Sesc SP

postado em 20/01/2023

Lições para as novas gerações

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Manifesto pela educação midiática, de David Buckingham, trata do empoderamento para o uso das mídias digitais a partir de um letramento social, político, econômico e cultural

 

A influência das novas tecnologias de comunicação na formação de crianças e jovens é uma realidade que não pode ser ignorada. Nesse cenário, a educação para as mídias digitais enfrenta o desafio de promover programas de ensino mais sistemáticos e abrangentes nas escolas. O professor David Buckingham, respeitado mundialmente como um dos maiores especialistas no tema, expõe como profissionais da educação formal e não formal podem unir prática e reflexão no uso das mídias para a formação das novas gerações no livro Manifesto pela educação midiática, tradução que chega ao Brasil pelas mãos das Edições Sesc São Paulo.


Lançando na Inglaterra em 2019, o livro se tornou uma referência para a reflexão sobre o papel da educação midiática diante do poder exercido pelo capitalismo digital, representado por grupos de mídia globais que dominam a produção e a circulação de conteúdos, não necessariamente verdadeiros ou de qualidade comprovada. São questões relacionadas à saturação causada pelo excesso de informações, ao impacto das mídias na saúde psicossocial, à criação e distribuição de fake news, ao aumento de movimentos dedicados ao cyberbulling e aos discursos de ódio.


Organizada em nove capítulos, a obra qualifica o letramento midiático como um direito à cidadania individual, garantidor da liberdade e da democracia. David Buckingham afirma que “os algoritmos de modo algum são neutros, automaticamente objetivos ou verdadeiros”. Imaginá-los como tal nos leva a uma percepção fragilizada do que se poderia considerar como riscos e benefícios do uso das mídias digitais. No entanto, não há alfabetização possível sem o empoderamento dos sujeitos para o uso dessas mídias a partir de um “entendimento social, político, econômico e cultural”.

 


Trecho do livro

 

As mídias digitais se tornaram uma necessidade básica da vida moderna, presente em diferentes esferas, como a política e a vida social. Para o autor, é preciso estabelecer uma educação propositiva, visando o futuro e o desenvolvimento crítico de alunos e professores sobre as formas de lidar com as mídias e não somente interagir com elas. Trata-se muito mais de falar sobre cultura e comunicação do que sobre os meios digitais propriamente ditos, isto é, como a mídia funciona, comunica e representa o mundo, além de como produz e utiliza os conteúdos.

Assim, a educação pode desempenhar um papel ativo na formação midiática de crianças e jovens, mas precisa integrar uma estratégia mais ampla, cujo desafios do novo ambiente midiático exigem mais que soluções individualistas. Afinal, a educação não deve se limitar a nos dar condições de entender e de lidar com o que já existe. Também deve nos incentivar a explorar alternativas e a exigir mudanças.

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