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Ser velho!
Em que momento a juventude tornou-se um valor? Em que momento a experiência que servia de esteio para transmissão de modos de vida e de organização social passou a ser desconsiderada? Alguns especialistas apontam para o final do século XIX, quando o processo de industrialização acarretou transformações políticas, econômicas e sociais. Enquanto outros apontam para meados do século XX, após a segunda guerra mundial, quando o mundo conheceu novas formas de comunicação e se transformou em uma “aldeia global” envolvida por mudanças na constituição da família e nos relacionamentos.
O distanciamento social entre jovens e velhos é um fenômeno da contemporaneidade, provocado por uma sociedade que estabelece uma série de espaços exclusivos para atender as diferentes faixas etárias, como a escola, os escritórios, os asilos e, também, os espaços destinados ao lazer. Não à toa, a falta de convívio resulta no desconhecimento entre as pessoas, o que pode vir a gerar preconceitos.
Percebem-se atitudes sociais em relação à velhice predominantemente negativas, resultantes de falsas crenças a respeito da capacidade dos velhos em relação ao trabalho, ao aprendizado e à adaptação a novas situações. Os estereótipos levam à discriminação e, por sua vez, afetam a qualidade de vida e o bem estar de quem se encontra em situação de exclusão.
Não surpreende que o imaginário social exponha o preconceito entre gerações, conferindo aos jovens qualidades associadas à força e à agilidade e, aos velhos, atributos como carências, fragilidade e passividade.
Desde a década de 1960, quando o Sesc São Paulo passou a atuar junto à população idosa, possibilitando a sociabilização e o acesso a bens culturais, o objetivo do Trabalho Social com Idosos tem sido acolher essa parcela da população. Ao mesmo tempo, tem chamado a atenção da sociedade para a importância de perceber o idoso como sujeito social. Experiências relevantes como essas podem transformar as perspectivas e expectativas traçadas socialmente para os velhos.
Por isso, o sentido de um bom envelhecer deve estar aliado a valores como pertencimento e sociabilidade, uma via para combater preconceitos que interferem ou anulam as possibilidades dos idosos de aprimorar a aprendizagem e desenvolver novas habilidades.
Danilo Santos de Miranda, Diretor Regional do Sesc em São Paulo.