e estão presentes na coletânea de artigos do pesquisador. 

 

O livro se divide em quatro partes. Na primeira, “Estudos históricos, teóricos e conceituais”, o autor indica os desafios atuais das políticas culturais, com atenção à dinâmica da cultura e aos conceitos e às políticas culturais na América Latina, propondo que a cultura seja vista sob uma perspectiva atualizada das políticas culturais. Em seguida, apresenta alguns “Estudos temáticos” sobre a Revolução Russa e a possível criação de políticas culturais, sobre a cultura viva na Ibero-Latino-América e sobre universidades, políticas culturais e planos de cultura. A terceira parte da obra, “Estudos sobre estado, cultura e financiamento”, se aprofunda nas relações entre Estado e cultura e em teses sobre financiamento e fomento à cultura. A última seção traz “Estudos sobre gestão cultural”, com os desafios e dilemas da gestão cultural e reflexões sobre a experiência de Albino como gestor cultural na Bahia. 

 

A cultura vem do coletivo

Antônio Albino Canelas Rubim | Foto: Linda Rubim

 

Um fio que perpassa todos esses temas é a concepção de cultura como um terreno essencialmente coletivo e participativo, que transforma diretamente as dinâmicas socioculturais de seu tempo, como assinala em seu texto de apresentação o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda. Já no prefácio, Isaura Botelho, nome de referência nos estudos culturais, repassa a carreira acadêmica e institucional de Albino, em especial sua atuação na UFBA, onde foi, por três vezes, diretor da Faculdade de Comunicação, na qual criou a graduação em Produção em Comunicação e Cultura, além de ter capitaneado a implantação do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos e do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult). 

Ao delimitar as responsabilidades do Estado e, ao mesmo tempo, reunir ideias, exemplos e esforços bem-sucedidos, que acabam por inspirar perspectivas promissoras para o futuro da cultura no país, o autor faz uma valiosa contribuição para a consolidação de uma política de gestão cultural que vá além dos governos da vez e se estruture como política de estado.

 


Trecho do livro

 

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