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postado em 02/02/2023

(E)feito óptico

Despaisagem retícula corluz, 1986. Têmpera dâmar sobre tela.
Despaisagem retícula corluz, 1986. Têmpera dâmar sobre tela.

      


No livro Fiaminghi: corluz, uma seleção de obras realizadas entre os anos 1950 e 1990 apresentam um panorama da produção pictórica de um dos pioneiros do concretismo e do design visual brasileiro

 

Pioneiro nos campos do concretismo e do design visual e autor de uma obra multifacetada e vibrante, Hermelindo Fiaminghi (1920 – 2004) ocupou lugar de destaque nas artes plásticas, com uma trajetória marcada por movimentos singulares na interação com o Grupo Concreto Paulista, do qual fez parte. No livro Fiaminghi: corluz, M. A. Amaral Rezende perpassa aspectos biográficos de Fiaminghi por meio de artigos, entrevistas e depoimentos e faz uma análise da obra do artista a partir da seleção de exemplares paradigmáticos dos diferentes momentos de sua produção pictórica, com foco no período entre os anos 1950 e 1990.

A pintura de Fiaminghi tem por base o ofício de litógrafo, desempenhado em uma das maiores gráficas de São Paulo. Sempre às voltas com os segredos da cor, o artista rompeu com a arte concreta na década de 60 para estudar a noção de Corluz como uma espécie de guia para suas investigações plásticas.

Iniciada no final dos anos 1950, sua pesquisa sobre a técnica “corluz” de pintura partiu de suas intuições artísticas e acabou por se tornar a questão central de sua obra. A “corluz” corresponde à transição para uma linguagem que se reposiciona na construção concreta da pictorialidade, a partir da sobreposição de cores e da transparência. 

 


Da direita para a esquerda: Composição vertical I, 1953. Óleo sobre tela; Elevação vertical com movimento horizontal, 1955. Esmalte sobre madeira; Long Play, 1956. Tinta esmalte sobre eucatex.  

 

Essas novas diretrizes indicaram a passagem da cor chapada, alcançada com materiais industriais, para a cor artesanal, construída à têmpera. Esse processo confere à produção de Fiaminghi uma poética única, o que indica a peculiaridade de sua produção dentro do movimento concretista. Ela permitiu ao artista convergir a sensualidade – e a artesania – da cor lírica com a objetividade da cor signo visual, numa solução construtiva e poética.

Mais que um percurso biográfico, o livro pretende revelar e analisar a obra de Fiaminghi com ênfase em sua produção mais significante e original, a técnica “corluz”, apresentando também suas origens, passando pela arte concreta dos anos 1950 e a difícil metamorfose dos anos 1970. 

Para alguns, visitar a obra deste artista será uma surpreendente descoberta; para outros, uma imersão na história da cor na arte brasileira. Além de estimular jovens artistas, o livro proporciona um novo olhar sobre o concretismo a partir de um de seus maiores protagonistas e, também, faz um convite a todas as pessoas a vivenciar uma experiência ímpar de fruição estética de seu trabalho artístico.

 


Trecho do livro

 

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