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Sob o signo da criatividade

A estiagem e o consequente esvaziamento dos reservatórios foram, ao lado da Operação Lava Jato, um dos assuntos mais comentados nos últimos meses. Especialmente porque, desta vez, até a maior cidade do país amarga as agruras representadas pela falta de água. A capital paulista e os municípios da Região Metropolitana estão sofrendo com a crise hídrica, uma situação impensável em outros tempos já que a seca não fazia parte da rotina na região. Todos os brasileiros, se ainda não conheciam, passaram a se dar conta da existência do Cantareira, sistema administrado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), destinado à captação e ao tratamento de água para aquele colossal aglomerado urbano que quase sumiu.

Com as recentes chuvas, esse reservatório gigante, um dos maiores do mundo e que, normalmente, trata 33 mil litros de água por segundo, recuperou uma pequena parte do que havia perdido, mas ainda está longe do nível considerado ideal. Diante do que tem sentido na carne, visto e ouvido, a população vem procurando, a seu modo, assim como algumas empresas, agir para evitar o pior. Crescem os exemplos, notadamente em São Paulo, de moradores que investem em soluções alternativas como formas de contornar o grave problema, conforme mostra a reportagem de capa desta edição, “O Sudeste em Estado de Alerta”.

A criatividade, como no caso da crise da água, costuma render bons resultados para a coletividade; todavia, também se identifica com negócios, qualidade que pode ser encontrada basicamente em todos os ramos da atividade humana. A televisão brasileira é criativa? A resposta é dada pelo sucesso que ela faz no exterior (“O Brasil nas Telinhas do Mundo”), seja mediante a venda de programas seja pela simples sintonia dos canais internacionais. As grandes redes nacionais olham com atenção para esse mercado; entretanto – não é novidade para ninguém –, o telespectador estrangeiro está mesmo interessado em nossas novelas. “Avenida Brasil”, da Rede Globo, que passou aqui de 26 de março a 19 de outubro de 2012, teria sido negociada com mais de uma centena de países até o ano passado, na realidade, um caminho já trilhado por uma infinidade de outras séries produzidas localmente.

O brasileiro tem imaginação de sobra, mas nem sempre se preocupa em proteger suas criações, esquecendo-se de que não basta inventar, é preciso requerer a patente: “Não Faça como Santos Dumont”. O Pai da Aviação inventou o avião e é venerado por isso no Brasil, mas o reconhecimento mundial caiu no colo de outros. Dumont, simplesmente, deixou de registrar sua descoberta.

Boa leitura!

Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo 
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac